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Cidades/Geral
Terça - 19 de Outubro de 2004 às 07:03
Por: Alecy Alves

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Pouco mais de 5 mil cartões do programa Bolsa Família abarrotam diversas gavetas de um armário no posto de atendimento da Caixa Econômica Federal no Centro de Cidadania “Ganha-Tempo”, em Cuiabá. Desse total, cerca de 2,5 mil estão lá desde 2003 à espera dos beneficiários do maior programa de distribuição de renda do governo federal. Somente durante a greve dos bancários, que em Mato Grosso durou 24 dias, chegaram 1,1 mil novos cartões.

Mas enquanto milhares de famílias continuam sem acesso ao benefício porque não foram informadas que poderiam retirar o cartão, outras centenas vão quase que diariamente ao posto da Caixa, peregrinam por órgãos públicos, fazem apelos e até corrente de oração na esperança de serem beneficiadas.

No último domingo, o “Fantástico”, da Rede Globo, mostrou distorções desse programa em três municípios de Mato Grosso, Maranhão e Paraná. No Estado, Cáceres (210 quilômetros de Cuiabá) apareceu com duas situações irregulares: o caso da avó que cadastrou os dois netos e não recebia e do empresário (dono de hotel) que conseguiu um cartão para o filho.

espera, a dona de casa Késia Damásio da Silva, de 28 anos, dois filhos, moradora do bairro Planalto, comemorou a retirada do cartão e o recebimento de duas parcelas (R$ 130) do Bolsa Família.

Késia disse que perdeu as contas de quantas vezes esteve no posto da Caixa para ver se o cartão havia chegado. “Às vezes eu emprestava passe de ônibus da vizinha ou de minha irmã. Teve um dia em que voltei a pé”, relembrou ela, enquanto fazia planos de como gastar o dinheiro. A família dela vive com tantas dificuldades que a comunidade da igreja que freqüenta fez corrente de oração implorando a Deus pelo benefício - marido de Késia é pedreiro e está desempregado.

Késia também reclamou do serviço telefônico do 0800-574-0101, pelo qual se obteria informações sobre o programa. “Passei um mês inteiro tentando ligar quase todos os dias e só dava sinal de ocupado”, protestou a dona de casa.

Desempregado há mais de ano, o operador de secadora de grãos Edvanaldo Evangelista Elói, de 35 anos, deixou o posto da Caixa triste e irritado ontem porque, mais uma vez, não recebeu o cartão do Bolsa Família. Ele diz que fez o cadastro há cerca de dois anos e até hoje espera uma resposta. Casado, dois filhos, Elói contou que a única renda da casa dele vem do emprego da mulher e não chega a um salário mínimo e meio.

O superintendente da Caixa em Mato Grosso, Edy Veggi, informou que a partir de amanhã até o dia 29 a agência Paiaguás (da rua Barão de Melgaço) vai abrir as portas duas horas antes, às 9 horas, exclusivamente para entregar cartões do Bolsa Família. Conforme Veggi, não cabe a Caixa informar na residência do beneficiário sobre a chegada do cartão.




Fonte: Diário de Cuiabá

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