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Economia
Segunda - 18 de Outubro de 2004 às 10:10

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Há duas safras o sojicultor vem perdendo rentabilidade em função da volatilidade do mercado de commodities, seja pela redução internacional das cotações ou pela baixa do câmbio. Na comparação entre a rentabilidade obtida pelo produtor mato-grossense na safra 2002/03, de 68,6%, e com a projeção de 9,8%, para o atual ciclo, a perda é de 57,9%.

Alguns entraves formam este cenário pouco motivador e precisam ser superados, da porteira para dentro, pelo produtor. O primeiro gargalo é o aumento da oferta mundial, conseqüência da super safra norte-americana e da contenção do crescimento chinês. Em seguida, registra-se o aumento dos custos de produção da safra estadual de até 40%, com majoração dos preços dos insumos, tanto em dólar como em real. E por último, para agravar a situação, o câmbio opera em baixa.

"Temos produção acima da capacidade do consumo mundial, cotações pressionadas pela redução cambial e custos altos. O preço ditado pela Bolsa de Chicago se mantém em médias históricas, mas como o câmbio está em baixa e os insumos em alta, a saca sente este desequilíbrio, o que pode vir a gerar o endividamento rural", analisa a superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), a superintendente do Imea, Rosimeire Cristina dos Santos.

Rosimeire destaca que, mesmo com alguns percalços, as últimas duas safra foram boas, ou porque os preços se elevaram pela baixa dos estoques mundiais, ou, pela ascensão do câmbio no Brasil no segundo semestre de 2002, quando a moeda norte-americana alcançou R$ 4 (novembro). "E esta euforia se traduziu em aquisições de terras e equipamentos para expansão da lavoura", aponta.

Os preços em algumas regiões dobraram, principalmente no Médio Norte, puxando os valores dos arrendamentos. "No período de alta rentabilidade e liquidez da soja, muitos investiram em maquinários e agora em 2005, vencem os prazos de carência, e o produtor tem de contabilizar na despesa, os pagamentos dos empréstimos", esclarece a superintendente.

Em outro comparativo apresentado pelo Imea, enquanto a rentabilidade cai 57,9%, o custo da saca da safra 02/03 para 04/05, aumentou 100%, passando de R$ 12,85, para R$ 24,03.

Na contramão, os preços da saca reduziram, em média na safra passada a cotação esteve em R$ 35 e para esta safra, a previsão é de uma média de R$ 32. O custeio de um ha também inflacionou ao longo destas três safras. Em 02/03, foram aplicados R$ 1 mil, ou US$ 413, em 03/04, R$ 1,49 mil, ou US$ 506 e na atual safra, os custos estão em R$ 1,6 mil, ou US$$ 533. Com o desequilíbrio a receita por ha plantado vem sendo comprimida passando de R$ 1,8 mil (02/03) e R$ 1,9 mil (03/04), para atuais R$ 1,7 mil.

LEVANTAMENTO - "Esta queda no lucro leva em consideração os custos de produção, tanto os fixos como os variáveis, a estimativa de uma produtividade média de 55 sacas por hectare (ha), sistema de plantio direto, o valor da commoditie e a receita estimada para cada ha plantado", explica Rosimeire.

São considerados custos fixos a remuneração da terra e como variáveis, os insumos (sementes, fertilizantes, fungicidas, herbicidas, micronutrientes e agroquímicos em geral utilizados em todas as etapas do desenvolvimento da lavoura), as operações (transportes, colheitas, aplicações de agroquímicos, aplicações aéreas e semeadura) e também as despesas com armazenagem, pagamento de impostos (Funrural e Fethab), investimentos em assistência técnica e juros sobre capital investido. "Para se avaliar lucros ou prejuízos da atividade, todos estes itens devem ser considerados, e não apenas a aquisição de insumos", justifica Rosimeire.




Fonte: Diário de Cuiabá

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