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Agronegócios
Domingo - 15 de Agosto de 2004 às 16:16
Por: Patrícia Casali

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O presidente da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Evandro Silveira, declarou que é irreversível a adoção dos transgênicos no Brasil e a melhor opção para o Governo Brasileiro é legalizar e normatizar a produção do material geneticamente modificado para não atrapalhar o mercado nacional e internacional de sementes. “Sou a favor dos transgênicos, desde que ele sejam produzidos pelas formas legais, por sementeiros competentes e credenciados junto ao Ministério da Agricultura”, declarou.

Silveira criticou a postura do governo liberando a plantação em alguns locais do País, porque entende que, agindo desta forma, o produto puro e o com mutações genéticas está sendo misturado, o que pode causar problemas na hora da comercialização e do consumo. “O plantio de transgênicos já está acontecendo. O produto já está aí e não será retirado do mercado. Para não perdemos o controle, temos que separar o que é transgênico daquilo que não é transgênico”, explicou.

O presidente da Aprosmat não acredita que os produtos geneticamente modificados, como a soja e o algodão, causem problemas à saúde, mas salienta que a exemplo de outros alimentos, algumas pessoas podem ser sensíveis este tipo de alimento. “Só fazendo a normatização poderemos informar ao consumidor se o que ele está consumindo é ou produto transgênico. Para isso, acontecer o produto deve trazer na embalagem esta informação. Acredito que a tendência no futuro é a pessoa pagar até três vezes mais pelo produto puro, a exemplo do que acontece hoje com os produtos orgânicos”, explicou.

De acordo com ele, estudos realizados pelos melhores laboratórios chegaram à conclusão que os transgênicos não trazem problemas à saúde e há derivados que não trazem na composição alterações químicas decorrentes da transformação genética. “Os produtos que levam em sua composição química a lecitina de soja sofrem alterações, mas o óleo de cozinha, não. No algodão, acontece a mesma coisa, o óleo também não sofre alteração”, argumentou.

Para Silveira, a legalização e normatização também contribuem para identificar o que está sendo modificado nos grãos e de que forma está sendo feita esta alteração. “O que presenciamos hoje é a entrada de produtos modificados no Brasil, na maioria das vezes vindos da Argentina, e não sabemos como ocorreu esta modificação, se ela está correta ou não, e isso pode causar um descontrole porque estes produtos serão cruzados com outros e assim sucessivamente”, explicou. Ele defende que a liberação dos transgênicos no Brasil pode ser uma forma de organizar o mercado interno com controle do que está sendo produzido e pesquisado. “É claro que tudo isso sendo controlado pelo Ministério da Agricultura”.

O mercado externo é outro ponto que conta a favor da liberação dos transgênicos, na opinião de Silveira. Ele lembra que hoje o Brasil concorre no mercado externo com produtos geneticamente modificados e que possuem menor custo de produção devido a uso menor de defensivos na lavoura. “Estamos tendo que competir com nosso produto, mais puro, com os transgênicos e não sabemos até quando iremos agüentar isso”, declarou.

Fiscalização

Para inibir a entrada de produtos transgênicos em Mato Grosso, desde o ano passado está em operação o serviço de coleta de amostras de sementes. As amostras são coletadas nos postos de fiscalização do Estado, juntamente com cópia da documentação e encaminhadas para laboratórios para verificação de alteração genética. Se houver problemas com a amostra, o produtor é procurado para prestar esclarecimentos. O serviço de fiscalização é realizado através de uma parceria entre, Indea, Secretaria de Fazenda de Mato Grosso, Ministério da Agricultura e Aprosmat e deve ser intensificado neste ano para inibir a entrada de produtos piratas e transgênicos.




Fonte: PrimeiraHora / Diário de Cuiabá

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