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Meio Ambiente
Sexta - 13 de Agosto de 2004 às 11:32

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"El Natibo", com onze tripulantes a bordo, atracou no porto colombiano de Buenaventura, no Pacífico, depois de sete meses e sete dias de viagem na mais importante expedição científica latino-americana dos últimos anos.

Tudo começou com o sonho distante, romântico mas factível, de Alexander von Humboldt, há mais de 250 anos, de que um só curso d'água poderia ligar as três grandes bacias hidrográficas da América do Sul.

Outro fator que impulsionou a viagem foi o desejo de obter mais informações sobre a migração anual das baleias corcundas do Pacífico, no litoral do Chile, às águas quentes e azuis da Colômbia.

O diretor da Expedição Natibo, o biólogo e documentarista colombiano Marc Beaufort, explicou à EFE que na América do Sul estão três dos cinco rios mais importantes do mundo: Orinoco, Amazonas e Paraná-Paraguai. Todos eles, segundo o pesquisador, "estão utilizados abaixo de seu potencial".

À exceção da hidrovía do Paraná, de 3.680 quilômetros de comprimento, os demais rios, como o Orinoco, Amazonas, Putumayo, Atabapo, Negro e muitos outros, assim como dezenas de canais em milhares de quilômetros de vegetação, poderiam ser aproveitados para o transporte de passageiros e de mercadorias.

A tripulação do Natibo atravessou cordilheiras, navegou por distintos leitos, tombou em várias ocasiões e finalmente regressou beirando a costa do Pacifico, por mais de 20.000 quilômetros, depois de cruzar fronteiras de uma dezena de países.

A equipe, que incluía cientistas, documentaristas, biólogos, um engenheiro, dois jornalistas - os câmeras da expedição, regressou com quase 8.000 fotografias, mais de 600 horas de gravações em vídeo e cadernos cartográficos repletos.

Um de seus êxitos foi o de, depois de seis tentativas, "implantar" um transmissor com bateria a uma das baleias, que passaram a acompanhar e que fornecerá informações durante três anos.

Boa parte do primeiro trecho desde Puerto López, no coração dos Llanos Orientales (planícies orientais) colombianos, até Buenos Aires, teve que ser feita com uma só das caminhonetes, pois a outra sofreu avarias ao atravessar uma estrada lamacenta e de precipícios.

"Uma vaca que cruzou o caminho" obrigou o veículo a voltar à Colômbia desde Puerto Ayacucho, na Venezuela, contou à EFE Alexandra Posada, câmera e produtora de cinema de 24 anos, que ia ao volante na oportunidade.

Outros percalços menores, como gripes, um corte na cabeça do também câmera e engenheiro industrial Santiago Carbonell, ou os dias de chuva, que ensoparam roupas e equipamentos, atrapalharam a travessia.

A expedição saiu no primeiro dia de janeiro deste ano da Colômbia pelo rio Meta até encontrar o Orinoco na Venezuela e desse rio chegar ao Amazonas para navegar depois pelo canal de Casiquiare e entrar pela porção esquerda do Brasil, através do rio Madeira.

Depois de itinerários "infernais" pelo Pantanal do Brasil até a hidrovía do Paraná, chegaram a Buenos Aires, a Punta Arenas e, pelo mar, no último fim de semana, a Buenaventura, no Pacífico colombiano.

Durante a viagem, o grupo atracou, devido a avarias ou mau tempo, em portos sem nome e que não aparecem nos mapas e presenciou dramas em algumas regiões de tribos quase extintas.

Os expedicionários passaram em menos de 48 horas dos mais de 30 graus que marcava o termômetro em Buenos Aires a uma temperatura de 4 graus abaixo de zero em Punta Arenas.

Também tiveram que suportar estar hoje sobre o nível do mar e amanhã nas neves eternas em alturas de entre 5.000 e 6.000 metros da cordilheiras dos Andes.

Segundo os viajantes, porém, a parte mais dura da expedição começa agora, com a edição das fotografias e dos vídeos de Alexandra Posada e de Juan Carlos Isaza.

Outros trabalhos também esperam por eles: compilar as crônicas de viagem de Fernando Cano Busquets, divulgar a deterioração ambiental de muitas regiões e transmitir as imensas possibilidades de uma das regiões mais ricas e ainda virgens do planeta.




Fonte: EFE

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