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Internacional
Quinta - 05 de Agosto de 2004 às 04:43

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A Procuradoria paraguaia anunciou hoje que já não há mais restos mortais no interior do shopping de Assunção que, no último domingo, foi destruído por um incêndio que deixou mais de 400 mortos. "Posso lhes dizer que já não há corpos. Fez-se um rastreamento completo do local e não existe nenhum resto mortal de vítima humana", disse aos jornalistas o procurador Edgar Sánchez, um dos encarregados da investigação. A Polícia Nacional do Paraguai elevou na quarta-feira para 448 o número de mortos no incêndio. No final do dia, as autoridades paraguaias, que trabalhavam com vítimas em torno dos 360, elevaram para 440 o total de vítimas.

Apesar de 24 horas depois da tragédia terem sido concluídos os trabalhos de busca por mais cadáveres, os bombeiros e as autoridades não descartavam a possibilidade de que entre os escombros fossem encontradas mais vítimas, que em sua maioria foi retirada do local carbonizada.

O Ministério Público está recolhendo amostras de sangue de parentes de desaparecidos, para tentar identificar quase cem cadáveres que ainda não foram reconhecidos e estão guardados em três caminhões frigoríficos nos arredores da capital. Para evitar que os parentes vejam os corpos em decomposição, o reconhecimento também está sendo feito por meio de fotos de objetos pessoais, como anéis.

Com relação às prováveis causas do incêndio, Sánchez disse que isso será descoberto através das pericias, cuja primeira parte, a do reconhecimento e do levantamento de evidências, acabou hoje. "Existem lugares muito similares pela intensidade do fogo (...), o andar superior da praça de alimentação e a administração são os lugares mais danificados, praticamente não sobrou nada", revelou o promotor em relação aos prováveis focos.

Prisão dos acusados A Justiça decretou na quarta-feira a prisão preventiva de Victor Daniel Paiva, filho do dono do supermercado, sob a acusação de homicídio doloso. Seu pai, Juan Pio Paiva, e três seguranças do supermercado também foram presos pelo mesmo motivo, na terça-feira. Para impedir um linchamento, pai e filho foram colocados em cela especial. Um quarto segurança será preso quando se recuperar das queimaduras leves que sofreu.

Paiva disse a jornalistas que não estava no local no dia do incêndio, que não deu ordens para fechar as portas e que a responsabilidade foi de um dos gerentes do supermercado, Vicente Ruiz, que morreu no domingo. Vicente Paiva disse que esteve no supermercado na manhã de domingo, mas que antes de o incêndio começar, às 11h30 (12h30 em Brasília), foi ao centro da cidade para comprar uma entrada de uma partida futebol. "Na cidade, recebi um telefonema do oficial Fidel Aguilar, ele tem o meu celular, ele me avisou do que acontecia, peguei a minha mulher e fomos para lá", disse o acusado. "Quando cheguei, as portas estavam abertas", afirmou. Paiva garantiu aos jornalistas que até ajudou a tirar "quatro ou cinco pessoas" do local, mas acrescentou que logo depois sentiu náuseas e não pôde continuar o resgate.

Ajuda internacional e atendimento médico Quase 500 feridos ainda estão sendo atendidos nos sobrecarregados hospitais de Assunção, uma cidade de 500 mil pessoas, e em localidades vizinhas. Uma brigada de médicos, enfermeiras e psicólogos estrangeiros participa do trabalho.

Um grupo de especialistas chilenos realizou duas cirurgias de alta complexidade em pacientes com queimaduras graves num hospital de campanha instalado desde segunda-feira em Assunção.

Médicos uruguaios ajudam na UTI do hospital de Emergências Médicas, enquanto psicólogas espanholas dão atenção às famílias das vítimas. "Também chegou um contingente de médicos e enfermeiras de Cuba, e esta noite chegam especialistas argentinos em queimaduras," disse Jimmy Gimenez, do Ministério da Saúde Pública.

Vários países e organismos internacionais enviaram também medicamentos, insumos e doações em dinheiro.




Fonte: Terra

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