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Educação/Vestibular
Segunda - 19 de Julho de 2004 às 17:04
Por: Neusa Baptista

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“Existe sempre uma disputa muito grande entre os estados que desejam sediar a SBPC”, diz a secretária de Estado de Ciência e Tecnologia, Flávia Nogueira. Segundo ela, são usados muitos critérios de escolha, mas o critério mais importante é o desempenho acadêmico daquela instituição que propõe a realização da reunião. No caso da UFMT, isso foi levado em consideração porque se trata de uma universidade que está no centro do país, na região Centro-Oeste.

Nesta entrevista, a secretária fala sobre a importância do evento que começou neste domingo (18.07), qualificação profissional e os caminhos da pesquisa científica dentro do estado.

Que importância terá para Mato Grosso esta semana de Reunião da SBPC?

A importância da realização da reunião anual da SBPC em Mato Grosso é muito grande porque é um evento imenso e o Estado que recebe esse evento se torna a vitrine da ciência e da tecnologia no Brasil e até internacionalmente porque aqui vão se concentrar as maiores autoridades científicas de todas as áreas de conhecimento. Isso torna o debate sobre ciência prioridade no município e no Estado. Isso faz então com que todas as atenções da mídia nacional, internacional, as atenções de todas as instituições que realizam pesquisa e educação no Brasil e até no mundo se voltem então para esse município, para esse Estado.

Isso é uma oportunidade ímpar para que os pesquisadores da região possam propor temas que sejam importantes de serem debatidos na presença dessas autoridades. Questões que para nós são fundamentais como o desenvolvimento sustentável do Pantanal, da Amazônia, a questão do biodiesel, dos arranjos produtivos.

Outra importância é que esse debate será posto ao alcance das pessoas que não trabalham com ciência. Qualquer cidadão pode ter acesso a qualquer uma dessas informações, pode participar de qualquer tipo de programação de forma livre. Isso aumenta a possibilidade dos nossos alunos do Ensino Básico e Médio e de todos os profissionais que não atuam em ciência conhecer melhor a ciência.

Temas como os Arranjos Produtivos Locais (APLs), o biodiesel, as cadeias produtivas, que estão sendo discutidas na reunião, fazem parte do Plano Estadual de Ciência e Tecnologia. Isso significa dizer que Mato Grosso, em termos de ideal de ciência e tecnologia, tem acompanhado as discussões nacionais e internacionais?

FN - Sem dúvida nenhuma. Esses temas são importantes para o nosso estado, mas também para todos os outros. Tanto isso é verdade que esses temas são pautas constantes nos encontros nacionais de secretários de ciência e tecnologia. Então para nós é uma grande satisfação receber grupos de pessoas altamente especializadas nesse tema, que vão debater esse tema com pessoas que normalmente não teriam essa oportunidade.

Isso mostra que o nosso Plano Estadual está em consonância com as ansiedades e os desejos de avanços que ocorrem também em outros estados. Os pesquisadores terão contato com pessoas de outras regiões com mais e com menos experiência nessa área de conhecimento. Isso tudo é muito positivo.

Quais são as prioridades de investimento em C&T no Estado?

FN - No Plano Estadual de Ciência e Tecnologia fica muito claro que algumas áreas são extremamente importantes para o investimento em C&T. A área de agricultura familiar, por exemplo, é uma delas, e tem sido bastante discutida e priorizada pelo Governo. A relação da universidade com a empresa também é um tema extremamente priorizado. Nós temos muito interesse também na área de construção civil, saúde, nas Ciências Humanas e Sociais. Nós temos também uma grande necessidade de investimento na infra-estrutura, além do investimento necessário na formação de recursos humanos, ou seja, na qualificação dos nossos pesquisadores.

Já estamos trabalhando nesse sentido e a Fapemat [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso] já conta com recursos constitucionais, o que é uma grande vantagem com relação a muitos outros estados, que muitas vezes têm um percentual garantido na constituição, mas esse montante não é repassado. Mato Grosso já deu um grande exemplo para o País, fazendo com que a constituição fosse cumprida e a Fapemat conte com recursos direcionados apenas para pesquisas, que não podem ser contingenciados.

Sobre a qualificação profissional no Estado, quais são as atividades e as perspectivas, já que Mato Grosso conta com um número baixo de pesquisadores, em especial doutores?

FN - Nós temos um serviço a prestar que é a implantação de um grande programa de bolsas, mas temos algumas dificuldades. O Estado nunca teve uma fundação que criasse condições efetivas para ter um programa de bolsas. Nós temos que implantar esse programa com muito cuidado. O programa começou com a implantação das bolsas de Iniciação Científica Júnior, voltada para alunos do Ensino Médio, que têm oportunidade de fazer pesquisa na universidade ou participar do cotidiano de pesquisa. Nós temos também a bolsa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR), por meio da qual atraímos doutores de outras regiões do país para que eles se fixem em Mato Grosso e desenvolvam pesquisas relacionadas às questões importantes para a nossa região.

O próximo passo seria investir em bolsas de Mestrado e Doutorado nos cursos recomendados pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). As bolsas de doutorado vão permitir aos nossos pesquisadores se qualificar fora do Estado e voltar com condições de nuclear grupos de pesquisa que, após consolidados, possam também oferecer cursos de pós-graduação que tenham qualidade e credenciamento pelo MEC [Ministério de Educação e Cultura].

A senhora acha que após a realização da reunião da SBPC a visão que os outros estados têm sobre a pesquisa em Mato Grosso tende a mudar?

FN - Estamos trabalhando para isso. A reunião da SBPC é uma grande oportunidade para o Estado mostrar como tem investido nessa área. O panorama que vai ser apresentado pelo governador ao público da SBPC traz a expectativa de que mude a visão que os outros estados e que o próprio Governo Federal têm de Mato Grosso. Embora o desenvolvimento científico e tecnológico seja restrito a algumas áreas, como a do algodão e a da soja, e haja uma grande necessidade de expandir esse incremento tecnológico em muitas outras áreas de conhecimento, o Brasil todo e até o exterior irão saber que Mato Grosso está caminhando nessa direção.




Fonte: Secom - MT

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