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Segunda - 05 de Julho de 2004 às 16:13
Por: Gleid Moreira

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Das praças de Cuiabá, a Ipiranga é que mais concentra mendigos. Por ser de grande movimento, os pedintes sempre conseguem ajuda de alguém, o que de certa forma, coopera para a permanência deles na região central. "O cuiabano tem o coração muito bom e com isso, acaba ajudando a manter a mendicância", alertou o secretário de Bem-Estar Social do município, Carlos Alberto Araújo.

De acordo com Túlio Cezar, assessor da diretoria executiva da Secretaria de Bem-Estar Social, as pessoas que vivem nestas condições em Cuiabá são poucas, pois uma equipe que faz triagem nas ruas permanentemente, as convida para alojamento num albergue municipal, localizado no bairro Alvorada, onde além de alimentação e assistência médica, podem conseguir encaminhamentos para empregos e até ajuda para aposentadorias, no caso dos idosos.

No entanto, apesar das condições oferecidas aos moradores de rua, as regras e disciplinas do albergue podem ser empecilhos para a estadia deles no local. Segundo Túlio, eles acabam fugindo em menos de uma semana, pois muitos deles, além do álcool também são usuários de drogas. "Os mendigos fazem parte de uma população flutuante na capital. Muitos deles já são conhecidos da equipe, por causa da triagem. Nas ruas são livres para fazer o que querem, por isso, muitos deles não se adaptam no albergue".

Durante a reportagem, um grupo de cinco rapazes bebia muito na praça Ipiranga e desconfiados do fotógrafo, deram um jeito de saber se o assunto se relacionava a eles, com medo de serem fotografados.

Túlio disse, que a forma como estavam embriagados é a rotina de grande parte dos moradores de rua e, geralmente, ficam pouco tempo na cidade. "Muitos deles são de fora e quando a equipe oferece ajuda, o que eles mais pedem é passagem para ir embora", relatou.

Túlio, que acompanhou a reportagem pelos pontos da cidade onde os mendigos costumam ficar, frisou que vários moradores de rua já foram encaminhados de volta à família, grande parte deles para outros Estados. Ele relatou algumas histórias marcantes para a equipe, pois segundo ele, em alguns casos, não há possibilidade de não se comover.

Disse que no ano passado, um grupo de quase dez pessoas, usuárias de drogas, foi todo embora da capital, pelo fato do líder do grupo ter aceito ajuda da equipe. Tratava-se de um rapaz filho de militar do Estado de Minas Gerais, e que viveu por oito anos em Cuiabá em condições subumanas por causa da droga. Como ele, um grupo que vivia sob seus mandos aceitou ajuda da equipe e voltou para seus respectivos Estados.

O rapaz que atendia pelo apelido de Russo pediu uma passagem para voltar à casa dos pais. Após o contato da equipe com a família dele em Minas, foi encaminhado de volta ao seu Estado. Como os demais membros viviam em grupo, não quiseram permanecer em Cuiabá.




Fonte: Folha do Estado

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