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Economia
Domingo - 06 de Junho de 2004 às 11:19
Por: Alexandre Mata Tortoriello

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Ao ser questionado se o superávit recorde da balança comercial divulgado nesta semana mostraria que o Brasil está com a vulnerabilidade externa sob controle, o ex-ministro da Fazenda respondeu: “Ainda não, sinceramente não”.

Para ele, se quiser superar sua fragilidade externa, o Brasil deve investir mais no comércio exterior.

“O Brasil está com uma esperança bem fundamentada, por causa do êxito do comércio exportador, mas ainda é um fenômeno recente, que não promoveu acúmulo de reservas internacionais”, disse Ricupero, numa entrevista coletiva para apresentar a 9ª reunião ministerial da Unctad, que ocorrerá em São Paulo.

Representantes de 192 países devem participar do encontro na Capital Paulista entre os dias 13 a 18 de junho.

Juros e real

Para Ricupero, o caminho para dar mais estabilidade e desenvolvimento ao país passa também pela queda das taxas de juros.

O real deve estar ligeiramente abaixo do ponto que tivemos recentemente. Ao invés de R$ 2,90, deveríamos ter o dólar por volta de R$ 3,20, para estimular o crescimento das exportações e a diminuição da vulnerabilidade.

Rubens Ricupero

“Pessoalmente, no caso do Brasil, considero a redução das taxas de juros até mais importante do que o acúmulo (de reservas)”, disse o secretário-geral da Unctad.

“Ela traria três efeitos benéficos cumulativos: aliviaria a carga sobre o governo brasileiro com o serviço da dívida, estimularia o crescimento e a geração de empregos e depreciaria a moeda”, avaliou Ricupero.

Ricupero também fez uma avaliação sobre o valor do real.

“O real deve estar ligeiramente abaixo do ponto que tivemos recentemente. Ao invés de R$ 2,90, deveríamos ter o dólar por volta de R$ 3,20, para estimular o crescimento das exportações e a diminuição da vulnerabilidade."

Terrorismo

O secretário-geral da Unctad disse estar preocupado com os efeitos do combate ao terrorismo, que, segundo ele, poderia estar dificultando o comércio mundial e, conseqüentemente, reduzindo as possibilidades desenvolvimento de países pobres.

“Temos receio de que as preocupações legítimas de segurança possam às vezes criar obstáculos ao comércio internacional, e, de maneira geral, ao intercâmbio.”

A meu ver, a agenda precisa ser de solidariedade humana integral, em que as dimensões da segurança não sejam apenas da segurança contra o terrorismo, mas também a segurança contra a fome, contra a doença, contra as violações aos direitos humanos. A segurança é uma só, do ser humano como um todo e do relacionamento dos países entre si.

“Atravessar fronteiras é mais difícil para empresários e trabalhadores e já existe hoje uma vigilância aumentada para os contêineres de mercadorias nos portos. Isso às vezes cria dificuldades”, disse Ricupero, acrescentando que a Unctad já está trabalhando para resolver o problema.

Ele afirmou que, apesar de o combate ao terrorismo ser hoje o principal ponto na pauta dos grandes problemas mundiais, a segurança deve ser encarada de uma forma mais global, que respeite a dignidade humana em todos os sentidos.

“Assim como a paz é indivisível, a solidariedade também é indivisível. Não é possível que um país espere solidariedade de outro contra o terrorismo ou contra as armas de destruição maciça e não ofereça a mesma solidariedade para a superação da miséria e os combates à Aids e ao aquecimento global”, disse Ricupero. “Acho que essas coisas são inseparáveis.”




Fonte: BBC Brasil/São Paulo

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