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Economia
Terça - 18 de Maio de 2004 às 08:38

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Os economistas estão divididos entre corte e manutenção de juros nesta semana, mas uma pequena maioria aposta que a turbulência externa é passageira e que o cenário interno permite um afrouxamento monetário.

Das 20 instituições financeiras ouvidas entre quinta e sexta-feira da semana passada pela Reuters, 11 prevêem corte de 0,25 ponto percentual da Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que começa nesta terça-feira e termina amanhã, com o anúncio da decisão. Nove estimam manutenção da taxa em 16% ao ano.

"Os fundamentos internos ainda prevalecem, apesar da instabilidade externa. A instabilidade (externa) é passageira e como os fundamentos estão fortes aqui, há espaço para corte", afirmou Newton Rosa, economista-chefe do Sul América Investimentos.

Na semana passada, dados mostraram que a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - referência do sistema de metas de inflação - desacelerou em abril pelo terceiro mês seguido para 0,37%, ante 0,47% em março. O núcleo do índice também recuou.

Nos 12 meses até abril, o IPCA acumula alta de 5,26%, a menor taxa desde julho de 1999, ficando abaixo do centro da meta de inflação de 2004 pela primeira vez no ano.

"Pelos números de inflação, ele vai cortar. Além disso, a gente tem uma taxa de juros muito alta", disse Álvaro Bandeira, economista da Ágora Senior CTMV.

A inflação pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) também desacelerou para 0,42% por cento na primeira prévia de maio, ante 0,52% na primeira leitura de abril.

Pedro Paulo Silveira, economista do Finabank, disse que se o BC mantiver a taxa na próxima semana irá sinalizar ao mercado que os juros poderão subir no futuro caso haja uma deteriorização da situação internacional. Para evitar esse tipo de expectatia, ele aposta que o BC fará um pequeno corte na taxa.

"Se ele segurar (manter) agora a taxa de juros, ele pode sinalizar para o mercado que a taxa de juros pode ser elevada a qualquer momento."

Temores externos

A perspectiva de alta de juros nos Estado Unidos, a possibilidade de desaquecimento da economia da China e os altos preços do petróleo estão gerando volatilidade nos mercados brasileiros.

O dólar recentemente ultrapassou a barreira de R$ 3 e o risco Brasil está por volta de 720 pontos-básicos sobre os treasuries, ambos acima dos patamares da reunião anterior do Copom em abril.

A alta do preço do petróleo no mercado internacional - o preço do barril bateu novo recorde e está acima de US$ 41 em Nova York - preocupa porque pode forçar a Petrobras a aumentar os preços dos combustíveis.

Por conta desses fatores, alguns analistas apostam que o Copom será cauteloso e manterá os juros na próxima semana.

"O BC tem que estar observando variáveis como câmbio, risco e fluxo de capitais para emergentes. Além disso, um câmbio a 3,10 reais gera uma inflação pelos modelos dele (BC) acima da meta do ano", afirmou adauto Lima, economista do Banco WestLB do Brasil.

O Copom manteve os juros nos dois primeiros meses deste ano por preocupações com a aceleração da inflação à frente decorrente dos maiores custos do atacado. Amenizados esses temores, ele cortou a Selic em março e abril em 0,25 ponto percentual.

Para Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Schahin, como o Brasil vive um regime de meta de inflação, o BC tem que tentar conter as expectativas de preços do mercado em meio ao cenário externo turbulento e por isso deve manter os juros.

A sondagem mostrou ainda que as 19 instituições que responderam prevêem uma Selic no final deste ano entre 13,5 e 15%. Do total, sete preveêm a taxa a 14% e outros 7 projetam 15% ao ano.

Participantes: Sul América Investimentos, Banco Fator, Finabank, ABN Amro Real, Banco WestLB do Brasil, Global Invest, AGK Corretora, Tendência consultoria, Àgora Senior CTMV, Banco Schahin, Bradesco Asset Management, Interamerican Express, MB Associados, Banco Prosper, Banco Modal, Banco Fibra, JP Morgan, Banco de Tokyo Mitsubishi, ING, Banco Safra.




Fonte: Reuters Investor

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