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Saúde
Sábado - 24 de Abril de 2004 às 16:31

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A atividade espontânea dos neurônios no córtex cerebral funciona em padrões sincronizados que criam uma espécie de "melodia", segundo um estudo publicado nesta sexta-feira na revista "Science".

De acordo com Rafael Yuste, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, os resultados de sua pesquisa contrariam a idéia tradicional de uma atividade cerebral desorganizada e supõem uma "mudança de rota" no estudo do funcionamento do cérebro.

Para o trabalho, o pesquisador recolheu dados de longos períodos da atividade neurológica espontânea --não instigada por estímulos externos-- do cérebro de um gato anestesiado.

Em seguida, com a ajuda de um computador, analisou a atividade dos neurônios em busca de repetições "do mesmo ruído". Surpreendentemente, os pesquisadores encontraram casos de repetições exatas da mesma atividade.

Segundo Yuste, os neurônios emitem um padrão de descarga que pode ser analisado "como se fosse uma partitura".

Em contraste com a visão tradicional do cérebro --que o compara a uma "caixa-preta" que fica "desligada" enquanto não recebe estímulos externos-- o novo estudo mostra que esse órgão tem sua própria dinâmica, com suas regras internas.

Há mais de 30 anos já se sabe que o córtex cerebral --região do cérebro responsável pela percepção, imaginação, fala ou a programação de atividades motoras-- é constituído por neurônios ligados entre si, mas com conexões bastante frouxas.

De acordo com o autor, o estudo valida a hipótese, elaborada há 20 anos, de que os neurônios "disparam" sempre em grupos e, se um deles falha, os outros fazem seu trabalho e garantem a propagação da atividade.

Isto significa que a atividade neurológica progride sob a forma de cadeias sincronizadas e, longe de ser um "ruído desordenado", é na realidade uma "forma de melodia" criada pelas ligações entre os neurônios.

De forma semelhante a uma orquestra, em que os músicos emitem as notas em função das que são tocadas nos outros instrumentos, os neurônios geram também "uma espécie de música" com uma "delicada precisão temporária".

Se o cérebro permanecesse inativo quando não recebe estímulos externos, não seria detectada nesta análise qualquer atividade ou, se fosse, seria desorganizada. Segundo Yuste, o que se descobriu foi "uma sinfonia que surpreendeu a todos".




Fonte: Agência Lusa

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