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Politica Brasil
Quarta - 21 de Abril de 2004 às 15:28
Por: Adriana Vandoni Curvo

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O abril se fez vermelho de sangue, mais vermelho que as vestimentas dos atuais petistas. Seqüestros, ameaças, coações, torturas, assassinatos. Enjoa-me o estômago ver a situação grotesca do Brasil enquanto as autoridades responsáveis lavam as mãos.

Estamos assistindo ao fim da era da lucidez racional e nos dirigindo à barbárie medieval e o que é pior, com conivência estatal. As declarações a respeito do massacre ocorrido na reserva indígena Roosevelt, feitas pelo presidente da funai Mércio Pereira, foram irresponsáveis. Ao dizer: "...os índios estão defendendo suas terras, que é uma defesa fundamental, pois os garimpeiros estão completamente ilegais", nesse momento ele, indiretamente, ocultou os corpos dos garimpeiros. A história mostrará que este é o Carajás do governo Lula.

De quem é a culpa pelo massacre? Dos índios? Dos garimpeiros? Das autoridades que sabiam da iminência de um conflito e mesmo assim proibiram a entrada da polícia federal na reserva?

Em outubro de 2003 houve uma chacina no mesmo local. Quatro garimpeiros foram mortos a tiros, outros quatro sobreviveram. Um deles, Antônio Ismério Martins denunciou o envolvimento de funcionários da funai com o contrabando de diamantes, segundo a denúncia, com a participação do coordenador Walter Blós. Antônio Ismério Martins sofreu um atentado em novembro na porta da sua casa no município de Espigão do Oeste.

Houve investigação? Na época da denúncia, Bloss concedeu uma entrevista onde declarou que "na Reserva não existe pistas de pouso, tampouco milhares de garimpeiros". As declarações do chefe da instituição foram motivo de chacota por parte de autoridades que já haviam visitado a reserva e revolta por parte de garimpeiros.

O governador de Rondônia Ivo Cassol, que por coincidência é oposição, enviou em 31 de setembro de 2003, antes do assassinato dos quatro garimpeiros, um ofício ao gabinete do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, advertindo para o risco de novos atos de violência na reserva. No ofício protocolado em 1º de outubro dizia: "... Solicito à Vossa Excelência providências para evitar um novo conflito com derramamento de sangue, como já ocorreu em anos anteriores”.

Como resposta ao ofício obteve que: "O ministério está olhando com atenção para o assunto, e a Polícia Federal vai continuar suas ações de inteligência e monitoramento". Continuem olhando e vejam o derramamento de sangue que está ocorrendo!

De acordo com relatos feitos no ano passado pela própria polícia federal, alguns caciques da tribo Cinta-Larga, cobram cerca de R$ 10 mil de cada garimpeiro que quiser trabalhar na área, além de um percentual nos ganhos.

Enquanto existirem funcionários mancomunados com o contrabando, utilizando-se da proteção legal dos índios para os induzir a cometer atrocidades, vamos continuar assistindo massacres dessa proporção, com requintes de crueldade, desnudando toda a deterioração humana. A ilegalidade dos garimpeiros não pode minimizar ou justificar o fato deles terem sido amarrados, castrados e depois incendiados vivos.

De quem é a culpa? Serão anos de investigações onde nada será apurado. Eu culpo o Presidente Lula e seu bando de inconseqüentes que ficam discutindo posições ideológicas enquanto o povo brasileiro está se destruindo, está retrocedendo ao mais primitivo meio de se defender.

Culpo-os pela sensação de pavor que se instalou no meu país. Culpo-os por manchar o Brasil de vermelho com o sangue do próprio povo.

Adriana Vandoni Curvo é professora de economia, consultora, especialista em Administração Pública pela FGV/RJ. E-mail: avandoni@uol.com.br




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