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Politica Brasil
Segunda - 19 de Abril de 2004 às 09:48
Por: Milton F. da Rocha Filho

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São Paulo - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva no seu 13º programa Café Com o Presidente, na manhã de hoje, deu um recado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ao dizer que o País tem lei. "Nós nos comprometemos a fazer reforma agrária até o final de 2006 assentando 430 mil famílias, nós nos propusemos a regularizar 130 mil títulos para as pessoas que já estão na terra e esse é o compromisso que vamos cumprir e vai ser feito da forma mais tranqüila possível, da forma mais pacífica possível, porque eles sabem que este país tem lei, tem regras e elas valem para o presidente da República, elas valem para os sem terra e valem para os com terra”, disse.

O presidente avisou que os que quiserem fazer suas manifestações devem saber que o Brasil é um país democrático e livre. “O que as pessoas não podem é perder o senso de responsabilidade", lembrou.

“Todas as vezes que eu radicalizei eu perdi” Lula advertiu que a redicalização das manifestações não ajuda o País. “Eu já fui dirigente sindical, já radicalizei muitas vezes, já tive bom senso outras vezes e toda vez que prevaleceu o bom senso eu ganhei. Todas as vezes que eu radicalizei eu perdi”, afirmou. O presidente aconselhou o MST a agir com a maior responsabilidade possível. “Porque todos nós seremos vítimas das nossas palavras".

Lula disse que conhece o movimento dos sem terra há vinte anos, lembrando que sempre eles sempre fizeram passeatas, nos governos Collor, Sarney, Itamar, Fernando Henrique Cardoso. “Fizeram em todos os governos e eu acho importante que eles façam. O que me dá tranqüilidade, é dizer que fui o único presidente da República que foi no encontro do Movimento Sem-Terra, da Contag, da CPT e de outros movimentos aqui em Brasília, onde tinham mais de três mil delegados e publicamente assumi um compromisso com eles, ninguém discordou".

Greves do funcionalismo

Sobre o MST e os setores do funcionalismo em greve solicitando aumento de salários, Lula disse ver a movimentação com muita naturalidade. “Algumas pessoas tentam fazer disso uma coisa muito grave, às vezes até tentam vender como se fosse maior do que é. Quando nós temos de entender que passeatas, manifestações e greves são uma conquista universal da sociedade em todo o mundo. E nós temos de conceber que isso significa o exercício da democracia, gostemos ou não”, explicou.

Segundo o presidente, um governante não pode se contentar apenas com aplausos. Ele tem de ter a mesma sensibilidade para com as pessoas que o elogiam, mas também para com as pessoas que o criticam, “até porque às vezes os que criticam o governo estão mais certos do que os que elogiam”.

Sobre o setor do funcionalismo público Lula lembrou que os servidores ficaram oito anos sem receber reajuste. “E é normal que essas pessoas agora queiram receber reajuste. Até porque as pessoas vêem no meu governo e na vitória do PT a possibilidade deles poderem extravasar mais na sua prática democrática, na sua prática de reivindicação, do que em outro governo".

De acordo com o presidente, o bom dirigente sindical sabe que quando o governo se dispõe a reorganizar a economia de um País, não se pode atender a tudo o que as pessoas querem no primeiro momento. “E o dirigente sindical sabe que, quando nós estamos preocupados (para) em controlar a inflação, reconquistar a credibilidade e retomar o crescimento da economia, não adianta fazer uma reivindicação absurda. Se você quer chegar a controlar a inflação a 5%, a 5,5%, aquele dirigente sindical que tiver reivindicando 80% ou 70% de reajuste, ele não está sendo verdadeiro com a sua categoria, porque ele sabe que não vai conquistar aquele reajuste, nem que fosse ele o presidente da República”, advertiu.

“Eu dou apenas

aquilo que eu posso dar”

“Como eu já vivi muito do lado de lá, com os meus companheiros e sei como se dá uma assembléia, sei como se dão os discursos, eu só queria que as pessoas entendessem o seguinte: ninguém na história do Brasil vai tratar o funcionalismo melhor do que eu vou tratar. Entretanto, as pessoas têm que entender que eu os vejo, como eu vejo os meus filhos. Eu não dou tudo que os meus filhos querem, eu dou apenas aquilo que eu posso dar, e não faço dívida pra dar um presente para filho que eu não posso pagar depois”, explicou.

Lula afirmou que essa seriedade que quer ter com os seus companheiros, é que o permite dizer para sociedade brasileira que ninguém precisa ficar preocupado com greve, com passeata ou com manifestação. “Isso é o exercício da democracia levado à sua plenitude, isso é bom pra todos nós".

Resposta a FHC

Sem dizer que estava respondendo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que criticou na sexta-feira em um seminário com empresários na Bahia, o governo por estar contratando mais funcionários públicos, Lula disse que o motivo das contratações é a melhora da qualidade do serviço público."




Fonte: Estadão.com

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