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Economia
Segunda - 12 de Abril de 2004 às 13:36

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Focos de um molusco conhecido como caramujo africano estão se alastrando por pelo menos dez municípios do Mato Grosso e em mais 15 estados brasileiros. A informação consta num relatório do Ibama. O animal, uma espécie exótica do sul da África, pode ser uma ameaça ao meio ambiente e à saúde pública.

"Isso nunca poderia ter chegado ao Brasil", afirma o chefe do Núcleo de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama, Jacob Ronaldo Kuffner. A preocupação de Jacob se deve ao fato de que o caramujo africano se reproduz rapidamente, produzindo 500 ovos por ano.

A descoberta mais recente do molusco foi em Chapada dos Guimarães, onde a praga está presente nos 15 hectares do lixão desativado da cidade e nas proximidades do bairro Cohab.

O cenário descrito se assemelha a um filme de ficção científica, devido às características devastadoras do animal. "Ele é muito adaptável, come até papelão, isopor e sola de sapato. Imagine isso em um lixão?", explica a bióloga Cláudia Callil, doutora em malacologia (ciência que estuda os moluscos). Ela é a representante da região Centro Oeste em uma força-tarefa criada em janeiro em Brasília para estudar e combater moluscos invasores. O grupo é composto por pesquisadores e agentes estatais.

Fora de seu habitat, como no Brasil, ele causa danos ao meio ambiente. "Ele é invasor, ocupa os ambientes e compete com as espécies nativas. É uma ameaça à biodiversidade", acrescenta.

Em Mato Grosso, a ameaça mais direta é contra um caramujo nativo conhecido como "aruá", utilizado por índios na alimentação e confecção de artesanato. O "aruá" está na lista vermelha do Ibama de animais ameaçados de extinção.

O perigo maior se deve, entretanto, à possibilidade da espécie causar doenças como meningite e perfurações abdominais como apendicite. O risco é quando o animal é manuseado diretamente.

A constatação em Chapada foi feita há menos de um mês, quando fiscais do Ibama foram até a área desativada do lixão para verificar se o local estava em Área de Preservação Permanente (APP). Surpreendentemente, os fiscais localizaram centenas dos moluscos. Segundo Jacob, o caramujo teria chegado à cidade para ser criado e vendido para consumo como escargot, prato da cozinha francesa.

Um possível criador já foi notificado pelo Ibama por crime ambiental. Ele tem prazo de dez dias para se pronunciar. A suspeita é que o animal teria chegado a Mato Grosso por meio de uma cooperativa de produtores de Goiás, onde já existe o controle da praga. O combate é feito por meio da coleta do animal e incineração.

Nos próximos dias, será realizada uma reunião em Chapada dos Guimarães entre o Ibama e a prefeitura para promover uma campanha com a população. "Estamos desenvolvendo um plano de ação para o enfrentamento do problema. Pretendemos conseguir suporte da Sucam (órgão do Ministério da Saúde), Ibama e da base da Aeronáutica (em Chapada dos Guimarães)", afirmou o secretário de Saúde do município, Darley Gallo.




Fonte: Diário de Cuiabá

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