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Polícia Brasil
Domingo - 11 de Abril de 2004 às 11:57
Por: Carlos Martins

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“A prisão de Arcanjo representa um marco na história de Mato Grosso”, afirma o juiz Julier Sebastião da Silva. Na época da fuga, os ministérios públicos Federal e Estadual, além das polícias Federal e Civil, empreenderam uma investigação rigorosa. “A Justiça agiu de forma célere, eficiente e cumpriu sua função constitucional e social que é a de não permitir a impunidade num caso rumoroso que envolveu uma pessoa conhecida e importante na vida política, social e econômica”, diz Julier.

No dia 4 de abril do ano passado, Arcanjo que já tinha mandados de prisão em outros inquéritos, teve decretada sua prisão, de Sílvia e de mais cinco indiciados que acabaram sendo condenados. Era o resultado do quarto inquérito aberto contra o “comendador” por lavagem de dinheiro e crime contra o Sistema Financeiro Nacional. No dia 11 de abril do ano passado Arcanjo foi surpreendido por policiais uruguaios em uma casa no bairro de Carrasco.

No mesmo dia a polícia prendeu Sílvia Chirata no Departamento de Salto, divisa do Uruguai com o Brasil, onde ela estava negociando a compra de uma fazenda. Sílvia está detida no presídio feminino de Florida, a 100 quilômetros da capital. No dia seguinte, 12, a polícia prendeu Adolfo Sesini, que tinha a função de procurador da empresa off shore Lyman S.A, usada para “comprar” a Confiança Factoring com sede em Cuiabá. As autoridades uruguaias chegaram até Arcanjo seguindo pistas da Polícia Federal que acreditava que ele estivesse no Uruguai. Há algum tempo a PF vinha monitorando telefonemas para o Departamento de Salto entre pessoas envolvidas com Arcanjo. Salto é o lugar de origem do contador Luiz Alberto Dondo Gonçalves.

De acordo com investigações feitas pela Polícia Federal, Arcanjo, Sílvia e Adolfo usavam o Uruguai para a lavagem de dinheiro do crime organizado, forjando empréstimos fantasmas com as agências do BankBoston e Deustch Bank em Montevidéu. Os empréstimos eram feitos em nome da Confiança Factoring, mas nunca quitados. As operações eram avalizadas por duas offshores, a Lyman e Aveyron, que, descobriu-se mais tarde, pertenciam ao próprio Arcanjo. De acordo com a Polícia, o bicheiro enviava o dinheiro sujo para as offshores e o introduzia no Brasil, limpo, por meio dessas operações financeiras.

Numa operação considerada fachada para a lavagem de dinheiro, a Lyman teria adquirido por US$ 10 milhões o controle de 99,94% das ações da Confiança Factoring, cujo nome fantasia era Real Factoring. O restante das ações foi comprado pelo laranja Edson Marques de Freitas, ex-garçom do cassino de Arcanjo. A operação permitiu a lavagem de US$ 10 milhões, dinheiro reintroduzido no Brasil ilegalmente. Documentos apreendidos na Confiança Factoring mostram que Arcanjo e Silvia Chirata permaneceram no controle da empresa nos dois anos seguintes à venda para a Lyman, fato que comprovaria, de acordo com o procurador Pedro Taques, o caráter de fachada do negócio. As investigações do Ministério Público revelaram, após o cruzamento de dados da Receita Federal com a movimentação para efeitos da CPMF, que a Confiança Factoring, o empreendimento mais rentável de Arcanjo, apresentava um patrimônio a descoberto de R$ 500 milhões.




Fonte: Diário de Cuiabá

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