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Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Sábado - 10 de Abril de 2004 às 14:47
Por: Mariana Santiago

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RIO - Apesar da ocupação das polícias militar e civil na Rocinha, o clima ainda é tenso em algumas regiões da favela. Famílias inteiras estão abandonando suas casas na parte mais alta do morro, levando móveis, aparelhos de TV e alguns objetos de valor. Comerciantes do local afirmam que haverá nova troca de tiros hoje, a partir das 17h, e pretendem fechar o comércio mais cedo, para evitar confrontos com os traficantes.

Moradores da Rocinha que preferiram não se identificar disseram que ontem à noite, durante a troca de tiros entre as duas quadrilhas de traficantes e a polícia, os bandidos invadiram barracos e convocaram todos a participarem da guerra, usando armas. Crianças teriam sido retiradas dos barracos e obrigadas a se lançarem, armadas, à troca de tiros. Alguns moradores foram obrigados a se esconder e não puderam atender telefonemas até a troca de tiros cessar. Os bandidos roubaram roupas de moradores para fugir pela mata.

Algumas residências também teriam sido arrombadas a tiros. Moradores chegaram a fechar as portas das casas com madeira para dificultar a entrada de bandidos. A parte mais alta da Rocinha, que dá acesso à mata onde os traficantes estariam escondidos, está ficando deserta.

O presidente de uma das associações de moradores da Rocinha, William de Oliveira, disse que os moradores da favela estão com medo de sair de casa. Segundo ele, os amigos da babá Fabiana dos Santos Oliveira, morta sexta-feira à noite dentro da favela, tiveram medo de ir ao enterro da jovem:

- As pessoas têm medo de sair da favela. Não sabem se depois vão conseguir voltar para as suas casas.

Apesar da guerra anunciada, os moradores da Rocinha não esperavam que o conflito fosse ocorrer, ainda mais num feriado santo, segundo William.

- A Rocinha está voltando ao tempo em que havia guerra de traficantes. Hoje os moradores não dependem apenas de seus trabalhos, mas do turismo que é realizado na favela. As pessoas hoje estão muito tristes. Pela manhã se sentem mais seguras, mas não sabem o que pode acontecer a qualquer momento. Só estão indo para a rua se for muito necessário.

William lamenta os conflitos ocorridos na Rocinha. Ele espera que o poder público abrace a causa da comunidade. Hoje a Rocinha é reconhecida por realizar trabalhos sociais e abrigar ONGs que dão assistência aos moradores da favela.




Fonte: O Globo

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