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Polícia Brasil
Quarta - 07 de Abril de 2004 às 14:25
Por: José Ribamar Trindade

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O delegado da Polícia Civil, Edgar Fróes, está recolhido, sozinho, desde sua prisão em 19 do mês passado, atrás de uma grande da Delegacia de Polinter e Capturas. E se depender da Polícia e da Justiça, Fróes vai continuar preso por muito tempo. A delegada Ana Paula Faria, da equipe de investigações da Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP) e presidente do inquérito que ficou conhecido como o “Crime da Rua Tóquio”, vai representar pela prisão do delegado e de mais duas pessoas.

Ou seja, se a Justiçar acatar a representação, o delegado Fróes deixará de ser um provisório com mandado temporário por 30 dias, para passar a cumprir prisão enquanto aguarda o julgamento, onde é acusado de matar duas pessoas: a empresária Marluce Maria Alves, de 51 anos, e do filho dela, o então estudante de Direto Rodolfo Alves Lopes, 21.

Mãe e filhos foram executados ajoelhados, cada um com um tiro na cabeça, na sala da casa da família, localizada na Rua Tóquio, no elegante bairro Shangri-lá, área nobre de Cuiabá. Os matador fugiram em uma moto. Ainda na noite do dia do crime, policiais do Grupo de Combate ao Crime Organizado (GCCO) receberam uma ligação anônima e prenderam Benedito Costa Miranda, o “Piré”, de 32 anos.

Na manhã do dia seguinte policiais da DHPP prenderam o adolescente identificado como “Branco”, apontado por “Piré” como o autor dos tiros que mataram Marluce e Rodolfo. Ontem também foi preso Hildebrando dos Passos, o “Hulk”, 27, o homem que pilotou a moto para levar “Branco” até a casa das vítimas.

“Piré” também entregou o mandante, que para surpresa de todos era o delegado Fróes. Todos, no entanto, pensavam que o duplo homicídio havia sido encomendado pelo empresário Ezequiel Lopes, ex-marido de Marluce e pai de Rodolfo, que chegou a ser detido para prestar declarações sobre sua suposta participação. Lopes brigava na Justiça com ex-mulher pelo pagamento de pensão alimentícia.

Em um beco sem saída, Lopes disse que era inocente, mas que tinha consciência de que era o principal suspeito. “Sei que sou suspeito, mas confiou no trabalho da Polícia para chegar até os culpados”, desabafou Lopes.

No dia 19, um dia após a tragédia, mesmo dia em que o delegado Edgar Fróes foi preso, a reportagem de 24 Horas News trouxe à tona o envolvimento da empresária Marluce com uma Fectorin, e que o duplo homicídio poderia estar ligado a questões de dívidas. O delegado João Bosco de Barros, titular da DHPP, que acompanhou as investigações desde o início e levantou as primeiras provas, realizou as prisões, não descartou as relações do crime com fectorigs, mas ponderou que o motivo do crime poderia ser outro.

Convicto de que o delegado Fróes estava envolvido e que seria o mandante, o delegado Bosco e a delegada Ana Paula passaram a depender do resultado da quebra do sigilo telefônico de todos os envolvidos. Dito e feito, no dia 17, um dia antes do crime, Fróes ligou 21 vezes para o dono de fectoring em busca de conseguir dinheiro.

O dinheiro que ele queria era para pagar a dívida de R$ 15 mil, já paga pela empresária Marluce a fectoring de Trajano Souza Filho, que também aparece no rastreamento das ligações telefônicas. Ao ser ouvido em declarações na DHPP na noite de ontem, Souza confirmou que havia emprestado R$ 32 mil para Marluce.

Souza também confirmou que delegado Edgar Fróes intermediou as negociações da dívida, feitas dentro da Delegacia Distrital do Porto. Marluce pagou R$ 6 mil em dinheiro e dois cheques de R$ 5 mil. Dias depois pagou mais R$ 15 mil. Fróes recebeu R$ 15 mil de Marluce para repassar a Souza. Deu um recibo para a empresária, mas não repassou a quantia a Souza.

Ao cobrar do delegado, Souza recebeu como resposta que Marluce estava enrolando, mas ao falar com a empresária, ela exibiu um documento onde comprovava que havia pago a dívida. Marluce então procurou o delegado Fróes, quando lhe informou que caso ele não resolvesse o problema, iria denunciá-lo na Corregedoria Geral de Polícia Civil. Foi a sua sentença de morte.

Como o delegado Fróes não conseguiu levantar o dinheiro em outra fectoring, resolveu, no mesmo dia 17 tramar a morte de Marluce para o dia seguinte. Para a Polícia as investigações estão concluídas, agora com o verdadeiro motivo da violência. Só resta fazer o relatório e enviar para a Justiça, já com a representação de prisão preventiva contra o delegado Frós como mentor intelectual (mandante). Preventiva também para Piré e Hulk como có-autores. “Branco” que só tem 17 anos, vai ficar no Lar do Adolescente (antiga Fazendinha).




Fonte: 24 Horas News

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