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Politica Brasil
Terça - 06 de Abril de 2004 às 18:36
Por: Onofre Ribeiro

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A dança do PPS para escolha do candidato a prefeito de Cuiabá mostra imaturidade política, falta de comando partidário, falta de projeto político e, sobretudo, se não há comando, sobra autoritarismo. Lembre-se que o candidato inicial ungido pelo governo foi o deputado estadual Carlos Brito, chefe da Casa Civil, descartado depois que deixou o cargo, em favor do deputado estadual Sergio Ricardo.

Inesperadamente, este acaba substituído de maneira truculenta pelo secretário de Obras da prefeitura de Cuiabá, Marcelo de Oliveira. Pior. Por um provável candidato que é filiado ao PMDB.

Então, perguntaria o leitor: Qual é o projeto do PPS que mata duas candidaturas e escolhe uma possível – que pode ser a terceira ou até a quarta candidatura – de um partido sabidamente fisiológico e que tem um comando estadual com mão de ferro?

Na verdade, faltou autoridade política ao governador do estado para se posicionar no episódio, uma vez que o seu partido troca dois candidatos de grande densidade eleitoral por alguém que ele sequer conhece. Além do mais, parece a qualquer um de bom senso que é preciso um projeto super-consistente para suportar a mágoa dos dois deputados descartados.

A questão do autoritarismo do PPS está ligada a um único fato: suas lideranças não sabem pensar politicamente. O prefeito de Cuiabá, Roberto França, condutor da eleição, nunca precisou de estratégias para se eleger. Sempre aproveitou vácuos e erros dos adversários. Apenas seguiu a correnteza. O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, elegeu-se sobre erros dos adversários e, por isso, não precisou pensar e nem arquitetar uma eleição.

Aí, quando se chega a uma eleição de disputas acirradas entre, pelo menos três candidaturas iniciais fortes: a do PPS, do PSDB e do PT, começaram as bobagens. Cada passo dado tem sido uma bobagem diferente.

É preciso recuperar memórias. O deputado Carlos Brito sempre foi candidato a prefeito pelo PPS. Sérgio Ricardo migrou do PFL, convidado pelo prefeito Roberto França com o compromisso de ser o seu candidato na disputa interna. O governador teve atitude dúbia em todos os momentos e agora sela a sua sorte dizendo que sairá fora do processo eleitoral.

Com isso, seguramente o prefeito França o culpará de inspirá-los nas confusões que estão acontecendo dentro do partido por causa das candidaturas. E o governador que até agora tem sido o único perdedor, terá que voltar ao processo eleitoral em Cuiabá para salvar a sua pele. E ficará arranhado, porque a base do PPS já não acredita mais na cúpula. E, certamente os dois candidatos anteriores, Carlos Brito e Sergio Ricardo não poderão ser culpados. Um por ter aberto mão da pré-candidatura em nome da unidade partidária, apesar de magoado. O segundo, em plena campanha sai empurrado fora da rodovia. O fato é que ambos assistirão uma eleição do seu partido com o coração cheio de mágoas.

O traumatismo interno no PPS abre espaços para candidaturas anteriormente inviáveis, como a do empresário Jorge Pires. E deixa abertas feridas absolutamente desnecessárias por incapacidade de pensar que se transforma em truculência.

* Onofre Ribeiro é jornalista em Cuiabá e escreve para o Reporter News.




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