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Politica Brasil
Quarta - 03 de Março de 2004 às 10:03
Por: Adriana Vandoni Curvo

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Certas pessoas com problemas psicológicos relacionados à ansiedade, neuroses e desadaptações, podem se desligar da realidade e se negar a aceitar sua consciência. Para isso usam formas diferentes de alienação, formam imagens mentais sobre algo não presente e vivem nesses e desses devaneios. Muitas vezes se imaginam capazes de realizar algo que normalmente saberiam ser impossível, se alimentando de idéias de grandeza delirante e irreal.

Existem graus variados desse distúrbio, da megalomania em psicopatas como Saddam Hussein que, em claro delírio, se imaginou capaz de enfrentar os EUA, a pessoas comuns, próximas a nós, que costumam construir seu mundo particular como defesa.

Mas, e nosso presidente, que eu não perco de vista! O que deu nele? Sabemos da sua origem humilde e dos seus extraordinários méritos por chegar aonde chegou. Será que realmente se acha capaz do que tem dito em seus discursos Brasil e mundo afora?

Em 2003 em encontro com Bush, Lula disse: "Sem dúvida, eu acho que nós poderemos surpreender o mundo com a relação Estados Unidos e Brasil", retórica linda que não traduz nada. Surpreender no quê, excelência? Vamos nos juntar aos EUA para mostrar o quê ao mundo? Talvez surpreender na nossa capitulação aos ideais econômicos ianques. Vamos agradar as bancas ao norte do Equador!

Lula, que desde o início do seu mandato se via como um verdadeiro salvador nacional, acreditando nos seus homens de boa vontade - amém!, repete em várias situações que assumiu um país quebrado. Não lhe tiro a razão, mas passado pouco mais de um ano de governo, sem ainda ter conseguido corrigir do estrago herdado, se lança em campanhas mais audaciosas e grandiosas. Passou a se ver como o salvador do universo ao declarar que ficará realizado "se conseguir acabar com a fome no mundo". Convenhamos, talvez deva deixar esta tarefa para o Todo-Poderoso.

Recentemente, antes de viajar para a Venezuela, disse que realiza "o maior programa social já visto na face da Terra", provavelmente acredite nisso por não ter tido oportunidade de freqüentar aulas de história.

Com essa postura messiânica e esse linguajar peregrino, Lula vem tangenciando o mito da infalibilidade, deixando de falar apenas sobre o papel dos brasileiros na construção do Brasil para discorrer sobre a missão do homem na terra, se colocando entre a vontade divina e a vontade popular.

Mas para isso existe solução. Como o governo federal pretende, mesmo com o contingenciamento de gastos, contratar DASs, vai aqui a minha sugestão. Na Roma Antiga, quando os guerreiros voltavam de uma batalha vitoriosa, eram saudados com tão grandioso entusiasmo popular que um sacerdote era escalado para ficar repetindo: "Lembra-te de que és mortal! Lembra-te de que és mortal!".

* Adriana Vandoni Curvo é Economista, Especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas/EBAPE - Rio de Janeiro. Consultora na área de Administração Pública e Formulação de Políticas Públicas. Membro do Conselho Regional de Economia – MT. Diretora de Estudos Sócio-Econômicos do Sindicato dos Economistas de Mato Grosso. Professora universitária de Teoria Econômica e Economia Internacional no Instituto Cuiabano de Educação – ICE. Articulista do Jornal a Gazeta e do site Reporter News.




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