Representante reafirma interesse dos EUA em negociar a Alca

O representante especial de Comércio dos Estados Unidos, Rob Portman, disse em Paris nesta quarta-feira que o governo de seu país mantém o interesse nas negociações para a criação de uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Portman, que participa das negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) que acontecem hoje na capital francesa, disse que falou sobre o assunto com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, durante seus encontros bilaterais desta semana.

"Acredito que também é do interesse da América Latina ter uma maior integração econômica", disse Portman durante uma entrevista coletiva, afirmando que "não foi definido nenhum calendário" sobre a próxima etapa das negociações.

As negociações entre os países latino-americanos, exceto Cuba, para a criação de uma Área de Livre Comércio das Américas abrangendo um mercado de mais de 800 milhões de consumidores deveriam ter terminado no início deste ano.

As trocas comerciais no continente americano equivalem a mais de 600 bilhões de dólares por ano.

O ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, lançou essa idéia há dez anos, mas depois de várias cúpulas continentais em nível ministerial e inúmeras em nível técnico, as negociações estão paralisadas por causa das posições divergentes dos principais promotores da iniciativa, Brasília e Washington.

No próximo dia 12 de maio, representantes dos governos brasileiro e americano devem voltar a discutir em Washington os pontos que criam obstáculos nas negociações da Alca.

Esse assunto já foi abordado durante a recente visita da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, ao país quando se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Como em outras negociações comerciais multilaterais, os obstáculos para os diplomatas aparecem em assuntos relativos aos subsídios agrícolas e a abertura do mercado de serviços, da mesma forma que acontece nas atuais conversações da Organização Mundial do Comércio (OMC).

p>Portman disse que "é uma negociação que já dura vários anos" e que "consiste com outros tratados de livre comércio que os Estados Unidos já têm", como o tratado com seus vizinhos Canadá e México alcançado no início dos anos 90.

O comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, - que também participa das reuniões da OMC em Paris - falou sobre as negociações comerciais de Bruxelas com os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai).

"Acreditamos que um acordo com a União Européia pode ser benéfico para o Mercosul. Desejo uma bem-sucedida e ambiciosa conclusão das negociações", disse Mandelson, acrescentando que "é preciso ser realista, e ver que há negociações multilaterais em paralelo que podem ter efeito".