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Saúde
Terça - 27 de Maio de 2014 às 21:21

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Rafael Ribeiro/Divulgação/CBF
O goleiro Victor realizou o teste nerovisual nesta segunda-feira (26) na Granja Comary
O goleiro Victor realizou o teste nerovisual nesta segunda-feira (26) na Granja Comary

A neurociência é uma das armas da Seleção Brasileira para a disputa da Copa do Mundo. Goleiros e jogadores do Brasil passaram por dois exames novos de avaliação neurovisual. O primeiro teste mede a capacidade do jogador de perceber onde a bola vai chegar em um curto espaço de tempo. O segundo é específico para os goleiros: monitora o movimento dos olhos durante a cobrança de um pênalti, com o objetivo de aprimorar sua habilidade para defender. É a primeira vez que a Seleção Brasileira aplica esses testes nos jogadores.

Os exames foram desenvolvidos pelo professor Olival Cardoso do Lago, da Escola Superior de Educação Física de Jundiaí (Esef) em sua tese de doutorado. Ele e sua equipe multidisciplinar foram convidados no início do ano pela Confederação Brasileira de Futebol para aplicar os testes nos jogadores da Seleção. Os exames foram aplicado nesta segunda-feira (26), na Granja Comary, em Teresópolis (RJ).

Os goleiros Júlio César, Jefferson e Victor usaram um óculos especial ligado a sensores de transmissão que mede para onde o goleiro olha no momento em que um jogador vai cobrar o pênalti. O óculos tem uma microcâmera na parte superior, com uma luz vermelha, que filma para onde o goleiro está olhando. Ele deveria olhar para um monitor à sua frente com um vídeo de um jogador chutando o pênalti em imagem foi tomada a partir da visão do goleiro, debaixo do gol. A outra microcâmera, junto ao nariz, filma o olho do atleta com foco na sua pupila.

“Neste teste é possível medir a movimentação ocular do goleiro quando ele vai defender um pênalti”, explica o professor Olival Cardoso do Lago, da Escola Superior de Educação Física de Jundiaí (Esef), que integra a equipe de pesquisadores convidada pela Confederação Brasileira de Futebol para aplicar o teste nos jogadores da Seleção. “O exame mostra quais recursos visuais ele está aplicando e para onde ele está olhando: se para os olhos do atacante, para o pé de apoio, ou para a bola. A partir desses dados é possível ao treinador de goleiros junto com o atleta aprimorar as estratégias para defender o pênalti.”

Durante o teste, a imagem é cortada na hora em que o pé do jogador chega na bola. A partir da percepção visual, o goleiro deve indicar para que lado a bola foi chutada. “São informações importantes que mostram as pistas visuais que o goleiro observa quando vai defender o pênalti”, indica Lago. “Como o goleiro tem pouco tempo de reação, com este teste é possível ver se ele está fazendo o movimento do corpo muito cedo. Pode dar chance para o atacante perceber o local para onde ele está indo ou se está esperando por muita informação e saindo mais tarde que o necessário para pular na bola.”

Olho na bolinha

O outro exame é chamado “perseguição lenta” e foi aplicado em todos os jogadores, inclusive os goleiros. Nele, o jogador usa um capacete também com um óculos especial que vai medir a movimentação dos olhos. O atleta olha uma tela de computador onde uma bola se movimenta o tempo todo, primeiro na vertical, depois na horizontal, e aumenta e diminui de velocidade. O teste dura cerca de dois minutos. "Foi difícil colocar o capacete na cabeça do David Luiz com toda aquela cabeleira", brinca o professor.

Na aplicação prática, este teste serve para aferir, por exemplo, se o zagueiro consegue antecipar onde estará a bola segundo a sua velocidade e trajetória em um cruzamento, ou se um atacante percebe o deslocamento de outro jogador para fazer o passe no tempo e na velocidade ideal. “O cérebro do atleta usa as informações obtidas pelo olho para fazer previsões do ponto de vista neural de onde a bola vai estar”, explica Lago.

Também participam da equipe a professora Martina Navarro, do departamento de oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e o engenheiro de computação Camilo Rodegheri, da Universidade de São Paulo (USP). Eles foram convidados pela médica oftalmologista Taly Ajdelsztajn, que trabalha juntamente com o chefe do departamento médico da Seleção, José Luiz Runco. A equipe está tabulando os resultados dos testes de cada jogador para passar para a Comissão Técnica da Seleção Brasileira. Os resultados são sigilosos, mas o professor Lago garante: “Nossos goleiros estão muito bem condicionados”.





Fonte: Do G1

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