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Repórter News - reporternews.com.br
Saúde
Quinta - 19 de Junho de 2014 às 12:48

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No Brasil, há cerca 25 milhões de fumantes acima dos 15 anos. Você é um deles ou conhece alguém que faz parte dessa estatística? Então, saiba que: em cada dois dependentes, um vai morrer por problemas relacionados ao tabaco. Segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer), o cigarro mata 200 mil brasileiros por ano. Apesar dos números alarmantes, no Dia Mundial sem Tabaco, comemorado no último sábado (31), especialistas ouvidos pelo R7mostram como largar o vício agora e ter uma vida melhor. Como incentivo, saiba que nos últimos seis anos caiu em 20% o número de fumantes no País, de acordo com dados recentes do Lenad (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas), realizado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Para o pneumologista José Roberto Jardim, da Unifesp, só há um modo de deixar o cigarro de lado: querer.

— Não adianta dar bronca, porque o fumante só vai largar se quiser. E, para isso, precisa ter uma razão, como medo de ficar doente, ter alguém da família ou amigo próximo que está doente por causa do cigarro ou mesmo achar que já fumou demais e que o cigarro não está trazendo mais nenhum benefício.

Em cada tragada, o fumante inala 7.000 substâncias diferentes, sendo 4.700 delas conhecidas. A nicotina está entre elas, mas, ao contrário do que muitos acreditam, é a que menos faz mal à saúde, alerta Jardim.

— Seu grande problema é a dependência. Desse total de substâncias conhecidas, de 40 a 50 são cancerígenas, ou seja, em cada tragada, a pessoa inala essa totalidade de “poluentes” para o pulmão.

Sou dependente mesmo?

O tempo de tabagismo não é o principal obstáculo do fumante. Segundo o especialista, o grau de dependência à nicotina é um dos fatores determinantes para ele ter mais ou menos dificuldade na hora de abandonar o vício. Para saber se o paciente é muito ou pouco viciado, basta fazer simples perguntinhas aos fumantes, explica a cardiologista Jaqueline Issa, diretora do Programa de Tratamento de Tabagismo do Incor (Instituto do Coração).

— Há um questionário para pessoas que fumam mais de 20 cigarros por dia. Verificamos, por exemplo, se essa pessoa fuma nos primeiros cinco minutos do dia. Se sim, o grau de dependência dela é elevado. Mas há também aquelas pessoas que consomem poucos cigarros, mas também são dependentes. Questiona-se se eles necessitam fumar para: melhorar atenção e concentração, quando está preocupado, tenso, estressado ou depressivo ou se fuma apenas em ambientes festivos e situações de prazer.

Alden Merlin e Isais Lanzeloti - Arte/R7

Tratamentos eficazes

Segundo Jaqueline, dependendo da quantidade de respostas, é possível determinar o grau de dependência e, assim, descobrir o melhor tratamento.

— No grau mais moderado da dependência, por exemplo, a simples mudança na rotina e atividade física já ajudam a largar o vício. Já para quem está dependente em grau de moderado a elevado, o tratamento com medicação alivia muito o desconforto e aumenta a chance de abandonar o cigarro.

Além da dependência física, o pneumologista Oliver Nascimento, presidente da SPPT (Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia), lembra que também há a "dependência psicológica e mecânica" que torna o processo ainda mais difícil.

— Muitas vezes, o fumante associa o cigarro ao cafezinho, outros têm o hábito de ficar mexendo no cigarro, por isso parar essas ações manuais depende muito da força de vontade. Se a pessoa não quiser, não há remédio milagroso que alcance esse resultado.

Jardim ainda ressalta que a ajuda profissional e o tratamento medicamentoso entram em cena quando o paciente já está dependente da nicotina.

— Se a pessoa não for dependente, pode largar de fumar sem muito sofrimento. Se ela fuma toda vez que toma café, precisa deixar de tomar café, por exemplo. Às vezes, há necessidade de associar à medicação.

Normalmente, o fumante precisa tomar remédio de três a seis meses, mas o tratamento dura cerca de um ano, explica a cardiologista. Ainda de acordo com Jaqueline, após o fim do uso do medicamento, o paciente precisa de apoio motivacional e incentivo do médico.

Adesivo, goma de mascar e cigarro eletrônico

Para aqueles com pouca dependência, uma alternativa pode ser o tratamento de reposição de nicotina, com o adesivo e a goma de mascar, explica a cardiologista do Incor. Mas a especialista ressalta que a “eficácia destes tratamentos é muito pequena”.

— A quantidade de nicotina que estes produtos liberam no corpo é muito pequena e demora muito a chegar ao cérebro, o que poderá não fazer diferença para a pessoa.

Já o polêmico cigarro eletrônico — proibido no Brasil, mas liberado nos Estados Unidos — não deve ser realmente utilizado como tratamento, segundo Jaqueline.

— Cigarro eletrônico é o novo caminho para a dependência à nicotina, pois os usuários ficam dependentes do aparelho. Você está trocando um vício pelo outro e a pessoa deve buscar tratar o vício. Além disso, ele também tem substâncias cancerígenas. Tenho vários pacientes que são viciados em cigarro eletrônico.

Além disso, o presidente da SPTT afirma que hoje não há uma padronização das substâncias que compõem o cigarro eletrônico, portanto, pode trazer substâncias prejudiciais à saúde.

Apesar de liberado nos EUA, o pneumologista da Unifesp José Roberto Jardim ressalta que o país está "estudando uma medida para regulamentação da venda", pois, segundo ele, há "um aumento na quantidade de adolescentes de 14 e 15 anos fumando cigarro eletrônico".

— Eles estão usando pela moda. O receio do governo [americano] é que, ao final, estes adolescentes terminem viciados em cigarro. Uma curiosidade é que lá os fumantes pagam taxas mais altas de saúde que os obesos. Os dependentes do tabaco têm mais risco de morte.

Não tenha medo de engordar

Um dos grandes medos do fumante é engordar ao largar o cigarro. Mas, fique calmo! Segundo os especialistas, isso realmente acontece, mas o ganho de peso é tão baixo, entre 1,5 kg e 2 kg, que chega a ser insignificante. O médico da Unifesp aponta algumas razões para este cenário.

— Quando a pessoa fuma, ela irrita os órgãos sensores do cheiro, o que acarreta em prejuízo do paladar. Quando ela vira ex-fumante e passa a sentir gosto, é natural que coma mais.

Entre outros motivos estão a vontade de comer mais carboidrato, a ansiedade que faz a pessoa substituir o cigarro pela comida e a melhor absolvição do organismo.

— A nicotina contrai os vasos do intestino e do estômago e, ao parar de fumar, os vasos dilatam e, consequentemente, absolvem mais comida.

Portanto, não hesite: deixar o cigarro melhora a “qualidade de vida, a redução do risco de desenvolver doenças associadas ao cigarro, a respiração, o fôlego, o cansaço e tudo mais”, garantem os médicos.





Fonte: Do R7

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