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Sábado - 21 de Junho de 2014 às 07:48

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Polícia Militar estimou número de manifestantes em 45 mil na capital.
Renê Dióz/G1
Renê Dióz/G1

O maior protesto da história de Cuiabá completa um ano nesta sexta-feira (20) sem ter provocado mudanças objetivas no panorama político e social alvo dos cerca de 45 mil manifestantes. A avaliação é dos articulistas e historiadores Alfredo da Mota Menezes e Pedro Félix. Segundo eles, a movimentação nas ruas no dia 20 de junho do ano passado se limitaram a expressar um sentimento generalizado de descontentamento, mas sem ter produzido mudanças desde então.

Os protestos em Cuiabá no dia 20 de junho de 2013 seguiram a mobilização nacional iniciada em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. O movimento nasceu nas grandes capitais do país reivindicando passe livre no transporte público, mas acabou tornando-se uma manifestação de caráter difuso, pelo fim da corrupção, contra os gastos com a Copa do Mundo de 2014, contra a Proposta de Emenda Constitucional 37 e outros.

Em Cuiabá, os manifestantes se reuniram na Praça Alencastro, centro da cidade e onde se localiza a sede da Prefeitura. A multidão seguiu em passeata até o prédio da Assembleia Legislativa. Inicialmente, a Polícia Militar estimou que 30 mil pessoas foram às ruas, mas em seguida o número foi revisto para 45 mil. Até então, a maior movimentação popular já vista na capital mato-grossense havia sido no comício de apoio à campanha 'Diretas Já', em 1984.

Resultados

“Foi um despertar da cidadania. Foi bonito? Foi. Foi espontâneo? Foi. Mas o que trouxe de resultado concreto? Nada. Modificou alguma coisa? Nada!”, criticou o articulista Alfredo da Mota Menezes. Para ele, a expressão de descontentamento não foi suficiente para provocar alterações objetivas nas instituições políticas, para forçar uma mudança de comportamento das autoridades ou para efetivamente elevar a qualidade dos serviços públicos.

E, além disso tudo, a sensação de descontentamento permanece. Segundo Menezes, as pessoas ainda guardam insatisfação com “tudo isso que está aí” (bordão que simbolizou o caráter difuso das manifestações do ano passado) e, um ano depois, ainda anseiam por serviços públicos “padrão Fifa”.

“O que mudou na educação? E na saúde ou no transporte público? Quem fez algo que possa ser lembrado? As pessoas continuam descontentes, como as pesquisas mais recentes vêm mostrando. Logo após os protestos houve a redução no preço da passagem de ônibus aqui em Cuiabá, o que foi um engodo. E o programa 'Mais Médicos'? Melhorou a situação? Hoje nem se ouve mais falar. O que se deduz é que não se fez nada. Objetivamente, não houve nada. A única coisa que ficou foi o termo 'Padrão Fifa'”, observou Menezes.

Mudanças

A avaliação é semelhante à do também historiador Pedro Félix, segundo o qual os protestos mais serviram para gerar um despertar momentâneo da população mato-grossense, cujo efeito hoje é apenas um grau levemente mais elevado de atenção por parte das pessoas com o que acontece no plano político. No mais, o “gigante” voltou a um estado “meio letárgico” - declarou o analista, fazendo referência ao bordão “o gigante acordou”, utilizado pelos manifestantes de junho.

Depois das passeatas e demonstrações nas ruas, para o historiador a classe política apenas “fez cara de paisagem” e a população do estado voltou ao silêncio sem ver nada de avanços nos serviços públicos em seu dia-a-dia. Para Pedro Félix, as esperadas mudanças políticas reivindicadas nos protestos agora devem ser esperadas num processo que culmina com as próximas eleições.

“Não vimos propostas concretas de mudanças políticas, mas o resgate histórico foi estupendo. Não podemos dizer que não houve ganhos políticos à população, que está mais atenta aos velhos discursos, mas os resultados disso a gente só vai ver no dia 5 de outubro”.





Fonte: Do G1 MT

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