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Cidades/Geral
Quarta - 16 de Julho de 2014 às 21:47

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A procuradora da república Vanessa Zago Scarmagnan, que atua na Operação Ararath, na investigação de empresas que agem irregularmente como instituições financeiras sem autorização do Banco Central, é casada com o sócio de duas factorings que atuam em Cuiabá. A operação, desencadeada até o momento em cinco etapas, teve alvos de busca e apreensão na sua última fase pelo menos duas factorings que concorrem diretamente com as ligadas à família da procuradora.

Jean Cleber Lopes Sacarmagnani, marido da procuradora, é sócio das empresas de factoring que são de propriedade do pai dele, Claudecir Mathias Scarmagnani, a Positiva Factoring e Fomento Mercantil e a CM Factoring e Fomento Mercantil e Comercial. O pai dele ainda possui uma terceira empresa do ramo, a Fiel Assessoria e Cobrança.

Desencadeada em 20 de maio de 2014 pela Polícia Federal, a quinta fase da Ararath cumpriu mandados nas empresas Piran Sociedade de Factoring e Fomento Mercantil e a Borboun da Fomento Mercantil, algumas das principais firmas do ramo em Mato Grosso. Esta foi a mesma etapa em que foi pedido pelo Ministério Público Federal as prisões do ex-secretário de Estado Eder Moraes (PMDB) e do deputado estadual José Riva (PSD).

Vanessa já foi acusada pelo deputado José Riva, que agora é candidato ao governo de Mato Grosso, de agir “maliciosamente” a fim de prejudicá-lo com interesses políticos. No entanto, a atuação dela foi avalizada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que esteve em Cuiabá para se reunir com a força-tarefa da Ararath para definir novas estratégias de atuação.

O procurador-geral ainda revelou que Vanessa teria sido ameaçada após o seguimento da operação e por isso está sob proteção institucional. Contudo, nem Janot, nem Vanessa deram detalhes sobre a suposta ameaça.

Procurado pelo Olhar Direto, a força-tarefa do MPF responsável pelas investigações da Ararath afirmou inexistir qualquer suspeição ou impedimento dos procuradores. Isso porque o alvo da operação não é o ramo de factoring, mas qualquer empresa “que atuasse como se instituição financeira fosse concedendo empréstimos no mercado sem autorização do Banco Central”.

Confira abaixo a resposta do MPF na íntegra:

A investigação conduzida pelo Ministério Público Federal no caso que ficou conhecido como Operação Ararath não tem o objetivo de investigar o funcionamento de factoring, mas de qualquer empresa que atuasse como se instituição financeira fosse concedendo empréstimos no mercado sem autorização do Banco Central.

O foco da investigação nunca esteve ligado à atividade de fomento, até porque é autorizada pela legislação. Ao Ministério Público Federal não é dada a opção de escolher quem e quando investigar, sendo a sua missão constitucional atuar em todo e qualquer fato criminal que chegue ao seu conhecimento.

Na Operação Ararath, além de factorings já foram identificadas outros tipos de empresas concedentes de empréstimos sem autorização do Banco Central, como distribuidoras de alimentos, distribuidoras de combustíveis e securitizadoras.

Não há, nesse sentido, nenhuma suspeição ou impedimento de nenhum membro que integra a força tarefa do Ministério Público Federal cuja operação não mirou nenhuma atividade econômica específica, mas apenas aquelas empresas que agiam, à margem da lei, sob qualquer forma societária ou objeto social, concedendo empréstimos sem autorização do Banco Central.

Ararath

A Operação Ararath investiga um complexo esquema de lavagem de dinheiro - cuja estimativa de movimentação ultrapassa R$ 500 milhões – para o ‘financiamento’ de interesses políticos no Estado. Uma lista apreendida pela PF aponta que pelo menos 70 empresas utilizaram ‘recursos’ oriundos de esquemas fraudulentos de empréstimos.

Uma das peças do esquema é o empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, mais conhecido como Júnior Mendonça, dono da rede de combustível Amazônia Petróleo e que já atuou no ramo das factoring. Ele seria o operador de um banco ilegal e agora, após receber o benefício da delação premiada, é um informante da Polícia Federal.

A ação policial levou para prisão Eder Moraes,uma das figuras políticas mais emblemáticas do Estado. Homem forte do governo Blairo Maggi, atuou em cargos de destaques durante a sua gestão (2003 a 2010), como secretário de Fazenda, presidente da Agência da Copa do Mundo (Agecopa), da Casa Civil e também diretor da Agência de Fomento de Mato Grosso.

O próprio Blairo Maggi, agora senador, é investigado no esquema, assim como o governador Silval Barbosa (PMDB), o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), membros do Judiciário, Ministério Público, empreiteiros e empresários supostamente ligados ao ramo da agiotagem.





Fonte: Olhar Direto

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