Delator afirmou que deu propina para senador tucano esvaziar CPI, diz jornal Ao depor, Paulo Roberto Costa teria apontado Sérgio Guerra, que já morreu. Em nota, PSDB defende apuração 'independentemente da filiação partidária'.

Reportagem da edição desta sexta-feira (17) do jornal "Folha de S.Paulo" diz que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou em depoimento ao Ministério Público ter enviado dinheiro, em 2009, para o então presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), ajudar a esvaziar uma CPI da Petrobras, da qual o parlamentar era um dos integrantes.

Guerra presidiu o PSDB entre 2007 e 2013 e morreu em março deste ano. A CPI foi instalada em julho de 2009 e terminou em dezembro daquele ano sem pedir indiciamentos e sem apontar irregularidades na estatal.

Em nota, a assessoria do PSDB informou que o partido defende que "todas as denúncias sejam investigadas com o mesmo rigor, independentemente da filiação partidária dos envolvidos e dos cargos que ocupem.”

De acordo com a "Folha de S.Paulo", Francisco Guerra, filho de Sérgio Guerra, afirmou não ter nada a declarar sobre a acusação e disse que preserva "com muita honra" o legado do pai".

Paulo Roberto Costa foi diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012. Ele foi preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga esquema de lavagem de dinheiro.

Segundo as investigaões, Costa participava de esquema de corrupção na Petrobras. Em troca da prisão domiciliar, o ex-diretor firmou acordo de delação premiada para colaborar nas investigações. Desde então, presta depoimentos à Justiça e ao Ministério Público.

O jornal "Folha de S.Paulo" informou que ouviu quatro pessoas envolvidas nas investigações da Operação Lava Jato. De acordo com o o jornal, Costa citou Guerra em um dos depoimentos da delação premiada. Ele teria afirmado que tomou providências para que o dinheiro fosse entregue a Sérgio Guerra, mas ressalvou não saber se ele efetivamente recebeu.

Segundo informou o jornal, Paulo Roberto Costa disse no depoimento que empresas prestadoras de serviço à Petrobras tinham interesse em encerrar as investigações da CPI, a fim de que não fossem prejudicadas nos negócios que mantinham com a estatal.

Depois de ter sido noticiado pelo site do jornal, o assunto virou tema do debate desta quinta (16) transmitido pelo SBT entre os candidatos a presidente Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), o segundo confronto entre os dois presidenciáveis no segundo turno.

A candidata petista disse que o tucano tem "dois pesos e duas medidas" e ele respondeu dizendo que, pela primeira vez, a presidente reconheceu as denúncias de Paulo Roberto Costa.