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Economia
Quarta - 21 de Janeiro de 2015 às 11:13

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Aumento de impostos e luz mais cara devem pressionar a inflação
Aumento de impostos e luz mais cara devem pressionar a inflação

O primeiro mês de 2015 já passou da metade e a nova equipe econômica — liderada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy — trabalha a todo vapor para melhorar as contas públicas e, por tabela, a vida da população. Mas o que efetivamente vai mudar na vida do brasileiro?

O ano começou com notícias que vão pesar no bolso do consumidor, a começar pelos impostos mais altos, a escalada da inflação e conta de energia mais cara (veja exemplos no quadro abaixo).

A nova equipe econômica de Dilma Rousseff já deixou claro que a prioridade é equilibrar as contas públicas. Mas, para ajustar o orçamento, o corte de R$ 1,9 bilhão nos gastos mensais do governo, anunciado no início deste mês, não será suficiente.

Por isso, é necessário também aumentar a arrecadação. O pacote de elevação de tributos foi anunciado pelo ministro Levy na última segunda-feira (19) e deve aumentar a receita do governo em R$ 20 bilhões no ano de 2015.

O aumento mais significativo virá dos impostos dos combustíveis. O governo aumentou a Cide (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) e o Pis/Cofins da gasolina e do diesel. Somando os dois impostos, a gasolina vai ficar R$ 0,22 mais cara e o diesel pode vai subir R$ 0,15.

Esse aumento vai impactar diretamente as refinarias de petróleo, mas a Petrobras já avisou que vai repassar os impostos para as distribuidoras. Isso significa que, nas bombas, a gasolina e o diesel também devem ficar mais caros.

Energia elétrica

Outra conta a ficar mais cara em 2015 deve ser a de luz. Empresas de consultoria procuradas pelo R7 estimam que o aumento total na conta de energia neste ano deve ser de, em média, 40%. Isso porque o governo cortou do Orçamento os R$ 9 bilhões que estavam previstos para subsidiar as concessionárias de energia neste ano.

Com isso, as empresas vão ter de rever as contas. Em reunião na última terça-feira (20), a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) concluiu que vai precisar de um reajuste no valor de R$ 23 bilhões em 2015 — valor que deve ser cobrado do consumidor.

Além disso, será incluído o dinheiro para pagar o empréstimo feito no ano passado, usado para financiar o desconto concedido por Dilma Rousseff em 2013.

O presidente da Trade Energy, Walfrido Ávila, avalia ainda que o acionamento das termelétricas é outro fator que vai encarecer a conta de luz.

— Nós vamos pagar mensalmente uma parte dos empréstimos feitos pelas concessionárias ano passado, que deixou de ser cobrada, e a geração térmica deste ano, que deve ser paga. Por isso esse aumento grande.

Com um aumento de 40% na conta, quem paga hoje R$ 50 pelo consumo de energia vai ver a despesa pular para R$ 70. Esse aumento será sentido ao longo do ano.

No entanto, de acordo com a projeção da Consultoria PSR, já em fevereiro os consumidores devem ter de pagar pelo menos 14% a mais pela energia. Isso porque a Aneel deve autorizar, ainda em janeiro, um reajuste extraordinário das tarifas.

Inflação e juros

Com gasolina e energia mais caras, os preços dos produtos também vão ficar pressionados. A previsão do mercado financeiro é de que a inflação deste ano deve ser maior que a de 2014 — que ficou em 6,4%. De acordo com as projeções, o brasileiro deve perder 6,6% do poder de compra ao longo de 2015 — um percentual maior que o teto da meta do governo, que é de 6,5%.

Nesse cenário, um trabalhador que ganha R$ 1.000 de salário, teria um poder de compra de R$ 934 (R$ 66 da remuneração seriam engolidos pela inflação acumulada), sem considerar os reajustes salariais concedidos às categorias de trabalhadores durante o ano.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já admitiu que em janeiro a inflação vai subir. Segundo ele, gastos extras com material escolar e os reajustes das passagens de ônibus são alguns dos fatores que vão pressionar os preços.

— Em janeiro, realmente a inflação deve ser um pouco mais alta do que em alguns meses do ano passado. Em parte é porque janeiro e fevereiro são meses em que, todo ano, tem mais reajustes, como de escola, IPTU, ônibus etc. Além disso, para a economia voltar a crescer, temos que fazer algumas arrumações e isso pode mexer em alguns preços.

Para controlar a inflação, a taxa de juros cobrada pelo bancos, que é estabelecida pelo Banco Central, também deve subir 0,75 ponto percentual ao longo de 2015. A previsão do mercado financeiro, feita em janeiro, é de que a Selic passe dos atuais 11,75% para 12,50% até o fim do ano.

De acordo com cálculos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), se a previsão se confirmar, uma geladeira de R$ 1.500 financiada em 12 meses, por exemplo, vai ficar R$ 7 mais cara no valor final. Já um carro popular de R$ 25 mil financiado em 60 meses pode ter um acréscimo de R$ 617 no valor final.

Fim das isenções

Outra medida adotada pela equipe econômica do segundo mandato de Dilma, que vai refletir no aumento do preço dos produtos, é o fim das isenções de impostos.

Para incentivar o consumo e manter a economia aquecida, Dilma vinha concedendo, desde 2012, diversas desonerações, aliviando os impostos para baratear os custos e possibilitar a queda nos preços. Mas, como agora o governo precisa aumentar a arrecadação, quer os impostos de volta.

O governo já aumentou, por exemplo, o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos cosméticos, alegando que precisa equiparar o tributo que é cobrado na indústria com a taxa vigente no setor de atacado dos produtos.

O IPI de automóveis zero-quilômetro chegou a 3% na época do pacote de bondades. Com o fim da desoneração, passa para 7% no caso dos carros populares.

Na avaliação do professor do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade de Campinas) André Biancarelli, a política de desonerações não funcionou e agora o governo terá de voltar atrás para recuperar a receita que deixou de ganhar nos últimos dois anos.

— É uma boa hora para rediscutir as isenções porque isso custou muito caro para o Brasil. No ano passado, as estimativas apontam para um custo de R$ 80 bilhões e claramente isso não deu o resultado esperado, seja do ponto de vista da produção industrial, seja do ponto de vista do investimento. É uma política que não deu certo.

O PIS/Cofins de produtos importados é outra alíquota que vai ficar mais cara em 2015. Se hoje a importação de produtos é tributada a uma taxa de 9,25%, a partir da publicação do decreto do governo o imposto vai passar para 11,75%.





Fonte: Do R7

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