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Turismo
Terça - 23 de Junho de 2015 às 14:30

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Abandonado, teleférico do Alemão não cobra mais ingressos e tem operação limitada

Gôndolas e vidros quebrados, grama sem poda, elevadores parados, falta de limpeza e até catracas abertas sem fiscalização. Ninguém paga mais pelo bilhete. Esses são os principais problemas enfrentados, há pelo menos dois meses, pelos mais de 12 mil passageiros do teleférico que cruza as favelas do Complexo do Alemão. Prestes a completar quatro anos, a realidade do sistema já é bem diferente de quando foi inaugurado com todas as honras pela presidente Dilma Rousseff, em julho de 2011.

Reconhecido como um símbolo do novo momento do conjunto de favelas, onde as Forças de Pacificação se instalaram em novembro de 2010, o sistema está em estado de abandono a poucos dias do fim do contrato entre o governo estadual e a SuperVia, que vai até o dia 7 de julho. A empresa, que recebe R$ 3, 2 milhões mensais pela operação e manutenção, não recebeu os repasses de dezembro e abril.

Logo na entrada da Estação Palmeiras, uma das seis do teleférico, crianças brincavam num pátio com entulho, ao lado de dois cavalos pastando. Um pouco à frente, cachorros reviravam um lixão a céu aberto. Poucos comerciantes se mantêm no local, hoje às moscas.

Responsável pela administração das 152 gôndolas, a SuperVia admite ter desmobilizado sua equipe de funcionários. Porém, a empresa garante que não inviabilizou a qualidade e a segurança operacional do teleférico.Essa não é a opinião de moradores que utilizam o transporte diariamente. O artesão Cléber Araújo lamenta o atual estado de conservação do teleférico. Para ele, as gôndolas no alto das favelas ajudaram a resgatar a autoestima da comunidade e a integrar a favela aos demais bairros do Rio.— É triste. Foi tanto dinheiro investido para mudar o estigma de pobreza do complexo. E, agora, parece que esqueceram de tudo — afirma Araújo.

Além disso, usuários também reclamam da redução do horário de funcionamento: das 6h às 21h, de segunda a sexta-feira, para 8h às 20h. Aos fins de semana, o sistema funciona das 10h às 18h.

Para quem trabalha com turismo, como eu, a redução do horário foi péssima. Diminuiu o movimento — diz Araújo.

Segundo a Secretaria estadual de Transportes, a mudança de horário no teleférico ocorreu pela suspensão do funcionamento para serviços de manutenção preventiva. A pasta disse ainda que as gôndolas voltarão a operar no horário antigo a partir de segunda-feira.

LICITAÇÃO DO TELEFÉRICO

Pelo menos 12 empresas disputam o contrato de prestação de serviços do teleférico do Alemão desde a publicação do edital de licitação, no dia 29 de maio. A concorrência, que chegou a ser adiada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), será realizada no dia 23 de julho.

De acordo com o secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, o prestador escolhido será responsável pelo funcionamento e manutenção do sistema. Um dos objetivos é reduzir o custo do serviço em tempos de crise econômica.

O secretário explica que a licitação será feita pelo critério do menor preço e promete que não haverá alteração no valor da tarifa do teleférico. Hoje, a passagem custa R$ 1 real para não moradores que utilizam Bilhete Único e R$ 5 reais para quem compra ingresso diretamente na bilheteria.

— Não vai haver mudança no preço porque é uma licitação de prestação de serviço. A receita da bilheteria não é do licitante. É do estado. Esperamos baixar o valor pago ao novo prestador.

O secretário aproveita para defende o papel do teleférico no programa de pacificação:

— A questão da violência é um tema, mas a gente acredita na política de pacificação e na superação desses problemas. O teleférico do Alemão é importante para estimular o turismo e há um grande potencial de crescimento de visitação lá.
EM MEDELLÍN, GESTÃO É DO METRÔ

Na cidade onde o Rio foi buscar inspiração para seu teleférico, o pioneiro Metrocable, inaugurado em 2004, funciona em horário bem mais amplo que o modelo do Complexo do Alemão. De segunda a sábado, os usuários das três linhas existentes podem usar o sistema das 4h30 às 23h, pagando menos de R$ 2. Aos domingos e feriados, o horário é restrito das 9h às 22h. O período estendido foi uma exigência da prefeitura, que financiou cerca de 75% das obras.

Administrado pela mesma empresa que gere o subterrâneo da cidade, o Metrocable é usado diariamente por cerca de 35 mil pessoas. Das três linhas existentes — outras duas estão em construção —, duas fazem conexão com o metrô. No total, são quase 300 gôndolas em operação.

Muito procurado por turistas, o passeio de teleférico descortina belas paisagens de Medellín, como o bairro Santo Domingo Savio e sua Biblioteca Parque Espanha — que também inspirou um projeto homônimo no Rio —, e ainda o Parque Arví, um dos pontos turísticos da cidade.





Fonte: O Globo

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