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Quarta - 31 de Agosto de 2016 às 07:33
Por: Veja.com/Marcela Mattos

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Em discurso, senador Fernando Collor (PTC-AL) durante sessão de julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff
Em discurso, senador Fernando Collor (PTC-AL) durante sessão de julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff

Vinte e quatro anos após deixar a Presidência da República como o primeiro mandatário da democracia brasileira a sofrer um processo de impeachment, o senador Fernando Collor de Mello (PTC) dá indicativos de que, a depender de seu voto, a presidente Dilma Rousseff amargará o mesmo destino. Em um discurso histórico, Collor subiu à tribuna do Senado nesta terça-feira para dizer-se alvo de uma “trama” em 1992 e afastar semelhanças entre as duas ações de impedimento.

“Hoje, a situação é completamente diversa. Além de infração às normas orçamentárias e fiscais, com textual previsão na Constituição como crime de responsabilidade, o governo afastado transformou sua gestão numa tragédia anunciada. É o desfecho típico de governo que faz da cegueira econômica o seu calvário, e da surdez política, o seu cadafalso”, disse Collor, lendo o discurso.

O ex-presidente recheou o seu esperado pronunciamento com menções a artigos e livros que classificaram o processo contra ele como um “golpe” de 1992. Ainda assim, ele saiu em defesa da destituição de um presidente, classificada como um “remédio constitucional de urgência” quando o governo, além de cometer crime de responsabilidade, perde as rédeas do comando político e da direção econômica do país. “A verdade é que a história brasileira passa a mostrar que a real política, com suas forças embutidas e seus caminhos tortuosos leva, inescapavelmente, ao uso do impeachment como solução de crises. Disso, não haveremos de fugir”, vaticinou.

Collor também recorreu a trecho de emblemática nota chancelada por entidades favoráveis a seu impeachment. Detalhe: o documento, de 1992, é assinado por membros do Movimento Sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e União Nacional dos Estudantes (UNE), fiéis claques do governo petista. “A constatação de que a crise que abala a nação não é, como se pretende insinuar, nem fantasiosa, nem orquestrada, porém, originada do próprio Poder Executivo, que se torna, assim, o único responsável pela ingovernabilidade que ele mesmo criou e que tenta transferir para outros setores da sociedade”, diz a nota.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que apresentou denúncia contra Collor, foi relembrada: “O país não vive, como alardeiam setores mais radicais, qualquer clima de golpe. Até porque a nação não suporta mais tal prática. O que o povo brasileiro deseja, e tem manifestado seguidamente, é a decência e a firmeza, traduzidas na transparência e probidade no trato da coisa pública”. O documento é de agosto de 1992.

Em tom irônico, o ex-presidente concluiu: “Ontem, senhor presidente, eram inúmeras as simulações. Hoje, inúmeras são as dissimulações”. Na sequência, deixou o plenário. A votação do impeachment de Dilma está prevista para esta quarta-feira.





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