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Ciência/Pesquisa
Quinta - 26 de Janeiro de 2017 às 15:45
Por: Veja.com

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A pesquisa fez ressurgir o debate sobre as diferenças entre os cérebros feminino e masculino (Istock/Getty Images)
A pesquisa fez ressurgir o debate sobre as diferenças entre os cérebros feminino e masculino (Istock/Getty Images)

Um estudo divulgado na quarta-feira revelou que, quando confrontados com um desafio mental enquanto fazem uma caminhada, por exemplo, os homens têm alterações no movimento, o que não acontece com a maioria das mulheres. Caminhando em uma esteira ergométrica, homens – e mulheres com mais de 60 anos – passaram a balançar menos o braço direito quando realizavam simultaneamente um teste de linguagem complicado, descobriram os pesquisadores.

Com isso, a pesquisa reabriu o debate sobre as diferenças cerebrais entre os gêneros, sugerindo que mulheres teriam uma habilidade maior para realizar diferentes tarefas ao mesmo tempo. Os resultados foram publicados na revista científica Royal Society Open Science.

Acredita-se que tanto a função da linguagem como o balanço do braço direito são controlados principalmente pelo hemisfério esquerdo do cérebro.

“As mulheres com menos de 60 anos pareciam resistentes a esse efeito, visto que eram capazes de realizar a tarefa verbal sem mudanças no balanço do braço”, disse à AFP a coautora do estudo Tim Killeen, neurocientista do Hospital Universitário Balgrist, na Suíça. “Nos homens e nas mulheres mais velhas, a tarefa verbal parece sobrecarregar o hemisfério esquerdo, na medida em que o movimento do braço direito é reduzido”, acrescentou.

“Ficamos surpresos de encontrar uma diferença de gênero tão consistente na forma como dois comportamentos relativamente simples – controle cognitivo e balanço do braço – interagem entre si”, disse Killeen.

A equipe usou câmeras infravermelhas para registrar os padrões de caminhada na esteira em 83 pessoas saudáveis, com entre 18 e 80 anos. Os participantes foram convidados a caminhar – primeiro normalmente e, em seguida, enquanto executavam uma tarefa verbal chamada teste Stroop. Desenvolvido na década de 1930, o teste consiste na impressão do nome de uma cor, como “vermelho”, em tinta de uma cor não correspondente – verde, por exemplo. Em seguida, pede-se a uma pessoa que olhe para a palavra e diga qual é a cor da tinta.

Melhores na linguagem?

O teste é difícil, explicou Killeen, porque o cérebro humano “vê” tanto a palavra escrita como a cor da tinta, e deve conciliar as duas.

Durante uma caminhada normal, os braços esquerdo e direito balançaram igualmente. “Quando adicionamos a tarefa verbal, observamos que em homens de todas as idades e em mulheres acima de 60 anos, essa simetria foi rompida, com uma redução no balanço do braço direito, enquanto o braço esquerdo continuava balançando normalmente”, disse Killeen.

A pesquisadora, no entanto, não acredita que isso prove que as mulheres são melhores na realização de multitarefas. “Acho que isso mostra que as mulheres mais jovens podem ser capazes de resistir à interferência desses dois comportamentos bastante específicos”, disse a pesquisadora.

Ainda não foi demonstrado se esse padrão se aplica a outras atividades simultâneas – como dirigir e falar ou andar e enviar mensagens de texto ao mesmo tempo, por exemplo. Segundo a cientista, também não está claro se a habilidade de uma mulher de realizar o desafio para o cérebro no seu passo normal lhe confere qualquer vantagem sobre os homens.

Os pesquisadores acreditam que o fato de mulheres com mais de 60 anos perderem essa capacidade pode fornecer uma pista sobre qual é a sua origem. Os receptores cerebrais do hormônio feminino estrogênio podem captar um maior impulso em mulheres mais jovens, que o possuem em maior quantidade.

“Alternativamente, as mulheres muitas vezes demonstram ter habilidades verbais um pouco melhores que os homens” e podem achar o teste Stroop mais fácil, disse Killeen. “No entanto, isso não explica por que as mulheres mais velhas apresentam o ‘padrão masculino’ após 60 anos”, ressaltou.

(Com AFP)





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