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Quinta - 23 de Março de 2017 às 08:40
Por: Raquel Carneiro/Veja.com

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(Leolintang/iStock)
(Leolintang/iStock)

Quem assiste aos principais canais abertos de televisão ou transita pelas ruas e pelos veículos do transporte público de São Paulo, provavelmente já foi alvo de algum anúncio avisando que a partir do próximo dia 29 de março o sinal analógico será desligado na cidade, e a TV digital, enfim, popularizada.

Disponível no Brasil desde 2006, o sinal digital foi implantado pelos canais a passos lentos – ele já é parte do cardápio dos assinantes de operadoras pagas, que oferecem a transmissão em alta definição através de um decodificador. “As emissoras foram autorizadas a transmitir os dois sinais, digital e analógico, simultaneamente. Então, foram dez anos de transição para chegar a este momento”, relembra Antonio Martelletto, diretor da Seja Digital, braço operacional criado com investimento privado (das empresas Algar, Claro, Tim e Vivo) para administrar o desligamento do sinal analógico no Brasil.

A metrópole paulistana não é a primeira a passar pelo processo. Rio Verde, cidade no interior de Goiás, foi a estreante, seguida por Brasília e outra dezena de municípios em torno. Até 2018, a meta é que 1.326 cidades e cerca de 128 milhões de pessoas, o equivalente a 62% da população brasileira, tenham migrado para o sinal digital.

Para além da qualidade de imagem televisiva que o digital traz, o desligamento da transmissão analógica promete outros efeitos colaterais positivos, como a expansão do serviço de telefonia 4G, por exemplo.

Confira abaixo as mudanças:

Qualidade de imagem

A grande bandeira da TV digital é a qualidade da imagem. Os velhos chiados e chuviscos causados por interferências acabam junto com o sinal analógico, não importando mais a qualidade do aparelho e a localização do espectador. “A TV digital é democrática. A tecnologia analógica tem mais de 90 anos. Dependendo do ponto em que você está, ela não oferece qualidade. A digital, não. A qualidade de som e imagem é a mesma em qualquer lugar. É um benefício imediato e gratuito”, diz Martelletto. A tecnologia permitirá, no futuro, uma definição ainda maior que a HD. “O próximo passo são as televisões de 4K. A qualidade é tão grande que oferece uma experiência de se sentir dentro da cena.”

Internet 4G

A promessa é de que a internet 4G, usada em dispositivos móveis como celular, tablets e também em laptops, ficará mais rápida e com maior qualidade. Atualmente, o sinal analógico usa a faixa de 700 MHz. E o 4G percorre a frequência 2.6 Ghz, que é muito mais alta e navega com mais dificuldade. “Com a liberação do 700 MHz, o 4G deve se expandir e oferecer uma cobertura até cinco vezes maior. Essa frequência também penetra melhor dentro de casas, construções. Com o tempo, o 4G poderá oferecer novos serviços e experiências”, diz Martelletto. Segundo o diretor da Seja Digital, as empresas de telefonia passam a complementar redes nas regiões assim que o sinal é desligado. A mudança na navegação da internet deve ser sentida 9 meses depois.

Canais abertos x operadoras pagas = promessa de melhor conteúdo

Atualmente, canais abertos como SBT, Globo e Record são parte da grade de TVs por assinatura, mas não recebem nada das operadoras. A presença dessas emissoras ali, até então, era imprescindível pela falta de qualidade do sinal analógico em alguns lugares e televisores. Com o sinal digital, esse problema não existe mais. Por isso, as emissoras SBT, Record e RedeTV! se uniram e formaram uma empresa, batizada de Simba Content, que deu um ultimato às operadoras por assinatura: ou pagam um valor em troca da programação oferecida, ou ficam sem esses canais no menu. Se não houver acordo, existe a possibilidade de que as três retirem seus conteúdos da TV por assinatura. A ideia da Simba é verter o valor pago pelas operadoras para produção dos programas, o que melhoraria a grade das emissoras. As três redes detêm quase 20% da audiência dos canais da TV paga. Já a Globo não tem interesse nessa discussão. “Não vamos tirar nosso sinal das operadoras de TV paga, isso seria uma loucura, já que TV paga tem penetração de quase 50% em São Paulo”, afirmou a emissora a VEJA, citando a cidade que terá o sinal analógico desligado no dia 29.

Interatividade

Quem desfruta de pacotes específicos ou até de aparelhos como a Apple TV usa o controle remoto para acessar diferentes funções e informações da programação, em aplicativos específicos. A TV digital possui essa potencialidade. Aplicativos de utilidade pública, como os de previsão do tempo e trânsito também poderão ser acessados pelo controle remoto. “Tudo depende do mercado de aplicativos e do usuário ter acesso a um serviço de internet”, afirma Martelletto.

Os 10%

Existe uma regra para o sinal analógico ser desligado: 93% dos televisores têm que estar convertidos para receber o digital. Uma nova pesquisa será feita às vésperas do desligamento em São Paulo. Até janeiro, 85% da praça já estava apta a receber o sinal. Porém, como ressalta Luis Roberto Antonik, diretor geral da Abert, os 10% que podem ficar de fora representam uma quantia razoável.
“São 7 milhões de domicílios afetados, com média de 3,1 pessoas por residência, alcançando 22 milhões de pessoas. A margem de 10% que vai ‘sobrar’ representa 700.000 famílias, nas quais a média de pessoas passa de 4, ou seja, quase 3 milhões de pessoas podem ficar sem TV se o sistema for desligado com os 90%. Estas pessoas são de baixa renda”, analisa Antonik.

Deixou para última hora?

Para continuar recebendo os canais abertos, é necessários ter uma TV com conversor digital embutido – modelos fabricados a partir de 2012 possuem a tecnologia; alguns lançados depois de 2007 também. Ou adquirir um kit de conversão digital. O aparato tem o preço médio de 170 reais.

A Seja Digital está responsável por distribuir kits para beneficiários de programas sociais do Governo Federal. No total, ela vai distribuir 1,8 milhão de kits na Grande São Paulo. Para informações, ligue no telefone 147 ou acesse o site oficial da empresa Seja Digital.

Cronograma de desligamento do sinal analógico

Região de São Paulo: 29 de março
Região de Goiânia: 31 de maio
Região de Belo Horizonte: 26 de julho
Região de Recife: 26 de julho
Região de Salvador: 26 de julho
Região de Fortaleza: 26 de julho
Região de Campinas: 27 de setembro
Região de Ribeirão Preto: 27 de setembro
Região de Franca: 27 de setembro
Região de Santos: 27 de setembro
Região do Vale do Paraíba: 27 de setembro
Região do Rio de Janeiro: 25 de outubro
Região de Vitória: 25 de outubro
Região de Curitiba: 31 de janeiro de 2018
Região de Porto Alegre: 31 de janeiro de 2018
Região de Florianópolis: 31 de janeiro de 2018





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