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Agronegócios
Quarta - 14 de Junho de 2017 às 14:55
Por: Marianna Peres/Diário de Cuiabá

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Pecuaristas temem uma nova concentração do mercado de abates em Mato Grosso
Pecuaristas temem uma nova concentração do mercado de abates em Mato Grosso

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, anunciou ontem que o grupo Minerva Foods vai reativar unidade frigorífica localizada no município de Mirassol D'Oeste (329 quilômetros ao oeste de Cuiabá). Mesmo sem uma confirmação oficial por parte da direção do terceiro maior grupo frigorífico do país, a notícia de reabertura da planta, que estava fechada desde julho de 2015, foi confirmada também por inúmeros pecuaristas mato-grossenses. A unidade terá os abates retomados já no próximo mês.

Ainda conforme o Maggi, a reabertura foi repassada pelo próprio presidente (CEO) da Minerva, Fernando Queiroz, e que o retorno das atividades em Mirassol D'Oeste está previsto para 6 de julho. O ministro está em Pequim, onde cumpre agenda internacional, e por isso fez o anúncio via rede social.

Há dois anos, o Minerva anunciou o encerramento das atividades em Mirassol D’ Oeste, unidade com potencial de abate de mil bovinos/dia e que na época empregava 701 trabalhadores. Conforme nota da companhia, a decisão de encerrar a operação na cidade representava uma readequação das operações no Brasil como forma de obter melhorias de eficiência em rendimento, economia de custos por aumento da otimização da capacidade instalada e incremento de rentabilidade por reequilíbrio geográfico de suas operações. Naquele ano, várias unidades foram fechadas por todo Estado, pertencentes a diferentes grupos.

A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) optou por não se manifestar nesse primeiro momento, já que a entidade ainda não havia sido contatada pela direção do Minerva.

Já alguns pecuaristas destacam que a retomada é sempre positiva, indica o retorno da movimentação do mercado de bois, especialmente na região oeste do Estado. No entanto, eles alertam que a saída da JBS - que já paralisou unidades em Mato Grosso, após a inclusão dos seus proprietários na Operação Lava Jato – para a intensificação das atividades do Minerva no Estado, é quase que uma “troca de seis por meia dúzia”, já que os abates em Mato Grosso seguirão concentrados em grandes grupos. Mato Grosso detém o maior rebanho de bovinos do país, com cerca de 29 milhões de cabeças.

A JBS, responsável por quase 50% dos abates no Estado, paralisou unidades, reduziu os volumes de compra, padronizou as aquisições com pagamentos para 30 dias e não mais à vista, e isso alterou o mercado local. Considerando os efeitos da Operação Carne Fraca e das delações dos irmãos Batista, que são donos da JBS, a arroba estadual sentiu o peso da desvalorização pelo aumento na oferta de animais prontos para o abate.

EFEITO - Ao longo dos últimos meses – a Operação Carne Fraca veio à tona em 17 de março – a direção da Acrimat vem acompanhando os efeitos da nova dinâmica do mercado de carnes sobre as cotações em Mato Grosso. Segundo Luciano Vacari, diretor-executivo da entidade, os preços da arroba recuaram de R$ 130 para até R$ 115 no Mato Grosso.

Com mais de uma dezena de unidades fechadas desde 2015 e com o recuo da JBS, o mercado estadual não consegue absorver a oferta. Em razão da queda dos preços da arroba, o segmento vem cobrando do governo do Estado a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço (ICMS) para abate de gado em outros Estados, sob o argumento de que a possibilidade de abater os animais em outras unidades da federação, sem a incidência do ICMS, traria alternativas de mercado para o setor e consequentemente a valorização do produto.

Sobre esse pedido, o vice-presidente da Acrimat, Luís Fernando Conte, destaca que a Associação vem pleiteando uma política de apoio ao setor produtivo da carne, que há anos sofre com a concentração da indústria frigorífica. “Já erámos reféns de quatro grandes grupos, sendo o principal deles detentor de 48% do mercado. Agora, em virtude de crises políticas e de corrupção, o preço está em queda e o produtor cada dia mais descapitalizado”.

TROCA - De acordo com informações da Agência Estado, o Minerva não é o único rival da JBS a considerar reaberturas de frigoríficos no Centro-Oeste, sobretudo em Mato Grosso, onde se concentra o maior abate de gado no País. Vice-líder no mercado de carnes, o Marfrig também vai avaliar em julho, afirmam fontes, se abrirá a operação de Nova Xavantina, que fazia parte de uma massa falida e está fechada.

JBS, Marfrig e Minerva participaram nos últimos anos de um movimento de concentração do setor. O JBS e o Marfrig tiveram apoio do BNDES para fazer aquisições dentro e fora do Brasil. O Minerva ficou de fora desse boom, mas também fez compras no País e passou a olhar ativos na América do Sul. No fim de 2015, o fundo Salic, da Arábia Saudita, comprou 20% do capital do frigorífico brasileiro, o que possibilitou maior musculatura para a companhia avançar no País.

Ainda conforme a Agência, os porta-vozes do Marfrig e Minerva não foram encontrados para comentar a reativação das unidades.





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