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Politica Brasil
Domingo - 31 de Dezembro de 2017 às 15:34
Por: Camila Ribeiro/midia news

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O desembargador Orlando Perri; no destaque, equipamento espião acoplado em farda
O desembargador Orlando Perri; no destaque, equipamento espião acoplado em farda

Manhã de 27 de setembro de 2017. Dois secretários de Estado e outras duas pessoas que já tinham ocupado o alto escalão do Governo estavam entre os alvos de mandados de prisão cumpridos pela Polícia Civil, na Operação Esdras.

Com a ação, veio à tona uma trama que tinha o objetivo de afastar o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça, das investigações relativas aos grampos ilegais operado em Mato Grosso.

Naquele dia, foram presos os então titulares das pastas de Justiça e Direitos Humanos, coronel PM Airton Siqueira e da Segurança Pública, Rogers Jarbas.

Além deles, foram parar atrás das grades os ex-secretários Evandro Lesco (Casa Militar) e Paulo Taques (Casa Civil), a esposa de Lesco, a personal trainer Helen Christy, o sargento PM Ricardo Soler, o empresário José Marilson e o major PM Michel Ferronato, do setor de Inteligência da Sesp.

À época da deflagração da operação, a delegada Ana Cristina Feldner destacou a “audácia” dos membros do grupo que, segundo ela, não mediu esforços para buscar o afastamento de Perri da chamada “Grampolândia”.

A trama teve início após o aliciamento do tenente-coronel José Henrique Costa Soares, que atuava como escrivão no Inquérito Policial Militar (IPM), no âmbito da Corregedoria da PM, para apurar a participação de militares no esquema dos grampos.

Por ser escrivão do IPM, Soares teria que se reunir, em algumas ocasiões, com o desembargador Orlando Perri, até então, responsável pela condução dos inquéritos.

A ideia do grupo era que Soares gravasse declarações de Perri para tirá-las do contexto, com o propósito de alegar a sua suspeição em relação às investigações.

Mais tarde, quando ainda estava preso, o próprio coronel Evandro Lesco admitiu ter sido o mentor da trama.

Mudança de farda

Para colocar em prática o plano, o grupo não hesitou em determinar a troca de fardamento dos policiais com funções no Corregedoria da PM, para que não pairassem suspeitas sobre o equipamento de captação de imagem e áudio que foi instalado no uniforme no tenente-coronel Soares.

Tal informação estava contida na decisão do desembargador Perri, que resultou nos mandados de prisão da Esdras.

A determinação para mudança de farda teria partido do corregedor-geral da Polícia Militar, coronel Carlos Eduardo Pinheiro, que chegou a ser alvo de condução coercitiva, naquela ocasião.

O coronel Soares afirmou que os policiais da Corregedoria usam, conforme a doutrina, o uniforme de passeio. Mas, como nesse uniforme não seria possível a instalação da câmera, em "razão da sua costura", o aparelho foi colocado na farda de operações.

No dia seguinte à instalação, segundo o tenente-coronel, houve a determinação verbal do corregedor, e depois inserida na escala de serviço de que, a partir daquele dia, o uniforme seria o de operação, justamente o uniforme que foi instalado o equipamento de monitoramento audiovisual.

Câmera-espiã

A pequena câmera de vídeo, também conhecida com câmera espiã, foi acoplada à farda que era utilizada por Soares. Ele chegou a entregar o uniforme à Polícia Civil.

Na ocasião, Soares afirmou à delegada Ana Cristina Feldner que o coronel Evandro Lesco e a sua esposa é que o orientaram a fazer as gravações. Já as orientações para o uso do equipamento teriam sido repassadas a Soares pelo sargento João Ricardo Soler.

A gravação em audiovisual, porém, nunca ocorreu. Conforme depoimento, depois que acoplou os equipamentos na farda, Soares resolveu procurar a Polícia Civil e revelar o episódio.





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