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Repórter News - reporternews.com.br
Saúde
Quarta - 31 de Janeiro de 2018 às 08:20
Por: Tempo

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Em entrevista nesta segunda-feira (29) à rádio Super Notícia FM, o cardiologista tirou dúvidas sobre os novos parâmetros de pressão alta. O médico esclareceu que o diagnóstico da hipertensão arterial é simples e que o tratamento correto pode evitar consequências graves.

Existem novas recomendações sobre prevenção, detecção, avaliação e controle da pressão arterial elevada em adultos. O que mudou?

Os pacientes, anteriormente, eram tratados quando a pressão estava acima de 14 por 9. Hoje, já temos indicação de iniciar o tratamento de pessoas que tenham valores acima de 13 por 9. Quem tem a medida anterior (14 por 9) já é tido como paciente com hipertensão grau 2. Então, o objetivo maior dessas definições de hipertensão arterial é tentar iniciar o tratamento de forma mais precoce possível, com a redução de riscos futuros. O ideal, agora, é a pressão abaixo de 12 por 8. Acima disso, já é elevada.

O que impacta mais esses números?

Pressão alta traz, no longo prazo, efeitos cardiovasculares deletérios. Então, a intenção dessas alterações nos valores de referência é realmente tentar diminuir os riscos nesse tempo. São feitos estudos de longo prazo pela American Heart Association – considerada a maior referência de cardiologia no mundo –, comparando pacientes com pressão um pouco mais elevada e aqueles com pressão um pouco mais baixa, num sentido de verificar riscos de mortalidade, ou seja, infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e arritmias.

Essas doenças coronarianas são a maior causa de óbitos no mundo?

Na verdade, é a doença cérebro-vascular ou AVC, e o principal fator de risco é a pressão alta. Mas é um fator que, se for bem cuidado e tratado, o paciente tem condições de mantê-lo inerte. Temos visto, com o passar dos anos, um aumento dos casos de obesidade, diabetes, pessoas que, cada vez mais, têm menos tempo de se alimentarem bem, fazendo com que, aos poucos, desenvolvam alterações na pressão e, no longo prazo, comecem a ter que tomar remédios e sofrer as consequências.

A hipertensão é uma doença silenciosa?

Esse é um grande problema da doença. Muitas vezes, pelo fato de não apresentar sintoma nenhum, a primeira manifestação pode ser uma insuficiência renal ou uma doença arterial coronária. Por isso que a gente orienta os pacientes a estarem sempre passando pelo médico.

Como é o diagnóstico? É extremamente simples. Precisamos apenas de um estetoscópio e de um aparelho de medir pressão. Mas o que vemos na rotina é que os pacientes, muitas vezes, não gostam de ir ao médico e, quando procuram, fazem isso tarde. Além disso, é comum as pessoas não gostarem de mudar os hábitos de vida, alimentando-se mal, não fazendo atividade física, fumando, e isso a gente sabe que está diretamente ligado à pressão alta.

Qualquer elevação de pressão é sinal de que a hipertensão está chegando?

Precisamos de mais de uma mensuração da pressão para poder definir se o paciente é hipertenso ou não. A pressão, no dia a dia, tem uma característica de oscilação. Se, porventura, hoje você está mais nervoso, estressado, preocupado com alguma coisa, é óbvio que sua pressão vai ficar um pouco mais alta. Em contrapartida, se você está mais tranquilo, ela tende a ser mais baixa. Por isso, para definir o diagnóstico de que um paciente é hipertenso, o ideal é ter duas avaliações, em consultas distintas. Viu que a pressão está alterada? Vamos ligar o pisca-alerta e, a partir de então, traçar condutas e dar as orientações necessárias para que o paciente siga em frente. Dessa forma, é possível evitar que ele tenha problemas relacionados à hipertensão arterial no futuro.

A bebida alcoólica tira o efeito dos remédios?

Essa é uma pergunta frequente nos consultórios. Pouca quantidade de álcool não costuma trazer repercussões negativas. Só que o paciente, muitas vezes, bebe e não toma o remédio, pensando que vai ter algum problema, e a pressão vai lá nas alturas. O ideal seria não tomar bebida alcoólica com remédio, mas, se for beber, tem que usar o remédio concomitante.

Acordar com inchaço pode ser sinal de pressão alta?

Na verdade, há uma série de razões que podem motivar o inchaço. A pressão costuma inchar os membros inferiores, mas é preciso, obviamente, passar por uma consulta para poder fazer um rastreio.

Como o colesterol pode influenciar?

A gente sabe que não existe uma regra para toda a população. Pacientes diabéticos, que já sofreram infarto, que já tiveram AVC, costumam ter metas mais restritas de valores de colesterol. A base é feita na quantidade de LDL (colesterol ruim), e não no colesterol total. Então, se o paciente não tiver nenhum fator de risco e tiver o LDL abaixo de 100, a princípio, não tem problema.

Quem sempre teve pressão 12 por 8 pode ser considerado hipertenso?

Com as novas diretrizes, esse paciente já é visto com alterações discretas da pressão, considerada elevada. O ideal é estar abaixo de 12 por 8, mas esses valores ainda estão sendo muito discutidos e ainda não são totalmente aceitos por nossas diretrizes mundiais. Essa medida vem de uma diretriz americana, e existe ainda muita coisa a se considerar.

A hipertensão arterial tem cura?

O grande fator, na verdade, é a história genética, que faz com que o paciente, mesmo sendo magro ou se alimentando bem, tenha hipertensão. Mas, na grande maioria dos casos, é uma doença que tem tratamento. Muitas vezes, com uma mudança no estilo de vida, se consegue melhorar, e muito, os níveis da pressão arterial, a um ponto que deixe o paciente tomando o mínimo necessário de remédios para controle.





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