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Comportamento
Terça - 13 de Fevereiro de 2018 às 13:19
Por: G1

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"Eles são os meus heróis”. Esse é o sentimento de Silvio Bulka, mais conhecido como Silvinho, um menino de apenas seis anos. E ele não se refere aos personagens das histórias em quadrinhos ou das telas de cinema. Para Silvinho, os heróis são os policiais do 39º Batalhão da Polícia Militar de São Vicente, no litoral de São Paulo. A criança, que por diversas vezes viu a mãe ser agredida pelo pai e hoje é rejeitada por ele, vê na corporação a figura paterna que falta em seu dia a dia.

A mãe de Silvinho, a aposentada Carmem Bulka, conta que a paixão do filho pela Polícia Militar começou aos dois anos, enquanto o menino ainda assistia às agressões do pai. "O pai dele me batia, e sempre que isso acontecia, eu acionava a polícia. Ele via os policiais agirem e já os admirava, mas eles não podiam fazer nada, porque ele dizia que eu era doente", conta.

Carmem conta que o marido era muito agressivo e que ela dormia com Silvinho em um colchão no chão. Ela não podia receber visitas e nem ajuda, até que, um dia, ela decidiu fugir. "Eu fugi, e uma assistente do Centro de Referência de Assistência Social me ajudou. Eles me deram apoio e conseguiram me tirar daquela situação. Eu não vivia aquilo porque eu queria, eu não tinha opção".

Quando saiu da casa do pai de Silvinho, Carmem foi morar com o filho em um local próximo à base da PM, no bairro Humaitá. Foi a partir daí que o menino passou a ter ainda mais contato com a corporação. "Os policiais passavam e ele acenava, eles davam 'tchau' de volta e ele ficava todo feliz. Eles até ligavam a sirene da viatura, e o Silvinho dizia 'tá vendo mamãe, como eles me amam?'", relembra.

No aniversário de quatro anos, cientes da admiração do menino pela corporação, os policias do batalhão decidiram preparar uma surpresa para Silvinho. Durante a festa, o menino ganhou uma farda da PM. "Quando ele vestiu o uniforme, colocou o peito para fora, a barriga para dentro, já parecia um militar. Não era mais o meu Silvinho, era um policial militar que eu tinha na minha casa".

Da mesma forma como Silvinho adotou os policiais do batalhão como os pais que ele não teve, os PMs o adotaram como filho. O menino foi nomeado mascote da Polícia Militar e ainda ganhou uma medalha que o torna o mais novo membro da corporação. "Ele vem todos os dias ao batalhão, antes e depois da escola. Cumprimenta todo mundo, faz continência. Ele não vive sem isso aqui", explica a mãe.

O capitão da Polícia Militar Flávio Ponciano conta que, quando assumiu o batalhão, há cerca de um mês, achou que Silvinho era filho de um dos policiais. Só depois descobriu que ele era um admirador do trabalho deles. "Todo o nosso pessoal recepciona ele muito bem, como se fosse nosso filho mesmo. Parece que ele é uma criança rejeitada pelo pai, não tem essa figura, e nós funcionamos para ele como se todos fossemos seus pais. É muito gostoso", conta.

Dentro da sede do batalhão, Silvinho tem carta branca. O menino, já conhecido por todos, entra e sai das salas e cumprimenta a todos. Presta continência e dá um beijo em cada um. Silvinho, atualmente, cuida da mãe, que tem perda de memória, a leva para todos os lugares e lembra dos remédios que ela precisa tomar. Uma criança com a responsabilidades de um adulto.

"Ele é muito cuidadoso e amável. É uma honra para mim ter um filho que tem tanto amor pela polícia. Aqui eu sei que meu filho vai ser bem tratado e esse é o melhor caminho que ele poderia escolher. Se a polícia não adotar, os traficantes adotam. E eles cuidam do meu filho", declara Carmem.

Para Silvinho, não há dúvidas. Quando questionado o que ele gostaria de ser quando crescer, o menino responde sem titubear: "Policial militar"





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