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Comportamento
Sábado - 22 de Setembro de 2018 às 06:41
Por: Isabela Mercuri/Olhar Direto

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Arquivo Pessoal
Maria Clara tem 17 anos
Maria Clara tem 17 anos

Maria Clara Oliveira de Rosa tem apenas 17 anos. Nasceu em Rondonópolis, interior de Mato Grosso, em uma família sempre presente e cercada de amor, e já tentou se suicidar ‘diversas vezes’. O caso não é isolado – o suicídio de jovens aumentou 20% no Brasil entre 2011 e 2016 – mas, felizmente, ela não entrou para a estatística: foi curada por tratamentos psicológicos e psiquiátricos e, também, pela música.


Desde criança a mato-grossense sempre sofreu bullying na escola. “Nos primeiros anos de ensino fundamental era pelo fato de eu estar acima do peso. Já no 9º ano do fundamental, eu emagreci bastante, mas mesmo assim, eles sempre achavam um modo de me atingir. Meus colegas de classe, e pessoas que eu nem conhecia, me chamavam de puta e outros nomes diversos, sem ao menos ter um motivo, e foi assim até o fim do ensino médio”, contou ao Olhar Conceito.



Com o passar dos anos, todos os xingamentos acumulados e diversos outros fatores levaram a garota a adoecer. A depressão foi percebida pela mãe, quando Maria deixou de ser uma menina presente. “Eu estava me comportando de uma forma que não era ‘comum’. Minhas respostas variavam de não a não. Me isolava de tudo e de todos”, lembra.



Foi neste intervalo, antes de começar seu tratamento, que aconteceram as tentativas de suicídio. “Já tentei diversas vezes e de várias formas. Se alguém olhasse meu histórico no Google ficaria assustado, pois estava sempre procurando um jeito. Me lembro de pensar bastante na minha mãe e na minha irmã... me sentia egoísta por estar cogitando a ideia de deixá-las, mas ao mesmo tempo era como se eu não ligasse também, porque a minha dor era tão grande que eu só queria que tudo acabasse de uma vez”.



De terapia em terapia, a garota conseguiu ter sua doença diagnosticada por um psiquiatra. Passou a tomar remédios e ir ao psicólogo duas vezes por semana. Ao mesmo tempo, mergulhou na música, algo que sempre amou, e criou seu canal no Youtube, onde começou a publicar vídeos cantando.





Para Maria Clara, a música também foi uma terapia. “Há musica pra tudo! Pra quem está sofrendo, pra quem está feliz, ou apaixonado. E ela me servia como uma terapia, como uma forma de fugir do mundo por uns minutos e poder esquecer de tudo ao meu redor. Então eu transcrevia tudo que sentia no papel, expulsava minha dor cantando, ou escutando a mesma. Ela era, e ainda é, como uma válvula de escape, e uma das mais bonitas”.





Há um mês, a mato-grossense recebeu alta do psiquiatra e da psicóloga. Mas a terapia musical continua. Agora, ela também pretende publicar, além dos covers, vídeos falando sobre diferentes tópicos, inclusive a depressão. Para quem passa pelo mesmo processo, ela aconselha: “Tem uma coisa que todo mundo falava pra mim, e eu odiava quando eles falavam isso, porém não passa de verdade: vai passar! Talvez não agora, talvez não amanhã, mas futuramente. Sua mente pode estar tentando te convencer de que ninguém se importa com você, mas não é verdade. Há pessoas aqui fora que te amam mais do que você pode imaginar! A depressão e a ansiedade te cegam e te deixam surdo, mas basta querer mudar, e passo a passo, você vai se tornar a pessoa que era antes, ou então uma pessoa melhor que antes: uma pessoa feliz. Desabafe com um amigo, desabafe com um familiar, desabafe com um profissional, há milhões de pessoas dispostas a te ajudar. E o mais importante de tudo: você não está sozinho”, finaliza.



Conheça o canal de Maria Clara AQUI.



Setembro amarelo



A mobilização do ‘Setembro Amarelo’ foi criada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), para chamar atenção para os altos índices de suicídio, que atingem principalmente jovens em todo o mundo.



De acordo com a revista Veja, nos Estados Unidos a taxa de mortalidade por suicídio, de jovens de 15 a 24 anos, aumentou 20% de 2011 a 2016. No Brasil, o Ministério da Saúde revela o mesmo aumento, 20%, entre jovens de 15 a 19 anos. No nosso país, ele é a quarta causa mais frequente de morte entre os jovens.



O suicídio é um problema de saúde pública que mata pelo menos um brasileiro a cada 45 minutos, mais do que a Aids e muitos tipos de câncer, porém 9 de cada 10 casos podem ser prevenido.



O movimento Setembro Amarelo, mês mundial de prevenção do suicídio, iniciado em 2015, visa sensibilizar e conscientizar a população sobre a questão – www.setembroamarelo.org.br



O CVV atende todos os dias da semana, 24 horas por dia, pelo telefone 188, por e-mail, chat ou serviço voip com total sigilo e de forma gratuita. O CVV Cuiabá realiza ainda diversas ações presenciais através do Programa CVV Comunidade, que leva palestras de orientação, cursos e rodas de conversa para as comunidades, escolas e instituições.



Além disso, o Grupo de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio (CVV GASS) fornece apoio emocional aos sobreviventes e familiares. As reuniões ocorrem todas as quintas-feiras a partir das 19h30 na sede do CVV Cuiabá.



Mais informações no www.cvv.org.br e pelo telefone 188.





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