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Cidades/Geral
Segunda - 10 de Dezembro de 2018 às 11:29
Por: Vinícius Lemos/RD News

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Gilberto Leite/Rdnews
Cemitério Bom Jesus, em Cuiabá, agora conta com serviço de crematório
Cemitério Bom Jesus, em Cuiabá, agora conta com serviço de crematório

naugurado há um mês, o primeiro crematório de Cuiabá ainda não realizou nenhum serviço na Capital. Em razão da ausência de clientes, os proprietários do empreendimento, planejado por 18 anos, afirmam estar frustrados com a situação. Para eles, o desconhecimento sobre crematórios na Grande Cuiabá é o principal motivo para a falta de busca pelo procedimento.

O crematório foi criado por meio de uma parceria entre a Pax Nacional Prever e o Cemitério Parque Bom Jesus, onde está localizado o estabelecimento. A direção do lugar informa que o espaço possui equipamentos modernos para realizar “serviço de qualidade com preços acessíveis”.

De acordo com um dos sócios do crematório, Nilson Marques, desde a inauguração do lugar, não houve sequer interesse em contratar o serviço. “Não vieram nem mesmo fazer orçamento para a cremação”, lamentou. Os valores para o procedimento são R$ 4,8 mil ou R$ 3,8 mil. O mais caro inclui o cerimonial, enquanto o de menor preço não possui o serviço.

Plenário MT

Nilson MaRQUES cremat�rio

Nilson Marques, um dos sócios do emrpeendimento, acredita que a questão seja cultural

As funerárias da Grande Cuiabá, segundo Marques, têm informado os familiares do morto sobre a possibilidade de o ente querido ser cremado. Porém, ainda assim, ninguém se interessou pelo serviço até o momento. Segundo o empresário, as funerárias do interior também passarão a divulgar o crematório nas próximas semanas. “Creio que isso poderá impulsionar o nosso serviço”, pontua.

Ele confessa que se surpreendeu com o desempenho ruim no primeiro mês. “A gente não pensava que houvesse muita busca nesse começo, mas pensávamos que houvesse de um a três clientes”, revela.

Para ele, a falta de procura pelo serviço é uma questão cultural. “As pessoas daqui não têm o costume de cremar. O Brasil tem um território grande e existe essa cultura de enterrar o morto. Em Mato Grosso, essa situação é ainda mais comum”, afirmou.

O Brasil tem um território grande e existe essa cultura de enterrar o morto. Em Mato Grosso, essa situação é ainda mais comum

Nilson Marques, sócio do cremátório

Marques comentou que planeja, a partir de 2019, propagandas para divulgar o crematório. “Estamos preparando, com uma agência de publicidade, algum tipo de iniciativa para divulgar”, pontuou.

O empresário acredita que um dos fatos que pode impulsionar a busca pelo crematório é caso alguma personalidade famosa recorra ao serviço. “Quando cremarmos alguém que seja conhecido, aí as pessoas vão criar essa cultura. É igual quando você abre um cemitério, ninguém quer enterrar lá, porque parece que a pessoa vai ficar sozinha”.

Expectativas para o futuro

A expectativa dos sócios que construíram o crematório é que, nos próximos meses, 2% das pessoas que morrerem no Estado passem a ser cremadas. “Em algumas regiões, 3% dos mortos são cremados, por isso esperamos índice um pouco menor por aqui. Mas no último mês morreram 350 pessoas e ninguém nos procurou. Mas acredito que o serviço passará a ser mais procurado nos próximos períodos”, declarou.

É uma estrutura que custou R$ 3 milhões e tem uma despesa alta para se manter

Para os próximos meses, os proprietários do crematório planejam começar a divulgar o serviço em municípios de estados vizinhos. “Iremos divulgar o serviço em funerárias de cidades que consideramos que o crematório mais próximo é o nosso. Devemos ir para cidades do Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Rondônia. Nestes dois últimos, devemos fazer divulgação em todo o estado, porque eles não têm crematório”, disse.

Para que possa permanecer em funcionamento, o crematório deverá passar por um teste após seis meses de sua abertura, conforme determinado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema). O levantamento irá verificar o cumprimento dos limites máximos de emissão de gases no procedimento de cremação.

Caso seja comprovado que está dentro do permitido, o local poderá ser mantido em funcionamento. Caso contrário, deverá se readequar ou suspender as atividades. A avaliação será feita com base nas cremações feitas no local até o fim do primeiro semestre.

Segundo Marques, se em seis meses não for obtido o retorno esperado, é provável que o primeiro crematório do Estado encerre as atividades. “As coisas precisam melhorar nesse período, porque senão não teremos outra opção que não seja fechar. Temos funcionários e custos de manutenção do lugar. É uma estrutura que custou R$ 3 milhões e tem uma despesa alta para se manter”, disse.

CINZAS

Faz parte da cultura da cremação jogar cinzas do parente ou amigo em lugar onde ele mais gostava

O procedimento de cremação

Para que uma pessoa seja cremada, é necessário passar por procedimentos diferentes do enterro. Neste caso, há uma legislação específica. É necessário que três médicos assinem o atestado de óbito. Em caso de morte por violência, deverá haver ordem judicial.

Conforme Marques, é importante que a pessoa que tenha interesse em ser cremada informe a família. “Se a pessoa informar em vida, é um procedimento menos complicado, porque os entes queridos vão saber que aquele era um desejo e se esforçarão para realizá-lo”, diz.

A cremação acontece somente a partir de 24 horas após a morte. Antes, a família precisa fazer a autorização para o procedimento em cartório.

Em caso de os procedimentos burocráticos serem cumpridos corretamente, o corpo é levado ao crematório. No local, é encaminhado para um forno. “O corpo todo é queimado, restam apenas as cinzas, que pesam, em média, 700 gramas. Depois, o conteúdo é colocado em uma urna e entregue à família, que define o que fará”, explica.





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