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Agronegócios
Sexta - 18 de Janeiro de 2019 às 08:09
Por: Marianna Peres/Diário de Cuiabá

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Apenas 20% dos investimentos necessários à produção de soja, em Mato Grosso, saíram do bolso dos produtores, ou seja, foram realizados por meio de recursos próprios. Essa participação, conforme levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) é a segunda menor contribuição da série histórica local (safra 20008/09 a 2018/19), revelando que 80% da produção estão sendo financiados pelo mercado.

De acordo com a análise da composição de financiamento da safra de soja em Mato Grosso – funding da soja – realizada pelo Imea, multinacionais, revendas, sistema financeiro e recursos federais foram responsáveis por financiar 80% da nova safra mato-grossense de soja, o que em cifras corresponde a R$ 15,90 bilhões dos mais de R$ 19,97 bilhões investidos no atual ciclo. O restante (20%) - R$ 4,07 bilhões - veio do bolso do produtor.

“O funding da safra20 18/19 apresentou a continuação da tendência de maior participação dos recursos livres dos bancos, aliado à diminuição em porcentagem dos bancos com recursos federais. Além dessa tendência, mostrou-se também a baixa capitalização do produtor rural, que ainda não conseguiu se recuperar das dificuldades enfrentadas nas safras anteriores, e precisa recorrer ao mercado para financiar 80% de seu custeio”, apontam os analistas do órgão.

O Imea chama à atenção para redução na participação (share) das multinacionais e revendas nesta safra, em função do travamento da comercialização de grãos e insumos, por consequência dos problemas com fretes rodoviários e da alta do dólar, mais ainda assim, representaram juntas 49% do funding. Apesar da redução, 80% dos recursos da nova safra foram buscados no mercado, o que contribui para a majoração dos custos de produção e para vulnerabilidade da rentabilidade.

Na safra 2018/19 o custo de produção da cultura da soja apresentou aumento de 4,8%, devido, sobretudo, à valorização do dólar e aos problemas com o frete rodoviário, além da valorização de importantes matérias-primas, especialmente dos agroquímicos. Além de fatores externo, a área semeada apresentou crescimento superior as duas últimas safras, pautada pela valorização da soja brasileira, em função da crescente demanda internacional. Diante da superfície coberta com soja, o valor total necessário para cobrir o custeio da safra 2018/19, cresceu 7%, ante a safra anterior. Com o custeio de R$ 2.076,29/hectare e uma área projetada em 9,62 milhões de hectares, o total demandado para o cultivo da nova safra ficou em R$ 19,97 bilhões. No ciclo anterior, a safra ficou orçada em R$ 18,66 bilhões.

“A composição do funding do custeio da soja em Mato Grosso tem como objetivo avaliar a participação de cada agente do mercado no custeio agrícola da soja na safra 2018/19, e assim, obter o valor total financiado por esses agentes para o cultivo da oleaginosa mato-grossense”, argumentam os analistas do Imea.

o analisar os últimos cinco anos da composição do funding de soja observa-se um aumento de R$ 5,2 bilhões no montante necessário para cobrir os gastos com custeio da cultura, sendo que 40% desse valor foi financiado pelos bancos com recursos livres.

RECURSOS - O segmento que apresentou a maior variação no funding da nova safra de soja em Mato Grosso foi o de multinacionais que diminuiu sua participação em 5 pontos percentuais (p.p), passando de 35% na safra 2017/18, para 30% na safra 2018/19. Este movimento foi ocasionado, principalmente, pela greve dos caminhoneiros, que ocorreu em maio deste ano. Em função da greve, o governo federal lançou, no mesmo mês, a tabela de preços mínimos para o frete que trouxe insegurança à comercialização, tanto de grãos, quanto de insumos. “Como não havia confiança quanto ao valor que seria pago pelo frete, muitas empresas optaram por não comprar o grão, o que travou muitos negócios, e diminuiu a participação das multinacionais no mercado de financiamento do produtor”, explicaram os analistas.

O sistema financeiro apresentou incremento em sua participação no funding pela quinta safra seguida, alcançando 18% do total necessário para financiar a safra 2018/19. Este aumento foi pautado, principalmente, pelo aumento da oferta de recursos livres, através de Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), dentre outras fontes. Além disso, nesta safra houve maior disponibilidade de recursos de bancos privados que antes tinham tímida participação no custeio agrícola. A soma desses fatores, fez com que diminuísse a participação percentual dos recursos federais no custeio agrícola do produtor mato-grossense. Juntas, as duas formas de recursos representaram 31% do funding, 3 p.p maior que a safra 2017/18.

As revendas aumentaram em 2p.p sua nesta safra ante a anterior. Este crescimento pode ser explicado devido à facilidade de conseguir crédito com esse setor e o recuo do financiamento via multinacionais, quando o produtor vende parcelas da produção de forma antecipada (ainda a ser cultivada), nas chamadas operações de barter.

Já a participação de recursos próprios apresentou leve acréscimo depois de apresentar recuo nas duas últimas safras. Os produtores pagaram cerca de 20% de seu custeio com recurso próprio, alta de 1p.p quando comparado à safra anterior. Este movimento ocorreu, em consequência da melhor produtividade e preços mais atrativos ao longo deste ano.





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