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Cidades/Geral
Quarta - 31 de Julho de 2019 às 12:44
Por: Dantielle Venturini/Gazeta Digital

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Mato Grosso perdeu, nos 9 últimos anos, 21,5% dos leitos de internação pediátrica, que são destinados a crianças que precisam permanecer no hospital por mais de 24 horas. Em 2010 eram 1.144 leitos e em maio deste ano apenas 897. Índice de redução nas vagas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é maior e chega a 22,6%, pois eram 652 e hoje são 498. Na rede particular também houve redução de 232 para 192, ou 17,2%.

A situação de Cuiabá é pior que do Estado, pois a perda foi de 38,1% dos leitos de internação para crianças e adolescentes. No CentroOeste, Cuiabá foi a que menos teve leitos pediátricos desativados, passando de 220 para 136 ou 84 a menos. Desse total, 63 foram fechados na rede pública e 21 na rede privada. Nos 4 estados da região, 1.333 vagas foram fechadas ao longo dos 9 anos.

O levantamento é da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) que também revela o número de leitos de Unidade Terapia Intensiva (UTI) neonatal. Hoje Mato Grosso possui 209 leitos de UTI neonatal, entre públicos e privados, o que representa 3,6 leitos a cada mil prematuros nascidos vivos. De acordo com a estimativa do Departamento Científico de Neonatologia da SBP, a proporção ideal de leitos de UTI neonatal é de no mínimo 4 leitos para cada grupo de mil nascidos vivos. Se considerados apenas as UTIs neonatal do SUS, Mato Grosso tem apenas 1,36 vagas para cada mil prematuros.

Conseguir uma dessas vagas é o desafio de muitas famílias. Foi assim com os pais da pequena Eloisa Munhak, de 55 dias. Após 4 dias de espera, ela foi a primeira paciente da UTI neonatal do Hospital Estadual Santa Casa. Deu entrada na segunda-feira (29) com quadro grave de pneumonia e anemia.

De acordo com a tia da recém-nascida, Maria de Fátima Pietch, a partir do momento em que o médico atendeu a criança em Brasnorte (579 km noroeste de Cuiabá) determinou a urgência de uma UTI. Foi aí que a família começou uma saga em busca da vaga. “Ela foi para a central de regulação que não conseguia vaga, a gente estava em desespero, quando graças a Deus apareceu essa”.

Diretor do Hospital Santa Helena, referência do SUS em atendimento a crianças prematuras, o médico Marcelo Sandrin destaca que a demanda por leitos pediátricos, principalmente por UTIs neonatal, é muito grande e quase sempre o hospital está com os leitos lotados. Ele explica que não há mais maternidades atendendo no interior do Estado. Assim, Cuiabá assume também as demandas de outros municípios. “A nossa intenção é conseguir abrir mais leitos pediátricos de internação e de UTI neonatal, mas isso leva tempo e demanda um grande investimento”.

A Sociedade Brasileira de Pediatria afirma que é natural aumentar a necessidade de leitos de UTI neonatal em função do número de nascidos vivos de cada cidade. Porém, os indicadores revelam que existe também uma distribuição desproporcional, não havendo equidade no acesso aos leitos disponíveis. Conforme a entidade é necessário regionalizar os leitos de UTI nas cidades, afim de melhorar o atendimento e o acesso.

Outra forma é investir em outros leitos de retaguarda de cuidados intermediários. Ministério da Saúde define que a área de cuidados do prematuro e recém-nascido se divide em três unidades, terapia intensiva, cuidados intermediários convencionais e de cuidados intermediários canguru. Sendo assim, de acordo com a melhora do paciente ele pode progredir para outras alas, mas não é o que acontece.

Presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva ressalta que os agravos que mais têm levado crianças a precisar de internação estão as doenças respiratórias, com prevalência acentuada nos períodos de outono e inverno, como bronquiolites, crises de asma e pneumonias. Os problemas gastrointestinais, casos de alergias e as chamadas arboviroses, também de ocorrência sazonal, completam a lista que contribuem para o crescimento dessa demanda.

Dados nacionais

Em todo o Brasil, foram desativados 15,9 mil leitos de internação pediátrica. Em maio de 2010, o país tinha 48,8 mil leitos no SUS, número que passou para cerca de 35 mil neste ano, queda aproximada de quatro leitos por dia. Na rede privada, a queda foi de 2.130 leitos no período. Atualmente, existem em funcionamento 9.037 leitos de UTIs neonatal no país, o que corresponde a uma razão de 3 leitos por grupo de mil nascidos vivos. Se considerados apenas os leitos oferecidos pelo SUS, esta taxa cai para 1,6 leitos/1.000, considerando-se as 4.764 unidades disponíveis para essa rede.

Outro lado
Secretário de Estado de Saúde Gilberto Figueiredo afirma que a realidade das UTIs neonatais e leitos pediátricos de internação no Estado ainda está longe de ser a ideal. Mas, de acordo com ele, o governo tem trabalhado para a melhoria no atendimento, assim como a diminuição das demandas judiciais que, em grande parte, se refere a vagas de UTIs.

Ele destaca, por exemplo, que com a abertura do Hospital Estadual Santa Casa, mas leitos destinados à pediatria e neonatal foram abertos. No Estado, apenas 4 cidades dispões de leitos neonatal, e a maioria das vagas está na Grande Cuiabá. Além da Capital e Várzea Grande, Sinop e Rondonópolis também possuem leitos.

No primeiro dia de funcionamento do Hospital Estadual em Cuiabá, 5 crianças, entre elas dois recém-nascidos, ocuparam leitos na unidade. Conforme o secretário, a unidade não é a solução, mas vai contribuir para melhorar o atendimento somado aos leitos que serão disponibilizados também pelo novo Pronto-Socorro de Cuiabá. “Essa é uma iniciativa necessária, prioritária, que ameniza a situação do momento, mas não será apenas essa iniciativa que resolverá os problemas de deficit que temos na saúde”.





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