Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Quarta - 04 de Setembro de 2019 às 08:34
Por: Bruna Barbosa/Mídia News

    Imprimir


A mãe do menino relata que ele despencou de 5 metros e que ele é alvo de grupo de alunos
A mãe do menino relata que ele despencou de 5 metros e que ele é alvo de grupo de alunos

mãe de um estudante do curso de Agrimensura do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) decidiu entrar na Justiça após o filho de 16 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), ter sido supostamente jogado de uma altura de cinco metros por outros estudantes da instituição.

Rodinei Crescêncio

IFMT

A mãe do menino relata que ele despencou de 5 metros e que ele é alvo de grupo de alunos

A jornalista Juliana Arini contou ao que, desde que foi aprovado no IFMT, em março de 2018, o jovem é alvo de constantes episódios de bullying cometidos por um grupo de 15 alunos.

Há dez meses, segundo ela, ele chegou a ser empurrado por um dos estudantes de uma das varandas do câmpus Cuiabá. De acordo com Juliana, ele despencou de uma altura de, pelo menos, cinco metros. “O barulho assustou um dos seguranças, ele caiu em cima de umas telhas de ferro. Imagina se ele tivesse caído de cabeça?”, questionou a mãe.

A jornalista não ficou sabendo da queda no momento em que aconteceu. Ela contou que foi informada de que o filho havia pulado do local, além de não ter tido acesso às câmeras do IFMT. O jovem preferiu esconder o episódio da mãe por medo de sofrer represálias dos alunos. Entre outras ameaças, os estudantes chegaram a atentar contra a vida do filho de Juliana.

Na semana passada, enquanto descia uma das escadas, um dos agressores deu uma rasteira no jovem que acabou caindo degraus abaixo. Nesta segunda (2), ela registrou procurou a Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), mas foi informada de que “o máximo que poderia ser feito era uma oitiva” com os envolvidos.

O jovem também precisou passar por um exame de corpo e delito na Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec).

Depressão

Devido às constantes humilhações sofridas no horário escolar, Juliana contou que o filho adquiriu um quadro depressivo e, atualmente, precisa fazer uso de remédios para o TEA, que já haviam sido retirados, além de apresentar problemas na fala.

“A psicóloga dele fez uma denúncia no Conselho Tutelar com o que ele contou durante as sessões, o médico aumentou doses de remédios que ele já nem tomava mais. Regrediu em coisas que já estavam resolvidas”, lamentou.

O jovem foi diagnosticado com TEA quando tinha 13 anos. A jornalista também relatou que o filho gostava de uma estudante do IFMT, que, em certo momento, também se juntou aos agressores.

Eles disseram a ele que, para conquistar uma menina, o jovem deveria matar um urso no Canadá. Como as pessoas com TEA tendem a interpretar frases literalmente, o filho da jornalista fugiu de casa. “Fui encontra-lo no trevo do Lagarto, em Várzea Grande. Minha família ficou muito preocupada, um vendedor de coco que achou ele em frente a uma faculdade”, lembrou.

Transferência de câmpus

Conforme a mãe do jovem, desde que tomou conhecimento das agressões e do bullying contra ele, passou a pedir a transferência do estudante para outro câmpus do IFMT, no bairro Bela Vista, em Cuiabá. Ela contou que a reitoria do instituto informou que não há vagas disponíveis para que a transferência aconteça e que a unidade havia tomado conhecimento dos episódios apenas “há doze horas”. “Meu filho que permaneça sob constante bullying, humilhação e agressão física”, desabafou.

Em uma das visitas ao IFMT, uma das professoras da unidade afirmou à jornalista que “em 20 anos de docência nunca havia visto um autista na instituição”. De acordo com Juliana, a escola não possui orientação ou acompanhamento para alunos com TEA.

Após um ano e meio em busca de justiça para que o filho pudesse ter acesso a um curso superior público, ela afirmou ter desistido. “Pedi a transferência dele para uma escola particular, que vou ter que encontrar forças não se onde para pagar”, disse.

TEA

O TEA engloba diferentes condições marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente. São elas: dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.

Outro lado

Por meio da assessoria, o IFMT informou que a unidade possui cerca de 60 alunos portadores de necessidades especiais e que todas as denúncias de bullying e agressões são apuradas pelo Núcleo de Apoio a Portadores de Necessidades Especiais.

De acordo com a instituição, vários processos foram abertos para investigar as agressões contra o filho da jornalista e quatro estudantes foram punidos com suspensão. Sobre a transferência, a assessoria informou que Juliana solicitou a medida a cerca de um mês, e a mesma não foi possível por conta da diferença entre as grades curriculares dos cursos. No câmpus Bela Vista o jovem se matricularia em um curso técnico de Meio Ambiente.

O IFMT também reforçou que analisou as filmagens das câmeras e não foram encontradas as situações relatadas pela mãe.





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/432939/visualizar/