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Cidades/Geral
Sexta - 13 de Setembro de 2019 às 09:36
Por: Sandra Carvalho

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Aqueles que convivem com pessoas que sofrem de depressão deveriam ter a “obrigação humana” de dispensar um tempo para conversar e buscar ajudá-las de alguma forma a fim de evitar atitudes extremas, como o suicídio. A orientação é da psicóloga Larissa Slhessarenko Ribeiro, que atua em Mato Grosso há 26 anos.

“Pode ser um membro da família, um colega de trabalho, um vizinho ou até alguém com quem você se encontra na rua. E uma vez percebendo que essa pessoa está diferente, não está bem, temos, sim, que se aproximar, buscar perceber melhor a situação e ajudar. Com aqueles que convivemos, nosso papel é mais relevante ainda em aproximar e ajudar”, ressalta a psicóloga.

Larissa Slhessarenko Ribeiro conta que por vezes é possível perceber sinais de que a pessoa está doente e inclusive pensando em tirar a própria vida. “Ela começa a faltar muito ao serviço, ou atrasar, ficar desleixada com a imagem pessoal, mudar comportamentos ou mesmo falar ou escrever nas redes sociais frases que revelem sua infelicidade. As pessoas costumam sinalizar.”

E ainda existem outros sintomas além da tristeza como o isolamento, problemas com sono (dormir muito ou pouco), perda de prazeres que costumava ter, mudanças de humor, quietude ou falar muito, irritação, impaciência, raiva, agressão, problemas com a sexualidade, alterações do apetite (muita ou pouca fome), entre outros.

Segundo a psicóloga muitas vezes no físico as emoções vão se “mostrando” por meio de dores de cabeça, dores no estômago, dores gerais no corpo, alergias, enjoos, além outros sinais que devem ser bem avaliados por um médico.

A depressão, explica Larissa Slhessarenko Ribeiro, é como “a morte dos motivos, dos desejos” e isso tem uma evolução, um começo e vai acentuando com o passar do tempo.

“Pra chegar à morte total de um desejo, houve um início. A pessoa começa a se apresentar desanimada, desleixada, mudando de hábitos, como não usar mais perfume, nem batom por exemplo, começa a não fazer mais o que fazia, chegando a inventar desculpas pra não ir a festas, reuniões sociais e até ao trabalho, o que pode chegar ao ponto de perder o emprego”.

E cabe a quem estiver por perto dizer que pode ajudar. “É importante explicar que dificilmente a pessoa com depressão vai procurar um médico por conta própria. Então, aquele que se dispuser a ajuda-la deve, além de escutá-la, oferecer espaço, acolhida e afeto, deve propor marcar consulta médica e acompanhá-la”.

Larissa Slhessarenko Ribeiro diz que inicialmente pode ser procurado o médico de confiança da pessoa que está vivenciando essa ‘dor da alma’.

“Dentro da medicina quem cuida desta patologia é a psiquiatria, mas muitas vezes se o paciente tem algum médico de confiança dele (alguém que já possui vínculo), pode começar por esse médico com que ele se sente bem”, ressalta.

E cita como exemplo: “se ele confia no ortopedista, ou ela no ginecologista, que sejam esses médicos para procurar inicialmente. É preciso buscar elos de confiança para a pessoa se sentir à vontade e falar. Precisamos respeitar quem está sofrendo, no que concerne ao seu desejo (caso venha a ter) de ir a um determinado médico, pois sendo esse profissional ‘escolhido’ por ele, é bem provável que consiga ter acesso necessário com esse paciente para, da melhor maneira, orientar e fazer os encaminhamentos importantes”.

Aos pais, orienta a psicóloga, cabe mostrar interesse através de conversas com o filho caso perceba que ele está com comportamentos diferentes dos habituais. “Muitos pais têm medo de encarar tais situações, pois podem colocá-los diante das suas próprias fragilidades. Encarar o problema dentro da família nem sempre é fácil e então, acabam por não conversar. Muitas vezes porque vivem rotinas estressantes, que lhes exigem muito tempo e dai acabam por não perceber diferença nas atitudes dos filhos. É preciso ter tempo e encarar as situações. Deixar o medo de lado e conversar com o filho. Existem relatos de jovens que contam no consultório que o que mais desejam é serem ouvidos pelo pai e mãe”.

Larissa Slhessarenko Ribeiro reforça: “Perguntar é um ato de amor! Dedicar tempo é amor! Atenção e respeito é o que o filho precisa! Muitas vezes pode ser que através de um gesto simples e sincero dos pais em ficarem junto com o filho, seja na sala, no quarto ou na varanda, sentado ao seu lado, já é uma maneira de se estabelecer relação mais próxima e afetiva. Importante os pais demonstrarem carinho e respeito. Isso é cuidar. Isso é proteger. Importante o filho perceber isso e que os pais estarão apoiando, e serão para ele como um continente: estendeu a mão, encontrará”!

Tratamento

O tratamento inicia com a percepção ou reconhecimento (aceitação) e respeito por parte das pessoas que estão de alguma forma ligada ao sujeito com depressão. Pessoas estas que farão toda a diferença na procura e manutenção de ajuda profissional.

Importante:

- Procurar o mais rápido possível, o médico (como já citado, um médico de confiança do paciente e/ou da família sendo importante frisar que a especialidade que cuida do emocional na medicina é a psiquiatria), para fazer o diagnóstico e já iniciar tratamento medicamentoso;

- Iniciar tratamento psicológico (psicoterapia);

- Lembrando que existe o CVV - Centro de Valorização da Vida, que atende 24 horas por dia através do número de telefone 188. Realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat.

E existem as terapias complementares, como: atividade física; alimentação adequada com apoio de um nutricionista, massagens, cãoterapia, equoterapia entre outras terapias com animais, religião, trabalhar, desde que não seja fator estressante. Tem também atividades como cantar, tocar, dançar, costurar, desenhar, pintar, ler, escrever, fazer crochê. “Algo que seja do interesse do paciente, lhe dê prazer”, observa Larissa Slhessarenko Ribeiro.

Muitas vezes o tratamento requer medicação, porém, esse paciente pode não ter condições emocionais para fazer o tratamento sozinho, ou seja, é importante ter alguém para dar o remédio para ele, porque o mesmo poderá tomar de forma errada ou até não tomar comprometendo o quadro de saúde.

“Caso a pessoa tenha já expressado a vontade de morrer, são necessários outros cuidados como, nunca deixá-la sozinha. Tudo pode ser um risco. O melhor é afastar objetos cortantes, retirar armas de fogo da casa, porque na crise ela pode procurar algo para tentar tirar a sua vida. Por isso também se fala em não deixar a pessoa em crise de depressão sozinha”.

Por fim, Larissa Slhessarenko Ribeiro frisa que a depressão é um quadro emocional e físico, uma “doença da alma”, que não escolhe sexo, idade, classe social, econômica, cultural e nem religiosa, que vai evoluindo com o tempo e quando a pessoa chega num estado extremo da depressão, a família que já vem sofrendo junto de alguma forma, pode adoecer com algumas enfermidades por vivenciar tamanha dor que seu ente querido sente e muitas vezes esse fato faz com que a família não enfrente a depressão por saber que tem um difícil conteúdo.

“Mas, salientamos que apesar de todo esse quadro é preciso que os familiares encontrem forças, caminhos para encarar o problema e ajudar o seu familiar a se tratar e curar antes que desista de viver. Encarar sobre o assunto e agir são gestos de amor e de coragem. Precisamos, sim, falar sobre sentimentos!”, finaliza a psicóloga.

Setembro Amarelo

10 de setembro é o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. A data foi criada em 2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial de Saúde, com o objetivo de prevenir o ato do suicídio, através da adoção estratégias pelos governos dos países.

No Brasil, desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo, quando a campanha – realizada ao longo do ano – é intensificada.





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