Mostra nacional
Artistas de Mato Grosso compõem programação especial do CCBB São Paulo: “para crianças grandes e pequenas” Apenas quatro companhias foram escolhidas para a primeira edição da MiriM: além de Mato Grosso, elas saem do Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul rumo à capital paulista
Os artistas do Teatro Faces estão em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, no Centro Histórico de São Paulo. Todo fim de semana até o dia 20 de outubro, eles encenam a peça “Pedro Malasartes e o Couro Misterioso”. Em ambiente descontraído, a plateia paulistana desfruta da produção teatral mato-grossense.
Partindo de Primavera do Leste (a 239 km de Cuiabá) eles ocupam a área externa do centro cultural, aos sábados e domingos, sempre às 15h30. A entrada é gratuita.
O grupo passou por uma curadoria rigorosa do jornalista e crítico infantil Dib Carneiro Neto. E celebra o fato de ter sido uma das quatro companhias escolhidas para representar a produção teatral brasileira voltada ao público infantil. Divididos por períodos – eles estrelam temporada marcada por série de apresentações na primeira edição da MirimM – Mostra Nacional de Teatro para Crianças Grandes e Pequenas.
Além da mato-grossense Teatro Faces, as companhias convidadas são da Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O CCBB divulga a mostra como uma oportunidade de a plateia conhecer um panorama da produção das artes cênicas voltada a crianças que estão fora da capital paulista.
“Pedro Malasartes e o Couro Misterioso”, a exemplo, revisita o ambiente dos rincões de Mato Grosso, realçando o valor da honestidade e como a ganância pode ser perigosa.
A produção bebe na fonte da cultura popular, aproximando a estética do grupo à commediadell'arte. “O que promete chamar muito a atenção do público que estiver passando pela rua no momento da peça”, descreve a curadoria.
O impulso para produção da peça, conta o diretor artístico da companhia, Wanderson Lana, veio do pai, José Messias Lana. “Um contador de histórias por vocação”, se orgulha. Segundo ele, foi o pai quem lhe contou sobre Pedro Malasartes pela primeira vez.
“E foi então, que em 2011 surgiu o espetáculo. Foi bastante motivadora a reação do público quando nos apresentamos no Cine Teatro Cuiabá. Agora, nos vemos em um momento muito especial”, diz Lana. A companhia, por sua vez, foi criada em 2005.
O roteiro revela que em um reinado que se ergueu no coração do Cerrado mato-grossense, um coronel, ou melhor, um rei decide dar toda a sua fortuna aquele que descobrir de que é o couro que sempre carrega nas mãos.
Mas cria um castigo bem cruel para aqueles que errarem: eles devem ter a cabeça cortada. Pedro Malasartes, acompanhado de um grupo de desajustados com poderes e talentos um tanto quanto esquisitos, resolve aceitar o desafio para libertar todo o povo do Cerrado, mesmo com povo nenhum acreditando nele.
Lana acha que a seleção do espetáculo para uma mostra de tamanha relevância é um reflexo dos esforços que a cadeia produtiva do teatro tem desempenhado em Mato Grosso.
“Sempre acolhemos produções artísticas de todo Brasil. Quando conseguimos ir além desses limites territoriais de Mato Grosso, o orgulho é ainda maior, pois sabemos do potencial do teatro mato-grossense. Só nos resta agarrar essa oportunidade”.
E para ele, esse espírito motivador dialoga com o conteúdo do seu espetáculo. “Pedro Malasartes também fala sobre união, sobre estar junto para vencer. Um grupo de pessoas desajustadas que desacreditadas, revelam que há mérito em ser diferente".
E sobre o espaço tão disputado e o pioneirismo do grupo na MiriM, Lana declara: “a Mostra de Teatro Mirim do CCBB é uma das grandes conquistas para o Teatro Faces que fará parte de uma importante programação da capital paulista, a primeira em uma das maiores cidades da América Latina”.
E sobre a escolha de Dib Carneiro Neto... “até nos faltam palavras”, se orgulha. O escritor que é crítico de teatro desde os anos 1990, venceu o Prêmio Jabuti em 2018, com o livro lançado pela Edições Sesc São Paulo, “Imaginai! O teatro de Gabriel Villela”. Ele divide a autoria com Rodrigo Louçana Audi.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Ficha Técnica
Direção – Wanderson Lana
Texto – Wanderson Lana
Produção – Edilene Rodruiguez
Sonoplastia – Elenco
Figurino - Elenco
Maquiagem – Ana Paula Dorst
Design Gráfico– Rafaela Salomão
Tempo – 40 minutos
Classificação – Livre
Elenco:
André Sontak - Pedro Malasartes
Wanderson Lana - Ouvidor/Direção
Darci Souza Junior - Escondedor
Néia Lourenço - Rainha
Dionathan Pessoni - Flechador
Edilene Rodriguez - Princesa
Ana Paula Dorst - Provadora
MiriM, do CCBB
Entre 13 de setembro e 15 de dezembro de 2019, acontece em São Paulo a primeira edição da MiriM – Mostra Nacional de Teatro para Crianças Grandes e Pequenas, que acontece na área externa do CCBB São Paulo, região central da cidade.
Com curadoria do jornalista e crítico de teatro infantil Dib Carneiro Neto, a mostra oferece ao público a oportunidade de conhecer um panorama da produção das artes cênicas para crianças fora da capital paulista – as companhias convidadas são da Bahia, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Além das apresentações, a mostra, que tem patrocínio do Banco do Brasil, também é composta por oficinas mediadas pelos grupos e mesa de debates. Toda a programação tem entrada franca e é aberta ao público.
De 13/set a 29/set - Ovelha Negra, da Cia Pequod (Rio de Janeiro/RJ), fala sobre um tema extremamente relevante que é o da necessidade de aceitarmos as diferenças – além de terem escolhido tratar desse assunto delicado com músicas da Rita Lee, como Agora Só Falta Você, Ando Meio Desligado e a própria Ovelha Negra, a Pequod é uma grande referência brasileira no teatro de animação.
De 4/out a 20/out - Pedro Malasartes e O Couro Misterioso, do grupo Teatro Faces (Primavera do Leste/Mato Grosso), faz uso da cultura popular para discutir a importância da honestidade e o perigo da ganância, aproximando a estética do grupo do gênero de teatro da commediadell'arte, o que promete chamar muito a atenção do público que estiver passando pela rua no momento da peça.
De 1º/nov a 20/nov - Era Uma Vez: Contos, Lendas e Cantigas, da Rococó Produções (Porto Alegre/RS), resgata fábulas brasileiras e parte da história do Negrinho do Pastoreio para falar sobre preconceito, racismo e discutir o trabalho infantil. Na peça, o grupo utiliza músicas do próprio folclore gaúcho para conduzir a narrativa.
De 22/nov a 15/dez - A Mulher que Matou os Peixes, do grupo Ateliê Voador (Salvador/Bahia), parte de um conto da escritora Clarice Lispector para discutir a morte e a necessidade de aceitar que todos nós erramos. No espetáculo, o disco Arca de Noé, de Vinícius de Moraes e Toquinho, ganha versões revisitadas com ritmos nordestinos”.
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