Publicidade
Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Sexta - 08 de Novembro de 2019 às 06:51
Por: Isabela Mercuri/Olhar Direto

    Imprimir


A Polícia vai exumar o corpo do avô paterno de Mirella Poliane Chue de Oliveira, envenenada pela madrasta Jaira Gonçalves Arruda, 42, em junho deste ano, em Cuiabá. A suspeita é de que ela também tenha matado o homem, identificado como Edson Emanoel, que cuidava da criança enquanto ainda estava vivo.



Jaira foi indicada pela Polícia Judiciária Civil, que concluiu o inquérito da morte da menina Mirella Poliane Chue de Oliveira, de 11 anos. No curso das diligências, a Deddica solicitou exames que constataram a possibilidade da morte de Edson - ocorrida em março de 2018 - ter sido causada por envenenamento. Mirella morava com o avô e, com a morte dele, ela passou a ficar com a indiciada.

Para confirmar essa suspeita, será necessária a exumação do corpo de Edson, para coleta de material e exames que possam apontar vestígios de veneno. Devido ao tempo, no entanto, isso pode não ser possível.

A Deddica solicitou à justiça a autorização para que uma cópia do inquérito seja encaminhada à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, para investigar a suspeita de envenenamento do avô de Mirella.

Jaira foi indiciada por homicídio duplamente qualificado, praticado por envenenamento e motivo torpe. As investigações da Deddica concluíram que ela teria cometido o crime sozinha, sem auxílio de outra pessoa, que o pai da vítima não teve envolvimento direto e que ele teria sido induzido a erro pela mulher. A madrasta conduzia e tinha controle de todas as situações na família – financeira, educação, saúde e demais cuidados com a criança.

Ela teve a prisão temporária convertida em prisão preventiva pela Justiça e permanece em uma unidade penitenciária feminina. O inquérito será remetido ao Ministério Público Estadual.
Crime


Mirella Poliane morreu em junho deste ano, de causa inicialmente indeterminada. A criança deu entrada em um hospital privado de Cuiabá, já em óbito, e como o hospital não quis declarar a morte, foi acionada a DHPP para liberação do corpo. Foi solicitada a perícia por precaução, diante da falta de evidência de morte violenta. A princípio houve suspeita de meningite e de abuso sexual, mas o exame de necropsia feito pelo Instituto Médico Legal descartou o abuso.

A Politec, então, coletou materiais para exames complementares e, conforme Pesquisa Toxicológica Geral realizada pelo Laboratório Forense, foram detectadas no sangue da vítima duas substâncias, uma delas um veneno que provoca intoxicação crônica ou aguda e a morte.

O caso foi então remetido à Deddica, que durante as investigações desvendou o plano de envenenamento em virtude de a criança ter recebido uma indenização em decorrência da morte de sua mãe por erro médico, durante parto dela em um hospital de Cuiabá.

A equipe da Deddica concluiu que o crime foi premeditado e praticado em doses diárias, pelo período de dois meses. A indiciada causou a morte da menina usando um veneno de venda proibida no Brasil, e ministrando gota a gota, entre abril e junho de 2019.

Motivação

As investigações apontaram que a indenização recebida pela criança foi a motivação do plano de envenenamento. A ação indenizatória foi movida pelos avós maternos da criança, que ingressaram na Justiça e, em 2019, após 10 anos de tramitação do processo, a família ganhou a causa em última instância, com valor de R$ 800 mil, incluindo os descontos de honorários advocatícios.

Parte do dinheiro ficaria depositada em uma conta para a menina movimentar somente na idade adulta. A Justiça autorizou que fosse usada uma pequena parte do dinheiro para despesas da criança, mas a maior quantia ficaria em depósito para uso, após atingir a maioridade.


Até 2018, Mirella era criada pelos avós paternos. Em 2017, a avó morreu e no ano seguinte (2018) o avô também faleceu, passando a garota a ser criada, naquele mesmo ano, pelo pai e madrasta. Foi neste momento que Jaira iniciou seu plano para matar a criança, com o objetivo de ter acesso ao dinheiro.


A mulher, presa no início de setembro, foi ouvida após a morte da menina e contou que convive com o pai da vítima desde que ela tinha dois anos de idade, e que se considerava mãe da criança. Ela declarou que Mirella começou a ficar doente em 17 de abril de 2019, apresentando dor de cabeça, tontura, dor na barriga e vômito.




Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/433806/visualizar/