Repórter News - reporternews.com.br
Agronegócios
Sexta - 06 de Dezembro de 2019 às 07:39
Por: Marianna Peres/Diário de Cuiabá

    Imprimir


A arroba bovina atingiu nesta semana o patamar de R$ 200, conforme monitoramento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Com esse recorde de preços, a pecuária registra valorização de 40% em comparação com outubro na comparação mensal, e, de 20% em relação à semana passada. rn

A majoração é comum neste período do ano em razão da alta demanda pela proteína vermelha e da fase de transição entre o período de seca para a estação chuvosa, quando a oferta de animais ainda fica aquém da necessidade, pressionando o mercado que basicamente está sendo atendido por animais terminados em confinamento (custo maior) e não a pasto. Mas em 2019, além da entressafra da bovinocultura, outros fatores externos contribuem para pressão de preços sobre a carne, entre eles a valorização do dólar frente ao real, que torna as exportações mais rentáveis, e ainda a entrada da China para o rol de clientes dos frigoríficos brasileiros.

Em razão de um contexto diferente do que se via nesse mesmo período em anos anteriores, agentes de mercado destacam que os recordes deverão ser quebrados paulatinamente em toda a cadeia produtiva da carne e que os novos valores deverão se sustentar em níveis elevados para o consumidor final.rnA especialista em pecuária de corte, Mariane Crespolini, explica que, historicamente, a arroba do boi registra o maior preço no mês de novembro, pico na entressafra, e os menores preços em maio, quando a oferta de boi é a maior ao longo do ano.

Este ano, com a elevação das exportações para a China e recuperação da economia nacional, os índices superaram a expectativa ultrapassando a casa dos R$ 230, conforme o Cepea/SP. rnO pecuarista e diretor da LFPEC, empresa de confinamento, Francisco Camacho, acredita que mesmo depois deste período de baixa oferta e demanda aquecida, os preços da pecuária não deverão retornar aos valores-base de 2018. "Com o mercado externo em crescimento linear e constante e a retomada da economia interna, os preços devem ser fixados em um novo patamar, representando uma nova fase para o setor".rnDa porteira para dentro o que se relata é que desde 2014 os valores da arroba não apresentavam uma elevação significativa, mas os custos (impostos, combustíveis, mão de obra, manutenção de maquinas e instalações, etc.) foram reajustados bem acima dos 35%, razão pela qual, produtores estavam trabalhando com margens de lucros apertadas.

Para amenizar a disparidade, a estratégia no campo foi abater fêmeas, movimento que se manteve forte nos últimos dois anos. Como explica o setor produtivo, “sem lucratividade, o pecuarista/criador se vê ‘obrigado’ a enviar suas fêmeas ao abate com o objetivo de cobrir o fluxo de caixa, reduzindo os investimentos e a produção de bezerros”.rnEm janeiro de 2015, a arroba do boi gordo registrava R$ 145, aproximadamente, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-SP).

Em outubro de 2018, a arroba estava cotada em R$ 147, uma variação de apenas R$ 2 em três anos.rnA influência dessa nova fase sobre o setor é destaca pelos analistas do Imea. “Os preços no mercado de reposição também têm registrado movimentos altistas em Mato Grosso, os quais, inclusive, bateram um novo recorde para os preços do bezerro de ano. Para se ter uma ideia, o maior valor nominal histórico tinha sido em junho de 2015, quando a média era de R$ 1.402,48/cabeça, porém, no mês passado, a média desta categoria passou a R$ 1.429,73, valor 6,50% maior.

Mas, mesmo com o maior poder de compra dos recriadores e preços atrativos para os criadores, o mercado de reposição está parado em termos de negócios fechados, pois de um lado não há muitos animais para entrega, e de outro lado, compradores esperam o equilíbrio do mercado”.rnAs cotações da arroba do boi e da vaca gorda apresentaram intensas valorizações nas duas últimas semanas de novembro. Para o macho, a alta foi de 11,91%, e para a fêmea, de 12,04%.

Esse movimento fez com que as médias ficassem em R$ 193,88/@ e R$ 180,79/@, respectivamente. Já os preços futuros na B3 para o contrato de maio de 2020 recuaram na semana anterior, ficando na média de R$ 206,08/@. O corrente, por sua vez, permaneceu em movimento de alta (+6,95% ante a semana passada), ficando na média de R$ 229,77/@.

CONFINAMENTO - Com os preços aquecidos, a procura por alternativa que acelere a produção tem aumentado também. Este ano, o número de animais confinados foi 10% maior do que o registrado em 2018. Conforme dados do Imea, o rebanho terminado no ‘cocho’ somou nesse ano, no Estado, 825 mil animais.rnNa LFPEC, um dos maiores grupos de confinamento do país, a expectativa é que 80 mil animais sejam confinados em suas três unidades em 2019. O maior volume desde 2012, quando a empresa iniciou a atividade de engorda em escala industrial. Nos últimos sete anos, a LFPEC registrou abate de 500 mil animais próprios ou de parceiros que passam pelo confinamento. Para 2020, a LFPEC trabalha com estimativa de engordar 100 mil animais.

ALTA NA CADEIA – Na passagem de outubro para novembro, a alta sobre a cadeia pecuária foi mensurada da seguinte forma pelo Imea: 7,19% no mercado varejista, 20,61% na carcaça casada do boi no atacado e de 13,97% sobre o quilo da arroba pago ao produtor. “Mesmo com o aumento menos intenso no varejo, este elo da cadeia apresenta valores 67,90% superiores em relação ao atacado e 105% maiores do que os preços praticados dentro da porteira. Isso porque o quilo no varejo em novembro ficou em torno de R$ 22,70, no atacado, R$ 13,52, e da arroba, R$ 11,07.

Dessa forma, apesar de o aumento da arroba ser um dos itens altistas para os cortes bovinos, observa-se que as cotações do varejo já vinham em patamares mais altos. Além disso, outros itens também têm interferido nesse movimento, tais como o repasse da alta praticada pela indústria – a qual tem subido os preços devido às exportações mais compensatórias pelo dólar alto e demanda chinesa – bem como a chegada do fim de ano, que permite testes de preços”, destacam os analistas do órgão.rnPara Mariane Crespolini este é o momento de planejamento. "O pecuarista precisa conhecer seus números, saber seus custos de produção e planejar os investimentos para manter a lucratividade mesmo depois deste período de alta".

De acordo com a especialista, tecnologia e inovação são primordiais para uma pecuária rentável e isso é possível com iniciativas como manejo, recuperação de pastagem, confinamento e gestão dos negócios.rn





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/434038/visualizar/