Frango, ovo, milho e inflação em fevereiro de 2020 e na vigência do real

Comparativamente aos outros três itens enfocados (frango vivo, milho e inflação), chama a atenção em fevereiro passado a forte reação experimentada pelo ovo, cujo preço médio registrou variação mensal superior a 40%. Note-se, de toda forma, que parte desse incremento correspondeu somente a uma recuperação das perdas enfrentadas no mês anterior, janeiro, ocasião em que os preços do ovo recuaram cerca de 20%.

Com essa recuperação, o ovo aproximou-se – aparentemente, pela primeira vez – do frango vivo, cujos preços médios permanecem em relativa estabilidade desde meados do ano passado. E isso significa que os dois produtos apresentaram quase a mesma paridade de preços registrada em 1994, quando implantado no País o atual padrão monetário.

O que se quer dizer em suma, é que, frente a um incremento de preço – na vigência do real – de 437,5% do frango vivo, o incremento de preço do ovo foi de 392,5%, ou seja, cerca de 45 pontos percentuais menos. Um resultado bem diferente dos observados, por exemplo, em janeiro passado (diferença superior a 180 pontos percentuais) ou, então, em maio de 2019 (diferença de 261 pontos percentuais).

Pena, somente, que nesse período a inflação (aqui medida pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas) tenha evoluído bem mais: quase 215 pontos percentuais (40%) acima do preço do frango vivo; e perto de 260 pontos percentuais (53%) acima do preço do ovo.

No caso, quem menos padece é o milho. Pois seu preço em fevereiro ficou a apenas 53 pontos percentuais da inflação. Uma diferença que (infelizmente, para os grandes consumidores do grão, como a avicultura) deve cair ainda mais em março corrente.

Aliás, considerados os preços médios do milho no primeiro decêndio do mês, a tendência é superar-se o índice inflacionário acumulado desde meados de 1994. O que também não chega a representar novidade: em 2016, ano em que ocorreu quebra de safra, por três meses, entre março e maio, os preços alcançados pelo milho superaram o índice inflacionário em até 66 pontos percentuais.