Disputa de área
MPE denuncia empresário por ameaçar promotora e juiz em cidade de MT Promotor destaca que empresário disse que usaria até fuzil 556

O MPE (Ministério Público Estadual) denunciou criminalmente no último dia 5 à justiça o empresário Charles Wurzius, de 37 anos, por supostamente ameaçar a promotora afastada Solange Linhares Barbosa e outras cinco pessoas em uma área rural localizada em Planalto da Serra (distante 268 quilômetros de Cuiabá). No mesmo dia, horas depois, ele é suspeito de fazer outras ameaças ao juiz Leonísio Salles de Abreu Júnior, da Comarca de Chapada dos Guimarães (distante 60 quilômetros da capital), onde a promotora também está lotada, apesar de um afastamento temporário.

De acordo com a portaria assinada pelo substituto de Solange, Leandro Volochko, na tarde do dia 17 de julho de 2019, Wurzius foi até a Fazenda Santa Emília, “consciente da ilicitude e reprovabilidade de sua conduta”, e ameaçou gravemente Jonny Wilson Neto Coenga, Divaldo Lima Ramos, Jeon Junior Lisie de Deuz da Cruz e Clemilson Nascimento Carvalho.

Estes seguranças guardavam o local em nome do Banco Sistema, por determinação da Primeira Vara da Comarca de Rondonópolis (distante 220 quilômetros da capital), por força de um processo de execução.

Segundo o promotor, o empresário chegou a afirmar que poderia usar armas de uso restrito contra os seguranças. “Com fim de favorecer interesse próprio e alheio, vez que o denunciado chegou perceptivelmente alterado ao local da Fazenda Santa Emília em uma Ford Ranger acompanhado outro homem que não se identificou, dirigiu-se até as vítimas acima mencionadas falando que se soubesse que desmanchariam o rancho lá localizado, não teria deixado ninguém entrar na área, alegando aos que ali estavam que eram alvos fáceis e que um amigo possuía um Fuzil 556 com luneta que derrubava todos sem ao menos saber de onde o tiro viria”, consta em trecho da denúncia.

Não satisfeito, no mesmo dia e local e depois dessa primeira postura violenta, Charles Wurzius teria ameaçado com força o magistrado Leonísio Salles de Abreu Júnior, que atuou na carta precatória que deu ensejo à execução do bloqueio da terra. “E também a excelentíssima promotora Solange Linhares Barbosa, que atuou em inquéritos policiais envolvendo a Fazenda Santa Emília, bem como, na carta precatória supramencionada, com fim de favorecer interesse próprio e alheio, contra autoridades que funcionam em processo judicial, dirigindo a palavra à Jonny, falando que tinha dinheiro e que começaria de cima, baixando juiz e promotora que canetou ele, referindo-se aqueles que atuaram nas ações de interesse do denunciado”, detalha o atual representante da Primeira Promotoria de Justiça Criminal de Chapada.

Assim, o MPE denunciou o empresário por crime previsto no artigo 344 do Código Penal, por duas vezes, em concurso formal, pediu a citação do acusado para que este apresente resposta escrita conforme o CPP (Código de Processo Penal), em seus artigos 394 e 405. Foram arroladas outras três testemunhas dos fatos.

Ao final, Volochko pede a condenação, ainda, à reparação do dano, conforme disposto no artigo 387, IV do CPP.