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Economia
Quinta - 18 de Junho de 2020 às 16:35
Por: Rita Comini/Da Assessoria

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Segunda edição da pesquisa “Percepção de Lideranças Empresariais de Mato Grosso sobre os Impactos do Coronavírus nos Negócios e na Economia”, feita em maio pelo Núcleo de Inteligência de Mercado, da Gerência de Inteligência Estratégica do Sebrae/MT, aponta que ainda existe um grande número de empresários impactados negativamente pela crise (88%) - na edição anterior, de março, o percentual era de 90%.

No entanto, em que pese os números, o analista André Schelini, da Gerência de Inteligência Estratégica do Sebrae MT, destaca como contraponto entre os dois levantamentos o fato de que muitos empresários não perderam a esperança no que tange a empreender em sua atividade econômica. “Ainda estão à frente de seus negócios, mesmo com redução da atividade, seja por jornada, por horários alternativos ou por redução mesmo da sua força de trabalho, mas estão ali enfrentando a crise”.

Esse é o caso dos empresários do ramo de gastronomia Francisco Chaves da Silva, 62, e Janete Carrilho Arantes Chaves, 52, proprietários do Confrade. Ele conta que o restaurante, que ocupava um espaço de quase mil metros quadrados, já não vinha bem desde 2015. Com a pandemia, decidiram focar apenas no delivery, mesmo depois que fosse permitida a retomada das atividades presencialmente. Trinta dos 41 colaboradores foram demitidos, um imóvel de menos de 200 metros quadrados foi alugado para o funcionamento da cozinha e da nova forma de operação. O cardápio, no entanto, conhecido pela grande diversidade – entre 80 e 100 opções - foi mantido.

Mesmo com as dificuldades enfrentadas, eles preservam boas expectativas com relação ao negócio e fazem planos para 2021. Janete, formada em gastronomia, com curso em panificação em São Paulo, vai assumir a cozinha e pretende preparar pratos para almoço gourmet a preços mais acessíveis. Chaves faz planos de abrir um pequeno bistrô na parte da frente do imóvel que alugam agora.

Nova realidade

As empresas estão se adequando a esse novo momento, assim como o próprio consumidor. Entre as medidas de gestão mais apontadas pelos entrevistados, estão os procedimentos de higiene e limpeza, processos de atendimento remoto, vendas pela internet, home office e renegociação das jornadas de trabalho com as equipes.

No que diz respeito a empregos, entre os 177 empresários que estavam efetivamente atendendo, 51,41% mantiveram os empregos, declarando que permaneceram com o mesmo número de pessoas ocupadas. Contudo, um número elevado de respondentes, 44,64% declararam ter reduzido o número de pessoas ocupadas durante a crise. Outros 3,95% disseram que aumentaram o número de pessoas ocupadas.

Programa emergencial e crédito

Em relação ao programa emergencial de manutenção do emprego e renda (MP 936), a maioria dos empresários ouvidos (48,59%) não aderiu à redução proporcional da jornada de trabalho e salário até 90 dias, e 28,81% disseram que a medida não se aplica à realidade de suas empresas. Apenas 13,56% dos ouvidos implantaram a medida. Quase metade deles (49,72%) não implantou a suspensão temporária de contrato de trabalho até 60 dias, somente 11,30% fez uso dessa alternativa.

Sobre os programas de auxílio, Schelini ressalta que o impacto da crise nos empreendimentos vai depender de quanto essas medidas protetivas e de apoio aos pequenos negócios vão se viabilizar. “Existe uma relação bastante dependente entre elas. Se a implementação inadequada dessas políticas de resposta à crise não for mitigada, a gente vai ver um descontrole dos impactos em relação aos índices de desigualdades e, principalmente, da própria atividade econômica”, comenta, acrescentando que os empresários mencionam também o acesso a crédito como algo que precisa ser colocado para eles de maneira bastante prática e atrativa.

Faturamento

Entre os 177 (85,92%) empresários, que declararam que a empresa estava realmente atendendo, 83,62% disseram que o faturamento médio mensal caiu após a crise do coronavírus. Outros 12,43% não tiveram variação do faturamento médio mensal e 3,95% tiveram aumento do faturamento médio mensal. Nesse grupo está um percentual pequeno, de 2,91% de empresários, que foram impactados positivamente pela crise nesse 2º monitoramento. Um crescimento de 47,16% em relação ao 1º monitoramento, quando apenas 1,98% dos empresários havia relatado essa condição.

Um exemplo é a empresária Sílvia Biasoli, da La Matriciana Massas de Autoria. Em maio, teve um crescimento de 82% ante o mesmo mês do ano anterior. “Tivemos um aumento da carteira de clientes e um crescimento do tíquete médio de consumo”, conta.

Em maio, produziram uma tonelada de massa. Por conta do aumento da demanda, precisou fazer adequações. Antes, contava com um cardápio por encomenda, agora trabalha apenas com a pronta entrega, que tem 16 pratos diferentes.

O número de funcionárias dobrou de três para seis e as colaboradoras passam por um rigoroso ritual de desinfecção antes de entrar na linha de produção. O atendimento é feito pelos sistemas de drive thru e delivery. Entrega ainda para três restaurantes, que mantiveram os pedidos regulares, apesar da crise.

Mesmo com o crescimento da produção e das vendas, Sílvia conta que segue trabalhando na divulgação da marca através do Instagram e faz parcerias com chefs de cozinha. Está participando da iniciativa “Um por todos e todos conta a convid-19”, da TV Centro América e Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt). 20% do valor que recebe com a venda de talharim e espaguete são repassados para campanha solidária.

Confiança no futuro

A pesquisa investiga também o grau de confiança das empresas com a economia e revela a existência de um contingente grande (39,60%), que está confiante de que a economia vai melhorar nos próximos seis meses. Há uma elevação com relação aos outros percentuais, 29% pessimistas e 14% como muito pessimistas. E 12% consideram que a economia vai permanecer como está, enquanto 3,96% declararam estar muito confiantes quanto a essa questão.

Foram ouvidos, por telefone, 206 empresários líderes de diversas atividades econômicas, em municípios das principais regiões de Mato Grosso, entre os dias 08 e 15 de maio/2020.

O 2º monitoramento dessa pesquisa abordou o universo de 354 empresários líderes ouvidos no 1º monitoramento, ocorrido em março. Contudo, nessa segunda edição, 41,80% desses empresários não puderam ser entrevistados, por motivos diversos, dentre eles: não puderam responder, não atenderam as ligações, não foi possível contatá-los.





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