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Domingo - 20 de Setembro de 2020 às 08:21
Por: Cíntia Borges/Mídia News

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O candidato a prefeito de Cuiabá, Roberto França: terceira disputa ao Alencastro
O candidato a prefeito de Cuiabá, Roberto França: terceira disputa ao Alencastro

Aos 71 anos, diversos mandatos na política no currículo, sendo dois à frente da Prefeitura de Cuiabá, o apresentador de TV Roberto França (Patriota) decidiu se lançar mais uma vez na disputa pelo comando do Palácio Alencastro.

França afirmou que decidiu concorrer para retomar projetos sociais realizados durante suas duas gestões (1997 – 2005). Para isso, ele disse que fará uma campanha com o mote de "combate à corrupção", mas que fará de forma "limpa e propositiva".

“Quem não rouba faz muito mais. Combatendo a corrupção, sobra mais dinheiro e com a sobra de recursos há mais condições de atender a comunidade”, afirmou ao MidiaNews.

As duas gestões dele no Alencastro deixou mágoas com relação aos servidores. A principal delas foram duas folhas salariais em atraso. França, entretando, disse que pegou a Capital com uma “herança maldita” de R$ 450 mil em dívidas e seis folhas em atraso.

O pré-candidato ainda falou sobre campanha em meio à pandemia da Covid-19, o apoio do governador Mauro Mendes (DEM), do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), entre outros assuntos.

Como nunca fui covarde, aceitei o desafio. E nós estamos preparados para mais um embate eleitoral

Confira os principais trechos da entrevista:

MidiaNews - Vinte anos depois, o senhor volta a disputar uma eleição para prefeito de Cuiabá. O pique é o mesmo daquele ano de 2000?

Roberto França – Estamos retornando à vida pública atendendo a reinvindicação de uma série de companheiros e parte da sociedade que me cobrava. Como nunca fui covarde, aceitei o desafio. E nós estamos preparados para mais um embate eleitoral com o mesmo pique de sempre, mas com um detalhe a mais que é fundamental: a experiência de vida e de ter cumprido dois mandatos. Acho que posso fazer muito mais do que fiz.

MidiaNews - O que mais o motivou, além desta reivindicação, a querer disputar a Prefeitura de Cuiabá aos 71 anos?

Roberto França – É continuar servindo Cuiabá e principalmente resgatar projetos que criamos na área social e que, lamentavelmente, quase todos foram desativados. Como a Padaria Comunitária, Leite para Todos, Casa de Retaguarda, Casa de Amparo, para as mulheres vítimas de violência doméstica, o Bom de Bola, Bom de Escola, o Siminina...

A Casa de Amparo, por exemplo. Há 20 anos, quando ainda nem se falava em Lei Maria da Penha, nós a construímos para abrigar as mulheres e crianças vítimas de violência doméstica.

Esses projetos atingiam a camada mais pobre e humilde da cidade e, lamentavelmente, foram desativados. Isso nos motivou a botá-los em prática novamente.

MidiaNews – E qual a diferença da Cuiabá de hoje para a que o senhor deixou? E o que pretende priorizar caso vença as eleições?

Roberto França – A prioridade número 1 do nosso governo vai ser combater a corrupção. Em segundo lugar, transparência total quanto à aplicação dos recursos públicos. Porque eles não podem ser desviados e o cidadão tem direito de saber como e onde o seu dinheiro está sendo aplicado. São dois pontos que não irei abrir mão

MidiaNews

Roberto França 04-07-2019

"A prioridade número 1 do nosso governo vai ser combater a corrupção. Em segundo lugar, transparência total"

MidiaNews - Acredita que falta transparência na questão fiscal na gestão Emanuel Pinheiro?

Roberto França – Não vou entrar em detalhes sobre a atual administração do prefeito Emanuel Pinheiro. Eu coloco que essa é a minha proposta. Se o projeto tem transparência ou não, eu não sei. Eu sei que eu vou implantar isso, se for eleito.

E com outro detalhe importante: quem não rouba faz muito mais. Combatendo a corrupção, sobra mais dinheiro e com a sobra de recursos há mais condições de atender mais a comunidade.

MidiaNews – Caso eleito, administrará a Capital no pós-pandemia, período em que ainda haverá muitos desempregados. Há alguma proposta relacionada a isso?

Roberto França – Nós temos o projeto que criei lá atrás, o Proger (Programa de Geração de Emprego), justamente para criar mecanismos para que possamos minimizar os transtornos dos que ficaram desempregados durante a pandemia.

Iremos também fazer concurso público, coisa que há muito tempo a Prefeitura não faz. Só está contratando gente pela janela. Para, gradativamente, ir substituindo os contratados pelos concursados, gerando mais oportunidades e emprego à população.

Nós temos um plano com aproximadamente 40 propostas, mas iremos escutar a população também. Não iremos entrar com plano de Governo fechado. Nós vamos, democraticamente, ouvir vários segmentos para saber quais são suas reivindicações. E se pudermos cumprir, irei acatá-las. Para que possamos fazer um plano de governo que parta da sociedade, não é enfiando ‘goela a baixo’.

Queremos patentear o que eu disse desde a minha primeira campanha: prometer e não cumprir é pior do que mentir. É trair a confiança de quem acreditou.

MidiaNews - O seu vice, vereador Marcelo Bussiki, tem uma atuação forte na questão fiscal do Município, inclusive fez muitas denúncias contra Emanuel Pinheiro. O senhor sabe qual a real situação fiscal de Cuiabá?

Quem não rouba faz muito mais. Combatendo a corrupção, sobra mais dinheiro e com a sobra de recursos

Roberto França – Nós estamos levantando para que possamos, no caso de uma vitória, já assumir a Prefeitura sabendo como iremos pegá-la. Eu só espero que não seja igual da vez anterior, que peguei a Prefeitura quebrada e falida, com dívidas de R$ 450 milhões, que correspondia a uma receita anual naquela ocasião.

MidiaNews – O senhor disse na convenção que é a favor da conclusão do VLT. Porém, o governador Mauro Mendes, que o apoia, tem dado reiteradas declarações dando a entender que não vai concluir a obra. Como acha que conseguirá convencê-lo a finalizar esse projeto?

Roberto França - O Governo Federal está sinalizando que pode ajudar. Se ele pode ajudar, automaticamente não vai sair dinheiro dos cofres do Estado. E assim sendo, nós teríamos que concluir o VLT. Eu sempre fui em defesa do modal.

Acho que não se pode jogar R$ 1 bilhão que já foi gasto na lata do lixo; seria inconsequente. Gastar o dinheiro público de uma maneira tão irresponsável, como já aconteceu. Infelizmente, o processo foi para a Justiça, houve muita corrupção, desvio de dinheiro público e acabou prejudicando a obra.

O governador Mauro pode ter outra posição, mas eu sempre defendi a finalização do VLT. Embora não seja uma obra municipal e sim do Governo do Estado, eu defendo a conclusão.

MidiaNews – A propósito, espera que o governador tenha participação intensa em sua campanha?

Roberto França – O governador, por certo, irá cumprir com a agenda dele como gestor do Estado. Acredito que em suas horas de folga participará da campanha. Mas a princípio não ficou nada definido e nem irei cobrá-lo, porque sei dos compromissos que ele tem como governador.

Acho que não se pode jogar R$ 1 bilhão que já foi gasto na lata do lixo; seria inconsequente

MidiaNews – Mas a imagem do governador traz força para sua campanha?

Roberto França – Sem dúvida. O governador Mauro é uma grande liderança política. Tem alguns que podem não concordar, mas entendo que ele foi um grande prefeito para Cuiabá. E, por sinal, serão dois grandes ex-prefeitos, com boa avaliação, que fizeram uma boa administração, que estarão juntos e unidos para Cuiabá. Eu e Mauro Mendes.

MidiaNews - O discurso do seu grupo político até agora tem sido de que o senhor não tem mácula na biografia, não ficou rico e que, mesmo tendo ocupado tantos cargos públicos, até hoje trabalha para se sustentar. Vai ser esse o mote da campanha: o homem íntegro contra o prefeito do paletó?

Roberto França – Eu não vou colocar nada contra o prefeito Emanuel Pinheiro nessa questão tão divulgada. Eu coloco a nossa credibilidade. Eu tenho 50 anos de vida pública, já fui duas vezes vereador, presidente da Câmara, cinco vezes deputado estadual, fui secretário-geral da Assembleia, deputado federal, dois mandatos de prefeito, executei mais de mil obras em Cuiabá e não meti a mão no dinheiro público. Não tenho processo contra mim por desvio de dinheiro.

Existem, sim, dois processos administrativos e que comprovam que durante todo o trajeto da vida pública, sempre respeitamos o erário e o voto de confiança do povo. Eu durmo com a consciência tranquila, embora continue trabalhando até hoje.

Eu passei pelos melhores cargos do Estado de Mato Grosso e poderia estar hoje milionário. No entanto, trabalho diariamente no [programa de TV] Resumo do Dia para ganhar o sustento da minha família. E o meu patrimônio é praticamente o mesmo de quando comecei a minha vida pública.

Alair Ribeiro/MidiaNews

Roberto França 04-07-2019

"Eu não vou colocar nada contra o prefeito Emanuel Pinheiro nessa questão tão divulgada"

A credibilidade e a seriedade no trato da coisa pública, onde sempre atuamos, é um ponto positivo que o povo cobra e temos essa credencial.

MidiaNews - Na convenção que oficializou a sua candidatura, o senhor disse a seguinte frase: “Se quiserem vir na porrada, estou pronto e sei brigar”. A quem direcionou esse discurso?

Roberto França – Eu pretendo fazer uma campanha de propostas. Limpa e sem ataques, quem quer que seja o candidato. Até porque, acredito que só o fato do cidadão se postular como candidato já merece respeito, porque não é para qualquer um disputar uma eleição.

O povo está cansado dessa baixaria da época de eleição e quer ouvir propostas. Nós estamos elaborando o nosso plano de governo com propostas novas e iremos partir desse princípio. Agora, se no transcurso da campanha formos agredidos, é lógico e evidente que não iremos ficar sem dar resposta. Dançarei conforme a música. Se vierem com ataque, não irei me calar e não será agora que irei me acovardar. Mas espero que isso não aconteça.

MidiaNews - O senhor disse também que tem uma mala com um muitos documentos para mostrar para Cuiabá, dando a entender que são sobre seus adversários, mais especificamente Emanuel Pinheiro. Que documentos seriam estes?

Roberto França – São denúncias que já foram feitas em processos. Por exemplo, o meu vice Marcelo Bussiki, esse extraordinário vereador, estudioso, todas as ações que entrou na Justiça ele ganhou. O que comprova que ele faz a coisa com seriedade, realmente amparado pela legalidade. Ele entrou com três ou quatro ações e venceu todas elas.

Então, esses documentos são para mostrar que o trabalho do nosso vice é sério. E que se for preciso, evidente, nós vamos mostrar, embora a sociedade já tenha conhecimento de todos esses fatos.

MidiaNews - Até agora tem se falado muito em um embate Emanuel x Roberto. Não teme que uma terceira força, como Abílio ou Gisela, apareça e deixe um de vocês dois fora do segundo turno?

Roberto França – Não vejo embate entre mim e Emanuel. Quem mais bate no Emanuel é Abílio, não sou eu. Eu disse e repito: farei uma campanha de propostas.

Não vejo embate entre mim e Emanuel. Quem mais bate no Emanuel é Abílio, não sou eu

Mas na política há espaço para tudo. São bons candidatos, tanto Gisela, quanto Abílio, Julier e demais candidatos. Por isso, acho que a eleição é de segundo turno. Há quase 80 mil eleitores que não conseguiram fazer o cadastro, outros 30% de abstenção, votos nulos e brancos. Então, o próximo prefeito de Cuiabá não terá mais que 100 mil votos. E os outros 100 mil serão divididos entre os demais candidatos.

As pesquisas apontam eu e Emanuel na frente, mas a pesquisa apenas retrata o momento: é agora. Não sabemos como será amanhã. Ainda é muito cedo para falar qualquer coisa. No transcurso da campanha é que saberemos quem vai agredir mais o prefeito, ou vice-versa, ou até uma terceira via. Falar hoje é prematuro.

MidiaNews – Vai participar de uma campanha em plena pandemia, já tendo 71 anos. Pretende usar mais a comunicação virtual ou pretende fazer uma campanha nas ruas?

Roberto França – Nessa campanha, o maior prejudicado sou eu, porque durante o período em que estive afastado não entrei nas redes sociais. Eu me limitei a apresentar o programa Resumo do Dia. E o meu forte nas campanhas sempre foi o corpo a corpo, os arrastões, as grandes reuniões, comícios, e, lamentavelmente, isso tudo está proibido devido à pandemia. Então, o mais prejudicado sou eu. Os que já estavam na rede social levam vantagem nesse sentido, embora nós já tenhamos começado fazer esse trabalho na rede social e temos uma equipe contratada. Mas o meu forte sempre foi o corpo a corpo.

MidiaNews - O senhor é candidato pelo Patriota, o mesmo partido da candidata ao Senado Coronel Fernanda, que tem o apoio declarado do presidente Jair Bolsonaro. Espera que o presidente também participe de sua campanha?

Roberto França – Há um compromisso, inclusive, dele participar, caso formos ao segundo turno, fazendo gravações e pedindo voto. No primeiro turno ele decidiu não fazer para nenhum prefeito.

Um dos motivos que eu vim para o Patriota é porque é um partido aliado do presidente Bolsonaro, que tem dado exemplo ao Brasil no combate à corrupção

No segundo turno, da base de apoio, ele tem compromisso de apoiar. E um dos motivos que eu vim para o Patriota é porque é um partido aliado do presidente Bolsonaro, que tem dado exemplo ao Brasil no combate à corrupção. Bolsonaro acabou com a corrupção desenfreada que acontecia anteriormente.

MidiaNews - O senhor tem certa resistência do funcionalismo porque, na sua gestão, houve atrasos salariais. Como fará para atrair o voto desta parcela do eleitorado, que em Cuiabá é numerosa?

Roberto França – Eu peguei a Prefeitura quebrada e falida. Foram R$ 450 milhões em dívida e seis folhas e meia atrasadas. Uma herança maldita. Gradativamente nós fomos negociando as dívidas. Na minha gestão, paguei todo mês uma folha e íamos amortizando as seis folhas e meias atrasadas.

Quando dava, eu acrescentava um pouco mais aos salários e ia amortizando essa dívida. Eu deixei a Prefeitura com duas folhas, mas deixei também R$ 40 milhões referentes à arrecadação do IPTU, para que o próximo prefeito pudesse pagar as duas folhas que sobraram.

Eu acho que ficou essa marca, muito mais divulgada pelos adversários políticos que tinham interesse naquela época de tirar dividendos políticos em cima disso. Na minha administração eu paguei uma folha todo mês.

MidiaNews – Em meio a esse desgaste, o senhor fez mais de mil obras. Não poderia ter usado para quitar a folha?

Roberto França – Os recursos eram do Governo Federal e vinham carimbados para fazer aquelas obras. Recurso para asfalto, posto de saúde, miniestádio, Casa de Amparo, Casa de Retaguarda. Eu não poderia usar esse dinheiro do convênio para pagar folha. Se pudesse, faria. Agora, eu coloco meu nome acreditando que o povo possa julgar o trabalho que eu fiz, com seriedade. Eu espero receber o voto de confiança.





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