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Comportamento
Domingo - 24 de Janeiro de 2021 às 14:15
Por: José Lucas Salvani/Olhar Direto

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Buscando atender mercado, a cuiabana Juliana Souza, de 18 anos, criou um brechó online, com um foco em oferecer numerações maiores porque ela mesma não se via representada nas lojas. O brechó “Encontrei lá” já tem dois anos e também foi criado para conseguir sustentar seu filho: “o Miguel é genial. Ele é o dono do brechó. Tudo que eu penso é por conta dele”.



“Eu sempre fui uma pessoa gorda e não falo de forma pejorativa. Gorda não é julgamento. Minha mãe desde que eu era pequena me levava em bazares e eu via falta dessas coisas em brechós. (...) Quando eu entrei neste mundo para vender, eu percebi que faltava muito. Eu sentia essa falta quando eu ia comprar em brechós, porque quando ia em bazares estava tudo certo. Era para mim”, detalha.





O “Encontrei Lá” tem praticamente a mesma idade do filho de Juliana, Miguel, de dois anos. O negócio, inclusive, surgiu justamente por conta dele. “Meu filho foi a maior motivação”, explica ao Olhar Conceito.



Na época, seu leite secou, o que gerou novos gastos e deu mais uma motivação para que ela pensasse em uma alternativa. Ela não queria depender dos seus pais, que sempre a apoiaram, neste sentido, e tentou um primeiro negócio com suportes de plantas, ainda grávida, mas não deu muito retorno, então ela precisou partir para outra.





A ideia de ter um negócio relacionado à moda surgiu após participar de uma bazar na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Ela pegou roupas suas e de seus pais e tentou vender. Entretanto, não obteve muito sucesso em vendas, muito pelo contrário. Ela conseguiu vender apenas três peças de roupas, mas percebeu que a venda aconteceu ao se aproximar dos clientes contando um pouco de sua história, trazendo sua “verdade”.



“Quando eu consegui vender as três peças, foi a hora que eu comecei a chamar o pessoal, mostrar as peças e conversar mais, contando um pouco mais da minha história. Meu filho também estava lá, pequenininho. Foi a hora que vendi mais, mas já estava no final do evento. Porém voltei para casa com isso na cabeça”, explica.





No começo, ela pegava muitas roupas de amigas ou próprias para revender a preços mais acessíveis, mas hoje conta com fornecedores próprios, facilitando a aquisição das roupas. Além do valor, Juliana prioriza numerações maiores, partindo justamente de uma frustração pessoal não se sentir representada nos brechós que frequentava na capital.



“Vi que seria um diferencial que eu poderia ter porque enquanto pessoa gorda eu não me via representada em outros brechós. Nem aqui e nem em outros estados. Muito difícil. Agora que estão surgindo mais pessoas que se preocupam com isso. Eu via que não tinha como. Se eu não achava enquanto vendedora, imagina as outras pessoas que só querem comprar”, conta.





Juliana passou a ouvir outras pessoas gordas para tentar entender um pouco sobre o que estava faltando no mercado. O retorno tem sido bem positivo e ela relata que na última semana uma mãe agradeceu, chorando, sobre a venda feita para sua filha. “Eu sou mãe. Eu consegui sentir a dor dela, vendo a filha dela sofrer, sem conseguir comprar uma roupa. A mãe dela estava indo comprar uma roupa para a filha, porque era seu aniversário, e ninguém achava de seu tamanho”, conta.



O brechó “Encontrei Lá” é totalmente online e deve promover em breve um evento de empreendedorismo feminino em abril. Conheça a “Encontrei Lá” no Instagram.





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