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Segunda - 22 de Fevereiro de 2021 às 16:22
Por: Diego Frederici/Folha Max

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O ex-secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), Rogers Jarbas, teria cedido cargos na pasta a pedido da juíza aposentada, e senadora cassada em Mato Grosso, Selma Arruda. Dados de um relatório elaborado no âmbito da operação “Esdras” – que apura a tentativa de gravações de áudio e vídeo do desembargador Orlando Perri por dispositivos ocultos -, apontam que Selma Arruda e Rogers Jarbas mantinham diálogos sobre cargos na Sesp-MT.

As mensagens foram obtidas a partir do telefone celular do próprio ex-secretário, que foi apreendido na operação no ano de 2017. “Preciso exonerar uma moça e nomear outra”, diz Selma Arruda a Rogers Jarbas.

O ex-secretário responde à solicitação, porém, a perícia não conseguiu recuperar o áudio. Na sequência, a juíza aposentada “agradece”, e comenta que a servidora a ser exonerada é “Ismaela de Deus Souza Teixeira da Silva”, e que a contratada seria “Mônica Furtado de Oliveira”.

De acordo com o Portal Transparência do Governo do Estado, Ismaela não tinha um cargo definido na pasta, e atuava no Núcleo de Gestão Estratégica para Resultados (NGER), na Sesp-MT, no ano de 2017. Ela tinha um salário de cerca de R$ 4 mil. Seu último registro como servidora do Poder Executivo Estadual é de abril de 2018.

Já Mônica Furtado de Oliveira, ao que parece, foi admitida antes da exoneração de Ismaela, uma vez que o Portal Transparência do Poder Executivo revelou que em outubro de 2017 ela atuava na Unidade de Assessoria da Sesp-MT, novamente sem cargo específico, com salário de R$ 3 mil.

O diálogo entre Selma Arruda e Rogers Jarbas segue, quando o ex-secretário pergunta “para quem Elenir deve ligar? Vamos resolver isso na segunda”. De acordo com o relatório, Elenir ocupava o cargo de chefe de gabinete da Sesp-MT. A juíza aposentada responde, então, que a servidora deveria falar diretamente com ela.

“A disposição dra”, respondeu Rogers Jarbas. Na sequência, Elenir entra em contato com o ex-secretário dizendo “dra Selma mandou mensagem via zap informando exoneração e nomeação. Ela já falou com vc?”. Jarbas responde dando “sinal verde” ao pedido de Selma Arruda.

“Já falei com a dra Selma pode providenciar a mudança”.

ELOGIO A SENADORA CASSADA

O diálogo entre o ex-secretário Rogers Jarbas e a juíza aposentada Selma Arruda continua, e ela pergunta a Jarbas se ele poderia atestar o “ponto” dos cargos indicados por ela – o que sugere que as servidoras poderiam nem mesmo estar trabalhando.

Jarbas disse que não via problemas, respondendo que “basta entregar em mãos no meu gabinete”.

No fim do diálogo, Selma Arruda diz a Jarbas que “tem o seu apoio” e que “isso passou dos limites”. O comentário é uma referência às investigações da Grampolândia Pantaneira.

Após lamentar que “foi ao chão” e dizer que a “verdade prevalecerá”, Rogers Jarbas fez um elogio à Selma Arruda – que após deixar a magistratura se lançou candidata ao Senado em 2018, e conseguiu vencer a disputa. Ela, porém, foi cassada com menos de um ano de mandato por abuso de Poder Econômico e Caixa 2 nas eleições.

“Acredito na justiça Dra. A Senhora me faz acreditar na justiça”.

O relatório destaca o tom de “cordialidade” entre Rogers Jarbas e Selma Arruda, em conversas realizadas por Whatsapp, após as 22hs.

“Diante dessa conversa entre a interlocutora e o investigado, aparenta cordialidade, atendendo suas solicitações com celeridade, levando em conta o pequeno espaço de tempo entre o pedido e a publicação, estranho que essas solicitações por parte interlocutora, são feitas via conversa pelo aplicativo whatsapp, em horário indicado nas imagens depois das 22HS”, diz trecho do relatório.

ESDRAS

A operação “Esdras” foi deflagrada em 27 de setembro de 2017 e prendeu a personal trainer Helen Christy Lesco, o ex-secretário de Justiça e Direitos Humanos, além de coronel da PM, Airton Siqueira Junior, o também coronel da PM e ex-Chefe da Casa Militar, Evandro Lesco, o sargento João Ricardo Soler, o ex-secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), Rogers Jarbas, além do ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, primo do ex-governador Pedro Taques.

Na época, todos foram acusados de obstrução à Justiça no inquérito que tramitava no Poder Judiciário Estadual que investigava o esquema de interceptações telefônicas ilegais conhecido como “Grampolândia”. O grupo tentou realizar a gravação de áudio e vídeo do desembargador Orlando Perri, com o objetivo de afastá-lo da ação, utilizando uma farda policial adaptada a dispositivos que pudessem "registrar" o magistrado. Todos os suspeitos encontram-se fora da prisão.





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