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Segunda - 19 de Abril de 2021 às 09:43
Por: Congresso em Foco

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Estudo feito pela unidade de inteligência do Congresso em Foco mostra que os estados que mais votaram em Jair Bolsonaro no primeiro turno das eleições presidenciais de 2018 são hoje os que apresentam as maiores taxas de mortalidade por covid-19. Bolsonaro foi o mais votado naquele pleito nos 12 estados que lideram as estatísticas oficiais de óbitos do Ministério da Saúde, considerando o total de mortes por 100 mil registradas até o último dia 6 de abril.

A lista é encabeçada por Amazonas, Rondônia e Mato Grosso. A situação se repete em relação às unidades federativas com os menores coeficientes.

O atual presidente perdeu a eleição em sete dos oito estados com os menores índices de mortes. Nesse caso, a liderança é dos estados do Maranhão, da Bahia e de Alagoas.

O trabalho foi realizado pelos cientistas políticos e economistas Ricardo de João Braga e André Rehbein Sahtler. Como demonstra a tabela, as 12 unidades federativas mais afetadas pela pandemia têm uma única característica geográfica comum. Nenhuma delas é do Nordeste, onde Fernando Haddad (PT) venceu no primeiro turno em oito dos nove estados e Ciro Gomes (PDT) foi o mais votado no Ceará.

Entre os 12, há dois estados do Sul (Rio Grande do Sul e Santa Catarina), todos os quatro do Centro-Oeste (Mato Grosso, Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso do Sul), três do Sudeste (Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo) e três do Norte (Amazonas, Rondônia e Roraima).

Portanto, a relação inclui desde regiões reconhecidamente mais bem servidas em termos de estrutura de saúde – como é o caso do Sudeste e do Sul – até áreas em que essas condições estruturais básicas estão ausentes (em especial, no Norte do país). Ela também não se distingue em termos econômicos ou populacionais. Abrange estados com grandes e pequenas populações, ricos ou não e de diferentes patamares sócio-educacionais.

Fora o voto para presidente em 2018, somente um fator distingue os estados mais afetados até aqui pela pandemia: em apenas um deles, o Espírito Santo, o governador eleito (Renato Casagrande, do PSB) foi adversário de Bolsonaro naquele pleito. E, mesmo hoje, somente três dos 12 governadores são da oposição: além de Casagrande, apenas os tucanos João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS).

Ricardo Braga, um dos autores do estudo, aponta: “Onde Bolsonaro foi mais votado, foram eleitos em geral governadores que pensam e agem de forma mais parecida com ele, inclusive em relação à pandemia, e isso obviamente tem impacto nas políticas que esses estados seguiram”.

Mas ele acredita que o impacto maior se deu no comportamento de eleitores de Bolsonaro. Por acreditarem no presidente, eles se tornaram mais vulneráveis às atitudes que Jair Bolsonaro adotou ou estimulou, como a minimização dos riscos trazidos pelo vírus Sars-CoV-2, causador da covid-19; o não uso de máscaras; a oposição às vacinas; o incentivo a aglomerações; a permanente campanha contra o distanciamento social e outras normas sanitárias preconizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS)a defesa de um suposto “tratamento precoce” que, além de ineficaz, pode matar. “Os bolsonaristas talvez não tenham ainda percebido, mas estão entre as maiores vítimas do bolsonarismo”, completa Ricardo.

“Infectados” por informação de baixa qualidade, que circula nas poderosas redes de comunicação a serviço do presidente da República, tais eleitores são, ao mesmo tempo, agentes e vítimas do chamado “negacionismo”, isto é, o ato de se negar a reconhecer uma realidade plenamente demonstrada pelos fatos, pela história ou pela ciência.

No estudo, Ricardo Braga e André Sathler fazem ainda uma estimativa do total de mortes provocadas pelo negacionismo bolsonarista: pelo menos 46,3 mil óbitos, conforme os cálculos mais conservadores.





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