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Repórter News - reporternews.com.br
Judiciário e Ministério Público
Terça - 11 de Maio de 2021 às 06:16
Por: Diego Frederici/Folha Max

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O ex-secretário de Gestão e também ex-chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Júlio Modesto, teria recebido R$ 900 mil em “dinheiro vivo” como parte de uma doação à campanha do então candidato Pedro Taques ao Governo do Estado, no ano de 2014. Os recursos não foram declarados à Justiça Eleitoral.

A informação consta do depoimento do empresário Alan Malouf à Polícia Federal nos autos de um inquérito que apura a suposta prática de “Caixa 2” - dinheiro utilizado por candidatos e que não é declarado à Justiça Eleitoral -, na campanha de Taques ao Governo do Estado, em 2014. As declarações foram prestadas em fevereiro de 2020, na superintendência da PF em Cuiabá, e também sugerem um esquema de lavagem de dinheiro.

Segundo informações do depoimento, Alan Malouf teria sido procurado pelo então pré-candidato ao Governo de Mato Grosso, Pedro Taques, para fazer parte de sua equipe na campanha de 2014. Ele seria um dos responsáveis por obter os recursos que seriam investidos na candidatura.

Malouf segue em seu depoimento e revela que reuniu um grupo de pessoas dispostas a contribuir com a campanha ao Governo. Uma dessas pessoas era Júlio Modesto, um administrador vindo da iniciativa privada, que também buscava “ganhar terreno” na política.

Ele foi apresentado a Pedro Taques pelo empresário e acabou ficando responsável pelas contas de campanha. Posteriormente, em meados de 2014, Malouf narrou à PF que procurou outro empresário que desejava ”contribuir” com Pedro Taques em seu projeto ao Governo do Estado – Dalmi Defanti, proprietário da Gráfica Print.

O acordo inicial entre eles é que a organização forneceria R$ 2 milhões em serviços gráficos à campanha como forma de “doação” por parte de Defanti à Taques. Os referidos serviços da Gráfica Print contariam com a “gerência” de Júlio Modesto, responsável por “operacionalizar o recebimento da referida doação através de materiais gráficos”.

Malouf lembra que o ex-secretário de Gestão informou a Dalmi Defanti, já após a vitória de Taques, que parte do fornecimento da publicidade de campanha deveria ser declarada uma vez que todo processo eleitoral no Brasil demanda este tipo de serviço. A “dinâmica” do negócio revelada pelo empresário é contrária ao acordo estabelecido inicialmente entre o coordenador de campanha, o então candidato Pedro Taques, e o próprio Dalmi Defanti.

Ele também prestou um depoimento à PF relatando o episódio em 2020, e lembrou que concordou em investir os R$ 2 milhões em serviços gráficos apenas se o ato fosse declarado oficialmente como uma doação de campanha. Ou seja, sem a necessidade de que fosse “pago” pelo serviço, como informou Júlio Modesto.

Alan Malouf conta ainda nos autos que o pagamento parcial da “doação” da Gráfica Print seria sacado da conta bancária por Dalmi Defanti e devolvido a Júlio Modesto em dinheiro vivo. Ele conta que cerca de R$ 900 mil “retornaram” ao caixa da campanha de Pedro Taques em 2014 desta maneira.

Ele acabou saindo vitorioso do pleito, ainda no primeiro turno. “Após o pagamento dos referidos serviços para a Gráfica Print, após descontar os impostos devidos, Dalmi Defanti sacava os valores e devolvia para os responsáveis pelo caixa da campanha; que por intermédio da conta da campanha, aproximadamente R$ 900.000,00 teriam sido pagos para a Gráfica Print e posteriormente devolvidos em espécie para a própria campanha eleitoral, após descontar os impostos devidos; que quem recebeu tais valores foi o próprio Júlio Modesto, utilizando-os para a quitação de outras despesas não declaradas oficialmente (caixa 2)”, explica.

O empresário não informou se outros pagamentos foram realizados à Gráfica Print. O depoimento segue a mesma linha das declarações de Dalmi Defanti, que narrou praticamente os mesmos fatos, nas mesmas circunstâncias, à Polícia Federal, com divergência de valores, sendo que ele apontou R$ 440 mil.





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